quinta-feira, 14 de maio de 2020

#passaapalavra: Orlando Gomes Costa, 41 anos, licenciado em Gestão pela Universidade do Minho e com formação executiva na Universidade Católica Portuguesa em Motivação e Liderança.

JORNALdeFAFE: Habilitações literárias e profissionais... 

Orlando Gomes Costa: Orlando Gomes Costa, 41 anos, licenciado em Gestão pela Universidade do Minho e com formação executiva na Universidade Católica Portuguesa em Motivação e Liderança. Para além desta vertente académica, enveredei também em ganhar competências na área de PNL – Programação Neurolinguística (Life Training Academy), na área Desportiva como Treinador de Futebol certificado e Formador Certificado. Curiosidade em saber porquê? Porque acredito piamente que a gestão emocional e a liderança intelectual são os grandes pilares para os paradigmas de liderança actuais.  E quer a PNL, quer a gestão de balneários de desportos colectivos, dão grandes ensinamentos sobre como compreender o individuo em primeiro lugar e a gestão de egos e prioridades no colectivo em segundo lugar. A juntar a isso a optimização do processo de comunicação como um dos elementos cruciais para gerir expectativas, passar mensagens e compreender o outro.

Profissionalmente, tenho acumulado mais de 18 anos de experiência bancária, tendo trabalhado numa das maiores Instituições Bancárias em Portugal e Espanha (BPI / La Caixa), como responsável de áreas transversais, desde Marketing até a Sistemas de Informação e recentemente criado uma empresa tecnológica que presta serviços financeiros (nBanks), que visa promover transparência, liberdade de escolha na área bancária e eficiência operacional na gestão financeira para empresas.

JORNALdeFAFE: Fafe tem tudo o que é preciso ou há áreas que merecem mais atenção para a qualidade de vida dos seus habitantes?
Orlando Gomes Costa:  A nível de qualidade de vida e desde que satisfeitas as necessidades essenciais, Fafe tem tudo o que hoje é procurado por um cidadão comum. Tem paz social, boa rede rodoviária de fácil acesso (à cidade diga-se como é natural), boa rede de hipermercados (podendo ser um condicionalismo para o mercado tradicional), espaços verdes amplos, pouca especulação imobiliária e serviços de apoio ao cidadão que evitam que o próprio se tenha de deslocar para Braga ou outra capital de distrito  para tratar de assuntos cívicos. Sofre também de condicionalismos que qualquer outro município português sofre actualmente, o que se entende. Tem a meu ver o desafio grande de perceber o que fazer para promover maior atractividade de cidadãos não naturais de Fafe por um lado, e por outro lado reter os jovens Fafenses que tenham necessidade de procurar outras regiões para habitar, por falta de oportunidade para encontrar  saídas profissionais. Para além disso saber adaptar-se à mobilidade dos tempos modernos, estar atenta ao que é hoje exigido a cidades que pretendam estar em equilíbrio constante entre indústria e ambiente, entre o tradicional e o tecnológico, saber quais os grandes desafios para o tecido empresarial local, reduzir a dependência Administração Pública Local, criar condições para promover o empreendedorismo, alavancar o forte “cluster” industrial que hoje existe mas que tem a forte ameaça de estar dependente de grandes entidades como a Inditex e outras tantas áreas que merecem vigilância.


JORNALdeFAFE: O que representa esta cidade para si? 
Orlando Gomes Costa: Representa o crescimento da minha família. A minha filha é Fafense e sempre será. A minha mulher também Fafense, teve o condão de me convencer de que valeria a pena viver aqui desde 2007 e para mim, mesmo sendo difícil de me adaptar vindo da cidade do Porto, apaixonei-me por coisas simples como a natureza, o ar limpo, a calmia e a representativade diária de que mesmo trabalhando no Porto e viajando bastante por vários locais por motivo de trabalho, regresso ao meu abrigo e à cidade que passei a gostar. Representa ainda pessoas transparentes, que são o que são genuinamente e com uma ligação especial à Justiça e ao movimento cultural do inicio do século XX, com um simbolo cultural que felizmente voltou a estar activo (Teatro Cinema de Fafe). Representa ainda os DEEP, o grupo de Pop Rock, do qual fiz parte juntamente com o Ruca, o João Pedro, o Pedro e a Joana anteriormente.
Representa ainda e espero que não me interpretem mal , como uma das regiões com maior potencial para abraçar o futuro mas que teima ainda em não o conseguir fazer. Fafe não pode ser apenas o “Salão de Visitas do Minho”. Tem de ser uma Janela do Mundo. Tem uma história e tradição que não pode ficar apenas como porta do Minho.


JORNALdeFAFE: O que mudaria na gestão da cidade?
Uma questão muito interessante para se colocar. E eu em concreto posso ter uma maior independência de olhar para este belo concelho, pois sou natural do Porto e vim residir para Fafe há 13 anos. Proponho que olhemos para Fafe como se fosse um produto. E como tal que vantagens e desvantagens apresenta para quem necessita desse produto (habitantes) e o que podem fazer os seus gestores (Autarquia e instituições de serviço camarário)? De bom, apresenta características muito próprias e que pela sua genuinidade podem ser potenciadas como factor diferenciador . Aspectos como :
-Gastronomia (pratos típicos);
-Localização (Auto-estrada pertíssimo que nos liga a qualquer lado de Norte a Sul – embora com preço elevadíssimo de portagens que poderia ser promovida a possibilidade de reduzir o mesmo - );
-Cluster têxtil (tecido industrial que promove dinamicidade à região);
-Eventos cíclicos (destaca-se o Rally de Portugal, entre outros);
-As suas gentes (características de resiliência e pragmatismo de salutar);
-Espaço de crescimento natural (Fafe ainda apresenta dimensão geográfica com grande capacidade para crescer na sua periferia).


Por outro lado, apresenta a meu ver factores que podem e devem ser melhorados para potenciar a curto prazo, que serão críticos para poderem ser considerados como estratégicos a longo prazo para manter a região activa e capaz de manter anualmente uma taxa migratória positiva, isto é, número de cidadãos que passam a residir em Fafe superior aos que deixam de residir em Fafe, já para não considerar a comparação da taxa de natalidade e mortalidade no concelho. Factores como:
-Promoção de turismo estrutural e não pontual. Repito estrutural e não pontual . Verdadeiramente Fafe hoje não apresenta oferta turística  estruturada e unidades hoteleiras em quantidade compatível com o produto que poderia promover. Se pensarmos no que Fafe poderia oferecer como roteiro para um turista passar um fim de semana em Fafe, começaríamos por onde? Que programas a apresentar? Quais as unidades hoteleiras onde ficar e em quantidade suficiente? Qual o roteiro gastronómico e vinícola? Que visitas guiadas poderiam ser desenhadas ? Pensando na igreja românica de Arões, as histórias ricas e a influência brasileira na região, os espaços verdes como a Barragem da Queimadela, a casa do Penedo, a Aldeia do Pontido, entre outros. Que história bonita poderíamos contar para convencer alguém a visitar Fafe para um fim de semana ou uma semana? Há imenso que contar, mas mais do que tudo saber contar essa história. Hoje a tecnologia permitira facilmente criar estruturas organizadas para em colectivo pensar em estruturar o turismo de Fafe para benefício de todos. Claro que a componente de investimento é um factor critico para fazer crescer este mercado, mas Fafe apresenta empresários qualificados, com provas dadas na gestão dos seus negócios que certamente poderiam participar activamente neste tipo de projectos desde que bem rotulados e desenhados. Para além da forte ligação que existe com os emigrantes e em que muitos deles certamente poderiam participar em promover a sua região natal;
Continuar a  assegurar no mais curto espaço de tempo que serviços básicos de saneamento e assistência primária aos seus habitantes possam ser assegurados em todo o concelho, pois antes de olhar para fora, temos de olhar para dentro e ter a capacidade de promover a melhoria interna, pois cada fafense satisfeito com o seu concelho é o maior e melhor promotor da região;
Fafe estar atento à capacidade de reter os seus jovens cidadãos, sobretudo aqueles que por motivo de estudos superiores tenham a necessidade de sair para ganhar competências universitárias e que provavelmente não retornam mais à sua cidade natal para residir permanentemente, por falta de capacidade da própria região em criar postos de trabalho para sectores mais qualificados (sobretudo sector privado). E hoje há mais do que condições tecnológicas para um executivo camarário poder ter a percepção de qual a taxa de sucesso de retenção desses jovens;
Fafe ser activa na capacidade de atrair investimento para estabelecimento de pólos tecnológicos, isto é, Fafe ter a capacidade de atrair empresas como a SIBS, a Critical Software, Microsoft, Entidades Bancárias, entre outras, para que estas mesmas possam facilitar a construção de postos de trabalho qualificado e que naturalmente fazem impulsionar a capacidade de atrair outros cidadãos para residirem em Fafe, pois pelas razões que descrevi em supra, seria fácil convencer alguém residir em Fafe. Neste aspecto não vejo porque Fafe não pode ter o mesmo desempenho a este nível que o Fundão, Arcos de Valdevez, Chaves e outros municípios com características semelhantes;
- Criar condições para que o tecido empresarial local possa ser mais competitivo do que outras regiões geográficas que paulatinamente estão a ganhar quota de mercado às empresas locais. Em concreto porque não criar uma Central de Compras Integrada e Automatizada, verdadeiramente global para assegurar que as empresas locais que vão adquirir isoladamente as mesmas mercadorias aos mesmos fornecedores possam ter preços e condições negociais vantajosas? Acções que possam promover o benefício colectivo não deixando de preservar o espaço e identidade de cada empresa ou empresário. Todos já percebemos que sozinhos poderemos ir mais rápido, mas juntos iremos mais longe…
- E mais outras ideias que poderiam ser exploradas e que certamente os “agentes vivos” da região estarão atentos para tentar promover estas ou outras soluções melhores. Da minha parte perfeitamente disponível para debater e partilhar ideias deste teor para promover o bem comum.


JORNALdeFAFE: Fafe tem marca própria ou precisa afirmar-se fora dos seus muros?
Orlando Gomes Costa: Mais do que marca própria, diria que tem características próprias que podem reforçar a sua marca. Características essas que já referi anteriormente e as quais podem e deverão afirmar-se fora dos seus muros. Num inquérito rápido, atrever-me-ia a dizer que Fafe é conhecida pelos rally, indústria têxtil, pela justiça, pela vitela e pela forte ligação com os seus emigrantes. Porém, tem muito mais características para potenciar e saber enquadrar-se num mundo que exige mudança e flexibilidade. Como diz um ditado já instituído “Não é o mais forte que sobrevive, mas o que melhor se adapta às mudanças” .
E Fafe tem tudo reunido para o poder fazer de forma gradual com o mundo em transformação. Desse modo uma marca reforçada, transversal, que para além do tradicional possa referir que está pronta para abraçar o mundo seria adequado. Respeitar o passado, criando futuro.


Nota: Por opção foi escrito ao abrigo do velho acordo ortográfico.

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