quarta-feira, 18 de março de 2020

#passaapalavra: Gil Soares é arquiteto, dirigente associativismo, colaborador do jornal Povo de Fafe. Nasceu em Fafe, em 1979, e reside em Travassós.


JORNALdeFAFE: Gil Soares, um Arquiteto ao serviço das associações fafenses? 
GIL SOARES: As associações fafenses, como muitas associações por esse país fora, não têm recursos para pagar os serviços profissionais de um arquiteto. Aí entro eu e o meu gabinete (eng.º Tiago e arqº Edgar Costa), para dar esse apoio. As pessoas perceberam que eu também fui e sou dirigente associativo (em várias coletividades) e, devido a esse facto, sinto as associações nas suas necessidades e dificuldades, com conhecimento de causa. Nunca nenhuma associação fafense ficará sem um projeto de arquitetura por falta de dinheiro. Estou ao serviço das associações pelo respeito ao trabalho, esforço e dedicação dos seus diretores e pela importância que elas conferem ao panorama sociocultural e desportivo do concelho. O último projeto apoiado foi o parque de lazer do Club Alfa! Um projeto inovador que muito vai engrandecer a freguesia de Regadas...


JORNALdeFAFE: Um homem com um percurso rico no associativismo? 
GIL SOARES: Um percurso mais variado que rico. O meu pai fundou o escutismo, em Travassós, e, desde muito novo, tornei-me escuteiro. Foi algo natural. Quase todos os jovens foram escuteiros nessa época. Foram 16 anos fantásticos! Em 1993 ingressei no Grupo Coral, durante seis anos. Tinha formação musical, advinda dos tempos de seminarista. Quando ingressei, em 2001, na Universidade Lusíada de Famalicão tive de abandonar o Escutismo. Na Universidade fiz parte de várias Comissões de Praxe e fui fundador/presidente do Núcleo de Arquitetura e Artes, em 2003/2004. Em 2004/2005 fui presidente da Associação Académica, no ano letivo em que terminei o curso. Na AAUL-F e no NAAUL-F percebi que um bom líder tem de ter uma grande equipa, pois só assim se consegue realizar um bom trabalho. Quando assumi a presidência da associação académica herdei dividas no valor de 50 mil euros. No fim do mandato tivemos um saldo positivo de 7000 euros. Ainda fizemos obras no bar académico e na sede. Organizamos várias atividades inovadoras, para além das tradicionais. Fiz parte, embora pouco tempo, da Tuna Académica, pois os compromissos associativos não permitiram uma maior continuidade.  A partir de 2005 fui diretor do G.D. Travassós, durante sete anos. Fui treinador das camadas jovens de 2006 a 2008.  Em 2008 foi criada a secção de futsal do clube, na qual fui jogador.  A partir de 2018 tornei-me diretor no Grupo Nun’Álvares.  Apoio várias coletividades, principalmente em Travassós, e sinto-me integrado nelas: o GAT e o Travassós Running. Como costumo referir: não faço parte, mas sou parte! Relativamente a Comissões de Festas fiz parte, em Travassós, na de S. Sebastião (2008): Santíssimo Sacramento (2018) e Nª Sª das Graças (2019). Fui colaborador do jornal Desportivo de Fafe (2005/2006); revista Dom Fafes 13/14 (2007); Correio de Fafe e Rádio Clube de Fafe (2006 a 2011); no jornal Fafexpresso (2011); Revista Factos (2016/2017); Revista Club Alfa (2019);




 





JORNALdeFAFE: Seminarista? 
GIL SOARES: Frequentei o Seminário de Nª Sª da Conceição de 1990 a 1993. Anos maravilhosos! Ingressei com o intuito de ser padre e sinto que tinha vocação! Talvez se tenha perdido um bom sacerdote… Mas sempre tive a paixão pelo desenho e um antigo professor do seminário, o arqº Varandas, incutiu-me a paixão pela arquitetura.  A vida no seminário tinha um carácter muito social. Os seminaristas eram uns privilegiados. Tínhamos as melhores condições físicas e humanas possíveis! Desde as condições do edifício aos campos de futebol e ringue, assim como os melhores professores! Foram 3 anos que guardo, para sempre, com saudade!

JORNALdeFAFE: Habilitações académicas e profissionais?
GIL SOARES: Licenciatura em arquitetura. Inscrevi-me para um mestrado, porque tive um convite para dar aulas na universidade, mas depois de iniciar o percurso profissional não mais me dediquei à dissertação. Iniciei a minha atividade profissional no início de 2008. Em 2010 fiz parte de um projeto de mediação imobiliária, mas percebi que tinha de voltar, unicamente, à profissão de arquiteto.

JORNALdeFAFE: Como vai parar à política? 
GIL SOARES: Em 1994 filiei-me na Juventude Socialista. Surgiu o convite pela Natália Bento e, numa idade muito nova, acedi e iniciei este percurso. Foi um “grito de raiva” pelo afastamento do meu pai do seu partido, o PSD! Não vou dizer que me tornei socialista pelos ideais ou coisa parecida!  O meu pai tinha feito parte do executivo (secretário) da Junta de Freguesia de Travassós, pelo PSD, nos anos 80. A política fazia parte da minha vida, desde muito novo. Acompanhava o meu pai nas campanhas eleitorais de bandeira do PSD na mão. A família, da parte da minha mãe, é simpatizante do Partido Socialista. Em 1997 fui convidado para a lista do PS em Travassós, pelo saudoso José Manuel Ferreira. Só em 2005 volto à atividade política pela mão do então líder da JS, João Vieira Mendes, que me chegou a formular o convite para assumir a liderança da JS-Fafe. Estava a terminar o curso e não aceitei, mas fiz parte do secretariado liderado pelo Daniel Bastos. Em 2009, o ex-presidente da junta de Fafe, José Mário Silva, fez com que me tornasse militante do PS. Pertenci a Comissões Políticas Concelhias e ao Secretariado presidido por José Ribeiro (2016-2018). Fui presidente da Assembleia de Freguesia de Travassós de 2013 a 2017, pelo PS.  Em 2018 concorri ao congresso nacional e tenho participado em reuniões da Comissão Política Nacional. Como não fui convidado para pertencer à Comissão Política Concelhia, após o próximo congresso apenas me tornarei um militante para pagar quotas!







JORNALdeFAFE: PS ou Fafe Sempre? 
GIL SOARES: O meu ponto de decisão prende-se com a pessoa de Antero Barbosa.  Sou seu apoiante, como é sobejamente conhecido, e terá o meu singular apoio nas próximas eleições! Se for candidato, pelo PS, ser-lhe-á feita justiça! Mas, de certo modo, estará limitado nas escolhas para as listas (Câmara; Juntas e Assembleia Municipal). A batalha será mais fácil para o partido e, desse modo, não precisará de mim, nem de outros como eu, para dar o “corpo às balas”. Voltar-se-á à hegemonia socialista de outros tempos! Se for candidato pelo “Fafe Sempre” terá a liberdade de escolher os vereadores e assessores, de vários setores políticos e da sociedade, em geral! Não quer dizer que não o faça pelo PS mas, presumivelmente, ficará condicionado a alguns nomes! O Fafe Sempre permitiu mostrar o quanto valemos como pessoa! O PS, atualmente, deve estar a contar com a candidatura de Antero Barbosa porque não se preocupou em estabelecer um diálogo com vários militantes. Não sente essa necessidade!  Toda a gente sabe que, separando as forças políticas: PS; Fafe Sempre; PSD; Independentes por Fafe; Bloco de Esquerda; CDS e CDU; a que mais força tem, atualmente, é o Fafe Sempre. Foi alicerçado com muitos socialistas e independentes que deram tudo desde o zero.   Foi construído com as “nossas” mãos e com o desgaste das nossas solas. E, perante estes factos, seria hipócrita se não escolhesse o Fafe Sempre, com Antero Barbosa! O PS apenas se serve do valioso símbolo. Não tem a garra do Fafe Sempre!

JORNALdeFAFE: Em 2021 realizar-se-ão eleições autárquicas. Há a possibilidade de integrar uma lista à Câmara?  Em Travassós fala-se de uma possível candidatura à junta. Será candidato? 
GIL SOARES: Se for convidado terei bem definidas as condições que me farão aceitar a integração numa lista à câmara. Mas será difícil! Não tenho “padrinhos” nem ando a “lamber botas”. Não aceitei nas últimas eleições porque achei que o lugar que me propuseram não era condizente com dois fatores: primeiro, os meus conhecimentos em algumas matérias, principalmente em termos de urbanismo, que acho ser muito importante para o desenvolvimento estratégico de Fafe; e, outro, relacionado com o que eu poderia valer no terreno a nível de votos. Felizmente consegui provar, mesmo com o meu tempo limitado, que ainda consigo “alguns votos”. Quanto a uma eventual candidatura à Junta de Freguesia refiro que não está nos meus horizontes! No entanto poderei avançar, após consultar a minha namorada, com quem tenho uma vida em comum, e perante algum desagrado que possa advir do processo, mais especificamente perante alguns candidatos que possam ir a sufrágio.  Mas com diálogo tudo se resolve! Ressalvo que nunca seria candidato contra João Sousa (PSD). Gosto do trabalho que tem feito e acho que se deveria recandidatar, a um último mandato, para realizar obras que serão as de maior impacto!



JORNALdeFAFE: E os projetos com as juntas de freguesia, como aparecem?
GIL SOARES: Os projetos para as juntas aparecem, acima de tudo, pela amizade e, espero eu, por algum reconhecimento do trabalho profissional. Naturalmente, poderiam ser entregues a outros arquitetos e que estariam, também, bem entregues. O primeiro projeto foi solicitado pela U.F. Aboim; Gontim; Felgueiras e Pedraído. Era o presidente António José Novais. As obras foram as da ampliação da sede de Aboim, que ficou notável, com uma estrutura em aço corten e a recuperação da Escola de Pedraído. A freguesia de Paços, pelo seu presidente Joaquim Barbosa, também solicitou vários projetos, entre os quais o Memorial da Ponte de Paços. Vai ser uma obra de referência pelo seu carácter simbólico! De forma natural também apoio a Junta de Travassós! É a minha freguesia! E, inclusive, pela amizade que tenho com os membros do executivo. Outras juntas costumam solicitar determinados projetos para candidaturas, assim como o apoio a várias coletividades das suas freguesias. Eu interajo com vários presidentes de junta, de diferentes cores políticas, e sabem que estou sempre disponível para os ajudar, mesmo que o trabalho não seja remunerado!




JORNALdeFAFE: O limite dos projetos possíveis para Fafe é o céu? 
GIL SOARES: Fafe, acima de tudo, tem de ter uma visão estratégica. O céu pode ser o limite…para os projetos públicos: zonas industriais; pavilhões desportivos; piscinas; courts de ténis; percursos pedonais de ligação à barragem; espaços de memória; museus, incubadora de empresas, centro BTT; escola de pilotos, entre outros. O único limite, para a sua concretização, é a questão económica! Aí é que o limite pode ser o inferno! Nada se faz sem dinheiro e sem saúde financeira aliada a uma boa gestão dos dinheiros públicos, assim como a necessidade de financiamento por parte do Estado ou da Comunidade Europeia. Mas há uma parte muito importante: o investimento privado! Para isso é necessário criar condições! Eu comecei por referir a visão estratégica e isso passa, desde logo, pelo planeamento do território e cativar capital de investimento. Fafe tem de aproveitar a especulação imobiliária do concelho vizinho de Guimarães, com um mercado mais caro, e valorizar as acessibilidades, principalmente a variante de ligação. Um dos fatores mais importantes seria a revisão do Plano Diretor Municipal, de forma a criar mais espaços de construção, em zonas estratégicas. O Nó de Arões é importantíssimo, tanto para a indústria/comércio, como para o espaço habitacional. Agora não podemos atrofiar as freguesias que se servem dele. Se as vias de comunicação são o primeiro fator para o planeamento, elas terão de servir, primeiramente, para o desenvolvimento do espaço edificado. Há medidas que o município vai implementar que ajudam esse desenvolvimento, em termos de regulamento edificatório. Mas não podemos ter boas estradas a servir, maioritariamente, zonas classificadas como “espaços agrícolas” ou “florestais”. Fafe pode se desenvolver mais e melhor e, para isso, é preciso pensar com todos e não por todos!



JORNALdeFAFE: O que falta à política fafense? 
GIL SOARES: Falta, acima de tudo, conhecerem Fafe. E quando digo “Fafe” não é só a cidade, mas todo o concelho! Aos partidos políticos falta união interna! Fala-se muito nessa palavra, mas é só “para inglês ver” ou ler! Quem anda na política tem a legitima ambição de fazer carreira, mas tem faltado coerência e as guerras internas fragmentaram os principais partidos. Tem faltado a “palavra”. O que hoje é, amanhã já não o é! Falta qualidade nas campanhas do “bota abaixo”, porque ninguém quer provar que é melhor, mas sim quem é o pior!  Tem faltado “ouvir”, pois quando assumem um cargo parece que ficam logo com a sabedoria toda!  Faltam pessoas com qualidades técnicas/competência, os designados “quadros”. Muitos falam em os trazer para os partidos, depois ninguém os quer para não tirar o lugar a alguém! Falta alguns saírem da política, porque já nada têm para dar! Falta sentir a realidade das freguesias. Umas recebem muito para servir pouco e outros pouco para servirem muito. Falta sentir o concelho de Fafe a começar das freguesias para a cidade e não ao contrário! Todo o território tem potencialidade nos mais variados campos de intervenção!


JORNALdeFAFE: Se tivesse de construir uma equipa para a Câmara, quem convidaria e para que cargo?
GIL SOARES: Em todos os partidos, movimentos ou população, em geral, conheço muita gente competente para determinados cargos. Há nomes por quem tenho muito respeito: o atual presidente, Raúl Cunha, que apesar das divergências reconheço um bom trabalho, mas acho que será o último mandato; José Ribeiro também tem de ser tido em conta por tudo que deu a Fafe, embora presumo que será o seu último mandato. Pompeu Martins seria um bom deputado; Carlos Cunha será uma aposta no futuro, após saída do governo; Daniel Bastos poderia assumir um cargo interno, de chefia, ligado à cultura/desporto/associativismo. Licínio Gonçalves também é um nome que, no futuro, tem de ser tido em conta pela sua experiência profissional. Francisco Lemos, pela sua experiência em determinadas áreas será, também, uma aposta no futuro.  Se fosse hoje e tendo em conta que se trataria de uma candidatura independente, perante provas que já deram, ou dão, pensando que fariam uma boa equipa multidisciplinar,    escolhia: - Antero Barbosa (presidente/administração/Obras Municipais/Gestão Financeira…); Silvia Soares (ação social/recursos humanos…); - José Batista (ambiente; cemitério; proteção animal; fundos comunitários…); - Fátima Caldeira (Cultura; Educação, Associativismo…),- Eugénio Marinho (Urbanismo/Empreendorismo…). A este elenco juntava Nuno Cobanco (chefe de gabinete); Carlos Afonso (Cultura); Filipe Teixeira (empreendorismo/apoio empresas/comércio); Pedro Sousa (Educação/ Associativismo), Leonel Castro (Ambiente/Agricultura/Turismo) e Tiago Ribeiro e Fortunato Novais (Urbanismo). Todos eles têm, inclusive, conhecimento em diversas áreas que não as que estão a eles atribuidas. Empresa Municipal de Água de Fafe: Parcidio Summavielle. Presidente Assembleia Municipal: José Rodrigues. Provedor do munícipe:  António Abreu. Proteção Civil: Gilberto Gonçalves. Provavelmente, “amanhã”, tenha outros nomes. Atualmente seriam estes!

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