sábado, 31 de outubro de 2020

 PARA LEGENDAR...



quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Fafegrado

 


A exemplo do que se passava com S Petersburgo (Leninegrado) e com Volvogrado (Estalinegrado), arriscamo-nos a ter de mudar o nosso nome para Fafegrado fruto da Sovietização que se avizinha com as eleições autárquicas de 2021.

A absorção do movimento Fafe Sempre pelo PS (de Fafe ou de Lisboa????) e o eclipse dos Independentes por Fafe faz adivinhar uma massificação da votação numa lista de toda a família socialista.

Este termo é capaz de ser um pouco excessivo uma vez que não imagino o ex-Presidente José Ribeiro a dar cobertura a este processo mas a sede de lugares gerará uma grande unanimidade. Sim. É de lugares que se trata uma vez que para além dos lugares de vereação (total de 9) e de gabinetes de apoio à presidência e à vereação, desta vez teremos a empresa Municipal que substituirá a Indaqua. Nos bastidores está a ser negociada a "dança das cadeiras" mas dizem-me que servirá para arrumar um vereador numa "prateleira dourada"!!!!

Perante isto pouca resistência haverá. Um PSD incapaz de mobilizar o seu próprio eleitorado e que, por muito bem que faça o seu trabalho (até está a mostrar algum rasgo), não aparece a correspondência em votos nos dias de eleições. Mas que não se enganem os laranjinhas, há muito amadorismo nas iniciativas que têm lançado e o seu Conselho Estratégico Autárquico é uma ideia ambiciosa mas que se arrisca a ser uma mão cheia de nada. O seu (proto)candidato é um desconhecido para a maioria das pessoas o que não lhe retira, de forma alguma, o valor que possa ter mas não prenuncia uma votação significativa.

Os restantes partidos são quase irrelevantes embora aprecie a acutilância da estrutura local da CDU mas que carece de mais recursos uma vez que me parece que estar centrada num núcleo muito restrito de activos. Acredito que, se apresentar candidato, o Chega-Fafe vá ter alguma expressão eleitoral mas não me parece que seja um projecto estruturado (o partido em si, bem entendido).

Inevitavelmente, voltarei a este assunto em breve mas deixo aqui a minha reflexão e, até, o apelo a que surja uma candidatura mobilizadora que pode (deve?) ser protagonizada por uma mulher como aventava há dias o Pedro Sousa na sua crónica. Isso é que era!!!!

Ricardo Gonçalves





FACE B – DESDE 1982 A RESISTIR !!! PREPARAM NOVO TRABALHO PARA 2021


FACE B
Juntos desde 1982, com um breve interregno por motivos de força maior, não mais pararam, resistindo a todas as dificuldades e adversidades que só uma enorme amizade, imensa paixão pela música e respeito por todos aqueles que os ouvem e seguem pode superar e manter  tamanha longevidade. Gravaram o seu primeiro trabalho em 1983, mas foi em 1984 que, definitivamente, cativaram o público com o tema "Máquinas de Salão", tema que, um ano depois (1985), viriam a gravar e editar, em vinil (1° single) e K7,  alcançando tal êxito que ainda hoje é das músicas mais aguardadas e pedidas nos concertos e logo identificadas pelo público das mais variadas faixas etárias. Falamos, ainda, da sua formação inicial com Nelson Carvalho (Voz e Guitarra), Jorge Ribeiro (Voz e trompete), Moisés Teixeira (Baixo) Jorge Cunha (Teclas) Armindo Charrita (Bateria) e António Castro (Guitarra). 


Não obstante todas as dificuldades associadas ao entra e sai de elementos, cuja vida particular de cada um não permitia conciliar a profissão e a música, foram várias as formações e transformações da Banda, seja ao nível de músicos que a integravam, seja ao nível dos arranjos musicais ou dos programas tocados ao vivo, o seu núcleo duro nunca se alterou, graças à persistência e resiliência de dois dos elementos da sua fundação; Jorge Ribeiro (Vocalista) e António Castro ( Baixo). É neste contexto e já com um novo elemento a integrar a Banda (Pedro Mouga, que substitui o Rio Correia nas teclas, depois de por lá  terem passado Jorge Cunha, João Moura e Luca) que é gravado o álbum "Não me vou Calar", de resto, músicas que já estavam registadas em fita (K7) mas que queríamos dignificar e registar em CD, com o "mote" 15 anos 15 músicas. Fruto destes trabalhos e de toda a atividade desenvolvida é atribuído aos Face B, por dois anos consecutivos, o Troféu  "Microfone de Ouro" - categoria Música - como melhor grupo musical, iniciativa da imprensa local Rádio e Jornal Correio de Fafe, por votação dos seus leitores. Ao longo dos anos foram gravados e editados outros trabalhos, mas foi por volta do ano 2000, com o álbum “Não Me Vou Calar”, (tema já gravado em K7, mas agora em CD e com novos arranjos musicais) a banda retoma novos picos de popularidade e cimenta a admiração e carinho  do público. Durante anos, por carolice e sentido de dever cívico e cultural, mas também como forma de fomentar o gosto pela música, proporcionando aos jovens  uma oportunidade de descobrir eventuais qualidades no mundo da música, contribuindo, ainda, para o seu afastamento de potenciais comportamentos desviantes e, quiçá,  passarem a integrar a banda, a sua sede funcionou como Escola de Música, onde lecionavam instrumentos de sopro, órgão, bateria e guitarra, cujos resultados se revelaram super importantes para o panorama musical Fafense, não fossem os músicos que daí saíram e que acabariam por formar outras bandas , que ainda hoje se juntam e tocam em grupo ou individualmente, trabalho este conduzido pelo colega e músico -  Ezequiel Silva (Professor e Trombone de Varas). Já percorreram milhares de quilómetros e pisaram centenas de palcos ... com escassas aparições em programas de Televisão (RTP 1 por 3 vezes) e Porto Canal (2 vezes).

Mas o pior estaria para vir com um "crime" inqualificável que em Novembro de 2000 interrompeu os sonhos da banda num incêndio, com mão criminosa, do seu camião, que resultou na perda total de todo o material de suporte, para a produção dos nossos espetáculos (sistema de som e iluminação , à exceção dos instrumentos, por à data se encontrarem em estúdio no Porto, coincidindo com a gravação do álbum "Não me vou Calar"). Tudo se alterou, no que a concertos ao vivo diz respeito, já que deixamos de ser autónomos em termos de equipamentos de som e luz, passando a contratar empresas da especialidade, com os custos inerentes que isso acarreta para quem nos contrata. 


Em 2014, após alguns anos de Face B sem o seu compositor e cofundador Nelson Carvalho, que, entretanto, por motivos de divergências sobre a composição da Banda e projetos para o futuro havia saído e formado o Grupo "Onda Curta", decidiram juntar a "velha guarda" e regressar aos ensaios e aos palcos com os elementos fundadores, retomando todos os projetos mas privilegiando  a composição, gravação e edição de novos temas. Em 2016, com mais um trabalho (EP) gravado, cujo tema que dá nome ao disco “ESQUECIDOS”,  muito promete, quer pela sua melodia quer pela sua mensagem e cujo feedback do público tem sido fantástico, seja nos comentários pelas redes sociais seja nos próprios concertos. De 2016 à presente data, entre concertos e ensaios, a banda deu prioridade à preparação de novos temas originais, alguns dos quais já experienciados em concertos. Uma boa notícia para todos os que gostam e acompanham a banda Face B, prende-se com o facto de já haver trabalho de produção em estúdio,  onde a parte rítmica (bateria e baixo) de todos os temas já se encontra concluída ... por isso os Face B  prometem lançar em disco na primavera / verão de 2021. 


PARA NOS AJUDAR A CONHECER MELHOR UMA DAS BANDAS MAIS ANTIGAS DO CONCELHO DE FAFE, FALAMOS COM ANTONIO CASTRO, MUSICO E ELEMENTO FUNDADOR DOS FACE B. ANTONIO CASTRO, QUEREMOS EM PRIMEIRO LUGAR AGRADECER A SUA DISPONIBILIDADE E AMABILIDADE ACEDENDO PARTICIPAR NESTA ENTREVISTA. QUASE 40 ANOS DE FACE B, CONTE-NOS COMO SE FORMOU ESTE PROJECTO, QUE HOJE É DOS MAIS ANTIGOS DO NOSSO CONCELHO DE FAFE?
Em primeiro lugar permito-me agradecer o convite para esta entrevista e dizer, sem reservas, que não a podia recusar, fosse pelo respeito dos leitores em geral e por todos os que ouvem e acompanham os Face B, em especial, bem com pela amizade e admiração que tenho pelo amigo Paulo Matos enquanto profissional e qualidades humanas que lhe são reconhecidas. Em resposta à questão sobre o projeto Face B, este surge em 1982, há data com o nome  "Extrato", e do qual já faziam parte os colegas Nelson Carvalho, Jorge Ribeiro, Armindo Charrita e Jorge Cunha. Nesse ano ocorreram algumas saídas  de elementos desse grupo (Joaquim e Manuel Moreira) que coincidiu​​​​ com o fim de um outro projeto (Os Alpha 4) que eu, em conjunto com o colega Moisés Teixeira (Baixo), que infelizmente já não está entre nós ... com o Rui Moreira (Bateria), Júlio Costa (Teclas) e o Vitor (Trompete) havíamos formado e mantido durante alguns anos. É nesta altura que surge o convite dos "Extrato" e em que eu (na Guitarra) e o Moisés (Baixo) passamos a integrar os ainda "Extrato". Em consequência dessa transformação, deixou de fazer sentido aquela designação e decidiu-se colocar vários nomes em cima da mesa e eleger um novo nome para ao Grupo, mais apelativo e com significado, até porque era intenção de todos criar uma Associação sem fins lucrativos. De todos os nomes sugeridos foi decidido, por maioria, passar a designar-se "Face B - Agrupamento Musical", significando o "outro lado", designação que acabou por ser registada e publicada em Diário da República, lll Série, apenas em 04 de Setembro de 1984 e em que formação inicial dos Face B era seguinte: Nelson Carvalho (Guitarra e Voz), Armindo Charrita (Bateria), Moisés Teixeira (Viola Baixo) António Castro (Guitarra) Jorge Cunha (Teclas) e Jorge Ribeiro (Voz e Trompete). 
ESTÃO JUNTOS DESDE 1982, NOS ANOS OITENTA QUAIS AS DIFICULDADES QUE EXISTIAM PARA SE MONTAR UMA BANDA?
Nos anos oitenta, e não é segredo para ninguém, sobretudo para aqueles que mais de perto acompanhavam o panorama musical e a cultura em geral, como a formação de grupos musicais, o teatro e outras atividades de cariz cultural que se pretendia desenvolver, as dificuldades eram imensas e os apoios escassos ou nulos. O acesso ao equipamento necessário exigia um enorme esforço financeiro e as oportunidades e oferta não eram o que é hoje. Contudo, graças ao conhecimento e bom relacionamento dos líderes da banda com pessoas e empresas que, à data, forneciam aquele tipo de material ( instrumentos musicais, material de som e luz) foi possível andar um passinho sempre à frente em relação a muitas outras bandas, muito graças às aquisição de material a crédito e que se pagava, mensalmente, com dinheiro que se angariava nos espetáculos. Obviamente que, no início da banda, os instrumentos e equipamento de som para o exterior (PA, raques, sistemas de iluminação etc.) eram concebidos por nós com recurso a carpinteiros e técnicos amigos ou conhecidos.
COM QUASE 40 ANOS DE ESTRADA, QUAL O SEGREDO DA LONGEVIDADE DOS FACE B?
Sobre a longevidade dos Face B, que vai a caminho dos 40anos de estrada, com curtos interregnos pelo meio, um dos quais por motivos alheios à nossa vontade, não há nenhum segredo mágico, mas sim a conjugação de vários fatores: em primeiro a amizade que nos une, depois a paixão incondicional pela música e por último mas não menos importante o sentido de responsabilidade que fomos adquirindo ao longo dos anos por quem nos ouve e acompanha, interiorizando que o que quer que façamos, seja por gosto ou apenas como obi, a partir do momento em que pisamos um palco ou apresentamos um trabalho, independentemente dos proveitos financeiros que daí possam advir, a responsabilidade passa a ser total e tem que ser feito com o maior "profissionalismo" e qualidade possível ... Ainda, como é óbvio, haver no seio da Banda,  alguém com sensibilidade e perfil para agregar e conseguir superar muitas das adversidades que vão surgindo, com tolerância, seja ao nível da substituição de elementos que pelas mais variadas da razões  não conseguem conciliar a música com a sua vida profissional ou familiar, seja pelas incompatibilidades que são normais num conjunto de várias personalidades e diferentes formas de pensar e assimilar um projeto, seja de que índole for. Por último, e porque os últimos são os primeiros, do ponto de vista pessoal nada disto seria possível sem o apoio e compreensão de retaguarda que é a minha família, mulher e filhos em primeiros lugar, a quem não consegui dar tudo o que mereciam e precisavam enquanto crianças, em especial o acompanhamento do seu crescimento mais de perto.


COMO CARACTERIZA O ATUAL MOMENTO QUE SE VIVE NA MÚSICA PORTUGUESA?
Sobre o momento atual que se vive na música portuguesa, não tenho uma opinião muito favorável, não pelo que se vem fazendo e criando por artistas e bandas, mas sim no que se refere às oportunidades de divulgação pelos mídia, mais propriamente pelos canais de televisão, em programas semanais, cujas razões subjacentes a tais escolhas todos conhecemos. Por outro lado, seria injusto, da minha parte, não sublinhar, pela positiva, outros programas musicais que divulgam e promovem excelentes talentos, sejam jovens ou artistas já com experiência mas sem possibilidades de se afirmarem publicamente.
QUAIS AS SUAS PRINCIPAIS REFERÊNCIAS MUSICAIS? O QUE COSTUMA OUVIR?
Como não podia deixar de ser, as nossas referencias musicais passam sempre pela música que ouvíamos e as bandas que nos marcaram na nossa adolescência e juventude. Neste caso, não fugindo à regra, as minhas principais referências musicais são, ainda, Pink Floyd, Dire Straits, U2, Stranglers, entre outros. O que costumo ouvir? Para além das bandas que me marcaram e que, felizmente, as suas músicas se  tornaram intemporais e continuam transversais a várias gerações, procuro estar atento a toda a música que se vai fazendo. A nível nacional, tenho especial simpatia por Xutos, sobretudo durante o período em que o saudoso Zé Pedro os integrava, João Pedro Pais, enquanto músico e pessoa, sem esquecer o principal ícone do Rock Português, Rui Veloso, entre muita outra música ou artistas emergentes e das mais variadas tendências, do comercial ao clássico, sempre que a qualidade musical esteja patente, filtrando, depois, o que mais me seduz e o momento em que a oiço ...
MAQUINAS DE SALÃO?
O tema Máquinas de Salão terá sido, sem dúvida, a música que, quer a nível regional, ou mesmo nacional, projetou a Banda Face B e a catapultou para os grandes palcos e múltiplas rádios, quer pela componente musical quer por toda história que está por trás da sua mensagem. Contudo, por muito que tivesse a dizer de tão importante tema dos Face B, não me sentiria confortável nem seria correto fazê-lo, sem dar a palavra ao seu autor e colega Nelson Carvalho, que, sei, estou autorizado pelo entrevistador a fazê-lo:

Nelson Carvalho: "Em segundos e pouco mais, ficam sempre sem vintém"... Foi a música que mais tocou nas rádios e se tornou por assim dizer na nossa bandeira. Quando a escrevi nunca imaginei o impacto que viria a ter, quer nos mais jovens quer nos adultos. Ainda hoje se dirigem e a mim e me falam das "Máquinas de Salão". Sobre o conteúdo da letra ainda hoje existe alguma especulação. Os mais novos que não viveram os anos 70 / 80 não devem saber que quase todos os cafés tinham as chamadas "máquinas de poker" num espaço reservado e recatado do público em geral, diria até que estavam sempre num salão e num canto escuro. Era aí que muita juventude e mesmo pais de família deixavam, por vezes, todo o salário auferido ao longo de árduo e longo mês de trabalho na expectativa de, confiando na sorte, ganhar algum dinheiro extra, sabendo todos nós que falamos de jogos de "fortuna e azar" e proibidos em lugares não autorizados. Infelizmente, vivi de perto com casais que se separaram. Encontrei num desses locais um amigo que gastava aí todo o dinheiro e até o que não tinha. Eu e alguns colegas tentámos, muitas vezes, demovê-los, libertá-los daquele vício, mas em vão. O vício foi maior e venceu-os. Foi para ele e tantos outros, "vencidos pelo vício", que escrevi essa mensagem. Naquela altura eram as máquinas de salão, hoje serão outros vícios. Continuo a ver como alguns se perdem pensando encontrar-se. Para esses, o meu desejo que "parem e se libertem ".

JURO OU JURO-TE? A PAR DO TEMA “MAQUINAS DE SALÃO” FOI UM DOS TEMAS DE MAIS SUCESSO. OS FACE B, SÃO QUASE QUE OBRIGADOS AO VIVO A TOCAR SEMPRE ESTE TEMA, ESTOU CERTO?
O título do tema é "Juro-te" e é, de facto, a par das "Máquinas de Salão", "Não te Mereço" e mais recentemente o tema "Esquecidos", uma das músicas que não podemos de deixar tocar ao vivo, tal a memória das pessoas e o significado que, para cada uma delas, a música representa. Porém, mais uma vez, permito-me dar a palavra ao autor /compositor da letra, Nelson Carvalho:
Nelson Carvalho: Em finais de 1987 e por motivos profissionais tive que me afastar dos Face B. Em 1990 voltamos a reunir todo o pessoal para dar continuidade ao nosso projeto. No entanto, durante esse período acabamos por perder o nosso "teclista"  João Moura e o "baixista" Moisés Teixeira, que entretanto abraçaram outros projetos. É nessa altura em que entra para banda o músico Lucas Pires (Teclas) e o Tony Castro, guitarrista até então, passa para o Baixo, substituído na Guitarra por outro elemento novo e muito jovem, mas, já há data muito promissor e com muitas qualidades - Nilton Silva, que foi, sem dúvida, uma mais valia para a banda e importante nas músicas que viríamos a gravar. No espaço de tempo em que o grupo esteve parado fui fazendo algumas músicas, entre elas o tema " És tão vulgar" e "Juro-te". Já a ensaiar e a pensar numa nova gravação,  surgiu também o tema "Não me vou Calar" e "Eu tu e o sonho" a pensar naqueles amores impossíveis e que só em sonho se podem viver. (Estávamos em 1992)


O QUE SENTE UM ELEMENTO FUNDADOR DE UMA BANDA, QUANDO “ACORDA” COM A NOTICIA QUE ARDEU TODO MATERIAL NUM INCENDIO CRIMINOSO? 
Não sendo fácil, mesmo a esta distância no tempo, falar de um momento tão difícil e de um  "crime" tão hediondo como aquele que marcou os Face B naquela madrugada fatídica de 19 de Novembro de 1999, lembro-me, como se fosse hoje e sobre o qual ainda hoje tenho pesadelos, que ao receber o telefonema da notícia por volta das 4,00 horas da manhã, depois de alguns minutos a tentar assimilar a notícia, voltei a deitar-me, julgando tratar-se de um sonho. Rapidamente voltei a levantar-me, fiz um esforço para concentrar-me e, confirmando que afinal não era um sonho, corri a vestir- me e desloquei-me para o local. Foi a desilusão total, a sensação do mundo a desabar. Constatar que todo o fruto do trabalho de mais de 20 anos, com o esforço de tantos, tinha ficado em cinzas em poucos minutos ... (mais de 250.000 euros que arderam e uma esperança inexcedível que se desvaneceu)



ESSE DIA MARCOU E MUITO OS FACE B, E TODO O SEU NUCLEO DURO, AMIGOS E SEGUIDORES. NÃO TENHO DUVIDAS NENHUMAS, PARARAM ALGUM TEMPO… FOI DIFICIL GERIR TODO ESSE PROCESSO, ATÉ DECIDIREM VOLTAR? ESTEVE EM CAUSA A CONTINUIDADE DO GRUPO?  
Obviamente que marcou os Face B, cujo dia ficará, para sempre, como o dia mais "negro" e difícil das nossas vidas e da história dos Face B, a que a sociedade, amigos e seguidores em geral não ficaram indiferentes. Não foi fácil, como imaginam, lidar com tão inqualificável ato e os seus impactos, que, como calculam, afetaram os seus responsáveis e todos os seus elementos (músicos e colaboradores) que, verdade seja dita, sempre deram tudo pelo projeto por gosto, em detrimento de qualquer proveito financeiro. Entre muitos compromissos, já assumidos pela Banda e que ficavam em causa, no imediato era o Concerto em Paris, agendado para 15 dias depois, que os seus responsáveis temiam não poder cumprir, mas que, pela amizade e generosidade de um empresário de Guimarães ligado ao mundo do espetáculo (Sr. Vilaça) que logo disponibilizou, gratuitamente, todo o material de som e luz, a empresa Fafense (Cadeinor - Sr. Paris) e o Grupo Desportivo de Vinhós que, também gratuitamente, disponibilizaram Camião e Carrinha, respetivamente, para o transporte do material e todo o Staff. Gerir aquele processo foi muito difícil e continua a refletir-se nos dias de hoje, nomeadamente nos custos da produção a que estamos obrigados a suportar nos espetáculos para que somos convidados o que, objetivamente, prejudica a Banda e muitas das organizações / comissões que pretendem contratar-nos.
ESTEVE EM CAUSA A CONTINUIDADE DO GRUPO?
Sem dúvida que a continuidade do grupo esteve, de veras, em causa. Aliás, para que o leitor melhor compreenda o sentimento de desilusão e frustração, é como imaginar um casal que compra uma casa a crédito e ao fim de vinte e tal anos, no mês em que o banco lhe comunica que a casa está paga, depara com a habitação em chamas, ficando a família sem casa e sem dinheiro. Muito sinceramente, admito que a paixão pela música e toda a conjugação dos fatores que já elenquei na pergunta sobre o segredo para a longevidade da Banda não seriam suficientes para superar aquela fase, não fosse a ação de que os leitores se lembrarão e a quem eu, em particular, e os Face B como instituição, ficaremos eternamente gratos: Reporto-me exatamente a um momento para todos nós inesperado e que nos deixou sem reação, mas deveras muito honrados e sem palavras: 
A "Onda de Solidariedade a favor dos Face B" que se gerou em Fafe, a que se juntaram e lideraram o movimento, amigos e ilustres Fafenses das mais variadas áreas da sociedade, (Cultura, Política, Igreja, Instituições Particulares, Grupos Musicais, Artistas Plásticos, etc.) dando origem a uma primeira reunião realizada em 02 de Dezembro 2000, com o objetivo de deliberar sobre a constituição de uma Comissão de Apoio, onde estiveram presentes, desde logo, a D.ª Rosa Maria Pinheiro, Dr. Parcidio Cabral Summavielle, Dr. Ribeiro Cardoso (Jornal Povo de Fafe), Prof. Humberto Gonçalves, Dr. Artur Coimbra, Sr. Luis Gonzaga (Presid. Junta Vinhós) Sr. Padre Joaquim Flores, Sr. Nelo Vilhena, Sr. António Manuel Silva (G.D. Vinhós) onde ficou nomeado porta voz da comissão o Senhor Dr. Parcidio Cabral Sumavielle. Outros nomes e organizações se juntaram nas reuniões seguintes, designadamente o Sr. José Mário (Presid. Junta Freguesia de Fafe), a Dr.ª Paula Nogueira, Luís Meireles (Rádio Clube Fafe), D.ª Maria Emília Lobo (Lions de Fafe) e o Senhor Paulo Matos, em representação do SK, um dos principais dinamizadores do movimento, reuniões essas onde eram delineadas as ações a desenvolver a favor dos Face B, designadamente um concerto de solidariedade onde acabaram por participar 13 Bandas de Fafe, um Leilão de Obras de Arte com trabalhos doados pelos próprios artistas plásticos de Fafe, que se fizeram representar, para além da abertura de uma conta na CGD, para quem quisesse participar. Por estas razões, cuja memória o tempo não apaga, independentemente dos resultados financeiros obtidos com a iniciativa, ,que considero irrelevante, face à grandeza do ato, simbolismo e carinho demonstrado, não tenho dúvidas que a mesma foi determinante e teve um peso inquestionável no momento de decidir sobre a continuidade dos Face B. 
O TEMA NÃO ME VOU CALAR, VEM DAÍ?
Sim, enquanto título do disco. O tema "Não me vou Calar", já havia sido gravado em 1992, em K7, ainda nos Estúdios do nosso querido amigo e ex. músico da banda Prof. Artur Costa, com edição da "Metrosom". Porém, era um dos temas que fazia parte do disco que à data do "incêndio" estávamos a gravar em CD nos Estúdios Fortes & Rangel, Lda. - Porto, com o mote 15 Anos 15 músicas, com novos arranjos musicais (Pedro Mouga) e cuja formação contava com o Carlos Costa (Bateria); António Castro (Baixo); Nilton Sila (Guitarra); Jorge Ribeiro (Voz); Pedro Mouga (Teclas); Ana Mouga (Coro 1); Alexandre (Trompete); Paulo André (Saxofone); e Ezequiel Casais (Trombone). Dado o acontecimento e o trabalho estar na fase de edição e grafismo, foi possível, ainda, como "grito de revolta" perante quem, supostamente, nos queria calar, alterar a capa e adotar como título do Disco o nome da música  "Não Me Vou Calar".


DESDE 1982 A RESISTIR A MUITAS DIFICULDADES, MAS TAMBÉM MUITAS HISTORIAS BONITAS PARA CONTAR, TENHO A CERTEZA ABSOLUTA DISSO … OS FACE B MARCARAM VARIAS GERAÇÕES, TEM NOÇÃO DISSO?
Sem dúvida que tantos anos de estrada, tantos quilómetros percorridos e tantos palcos pisados, em alguns dos quais tive o prazer de partilhar ou trabalhar com o meu querido Paulo Matos, fosse como músico ou, mais recentemente, como produtor de espetáculos, ficam imensas histórias boas para contar, e outras mais caricatas, que dariam um livro, certamente. Uma dessas boas experiências, a título de exemplo de gente boa com quem nos cruzamos no mundo dos espetáculos, aconteceu-nos em Santo Tirso, numa festa com milhares de pessoas em que nos cabia a nós tocar em primeiro, em palco próprio, e o "artista" mais para o fim da noite noutro palco, a cerca de 10 metros do nosso. Tudo correu bem durante os testes de som. No momento em que nos preparávamos para iniciar o espetáculo, foi o pânico total quando os técnicos nos dão sinal que e nos apercebemos que o PA não tocava. Depois de tantos assobios do público pelo atraso, os técnicos numa correria a tentar resolver o problema, sem sucesso, e alguns músicos já a chorar, nos quais me incluo, foi o próprio artista que veio ter ao nosso palco tranquilizar-nos, pedir a compreensão do público e garantir que os Face B iriam dar o seu espetáculo. Falou com os técnicos dele, que já tinham dito que não podiam ajudar, e exigiu que fizessem tudo o que fosse possível, apesar de ter um concerto no dia seguinte nos Açores. Foi então que puxaram um cabo à nossa mesa de som, ligaram ao PA deles ( noutro palco, claro) e acabamos por dar o espetáculo normal a tocar no nosso palco com o som a sair no PA ao lado. A minha homenagem ao ser humano Jorge Ferreira . Se tenho noção de que os Face B marcaram várias gerações? O tempo passa mesmo a correr ... Confesso que no dia a dia não tenho essa noção. Mas é verdade que quando vejo o público à frente do palco, quando me abordam na rua sobre os Face B ou vejo os "gostos" e comentários nas redes sociais, de facto é aí que me apercebo o quão velhotes estamos. (ah, ah..) Ou então quando nos dizem: - Sabe, sou fã dos Face B há não sei quantos anos, conheci o meu marido no vosso espetáculo em tal lado e apaixonamo-nos ao som do "Juro-te" e "Não te Mereço". Olhe, a aminha filha ou o meu filho gostam de vocês e já põem as vossa músicas que eu tenho lá em casa. Sabe quem me deu o disco? Foi a minha mãe ... (Ei ...) 
Quando assim é, é um motivo de orgulho e um incentivo a fazermos mais e melhor, até porque são todas essas pessoas a razão de ser da nossa existência e que terão sempre o nosso respeito.  
UMA HISTORIA DE BACKSTAGE, QUE SE RECORDE ASSIM Á PRIMEIRA … E QUE NOS QUEIRA CONTAR ?
Uma história mais séria e difícil de enfrentar foi ter de dormir em Vieira o Minho dentro de uma carrinha abandonada, eu e o meu querido amigo Moisés Teixeira, bem agarrados um ao outro para enfrentar o frio, já que, terminado o concerto, ambos nos tínhamos  afastado do palco (não interessa porquê! eheh..) enquanto os colegas desmontavam e carregavam todo o equipamento para o camião ... Na hora de partirem, dizem que nos procuraram mas vieram para Fafe sem nós. Nesse mesmo dia (Já Domingo à tarde)  com espetáculo marcado para as 15:00 horas em Serafão, acabamos por ir diretos de Vieira, sem tomar banho ou mudar de roupa e desnecessário será dizer que foi só tocar sem falarmos com ninguém ... A outra, não menos "dramática" , em Felgueiras, foi ter de fazer "chichi" de cima do palco, na parte lateral esquerda, enquanto o concerto decorria, depois de suplicar, por várias vezes", ao colega Nelson para parar por alguns minutos para que eu pudesse ir ã casa de banho. Este não acedeu e a minha bexiga não achou piada nenhuma e tive que me desenrascar, mesmo em pleno espetáculo...


FORA DO PALCO, O QUE MAIS GOSTA DE FAZER?
Fora do palco tenho uma vida relativamente intensa, seja no exercício da minha profissão (interrompida a 02 de Agosto de 2020, até esta data)  seja a nível particular ou familiar. Porém, sem prejuízo do tempo que procuro dedicar ã família e que muito prazer me dá e tudo me merecem, adoro andar de mota, ler, ouvir música e, sempre que possível, umas saídas ao fim de semana com amigos para desopilar e desfrutar das boas amizades.
Lamentavelmente e pelas razões que todos sabemos, não posso satisfazer um dos meus maiores prazeres que é assistir a bons concertos de música ao vivo e outros espetáculos. Atualmente, fruto do meu estado de saúde, privilégio o isolamento e o afastamento social, valorizando o contacto com a natureza ...
CORONA VIRUS É ?
Morte, para muitos milhões que, infelizmente, por todo o mundo são infetados; Pânico para a população em geral e organizações de saúde em especial pelas dificuldades e incertezas em como lidar com o vírus e  combater a pandemia; Crise financeira e económica que afeta todos os países do mundo e deixará marcas e contas para pagar a  uma ou mais gerações futuras; Depressão para aqueles que, superando a doença, não resistem às dificuldades e efeitos colaterais da mesma, assistindo-se em todos as atividades da sociedade a múltiplos suicídios, em particular em pessoas ligadas à Cultura e ao mundo do espetáculo    ( música etc) que é, talvez, a atividade que mais tem sofrido pelo impacto das restrições impostas e que tem vindo a "dizimar" empresas e pessoas no que à sua subsistência, vida profissional e responsabilidade familiar diz respeito. Não menos preocupante, a meu ver, é o impacto das medidas que vão sendo tomadas (mas justificadas) que agravam a situação de isolamento dos nossos idosos, em especial os institucionalizados (lares e centros dia) e seus familiares que não podem visitá-los, população esta que mereceria maior atenção dos responsáveis políticos, repensando projetos e investimentos, em função do novo paradigma a que a sociedade  assiste e o mundo parece incapaz de contornar.
A POSSIBILIDADE DE SER INFETADO ASSUSTA-O?
Seria hipocrisia minha afirmar que não me preocupa, mas confesso que tento não entrar em pânico, levando a sério as medidas de prevenção e proteção ao nosso dispor, protegendo-me e protegendo os outros. Por outro lado, diria que me assusta mais, isso sim, admitir que algum familiar meu possa vir a ser infetado, considerando as atividades profissionais que desenvolvem, em que o contacto com a "população" e o distanciamento social são medidas quase impossíveis de aplicar.
TEM FÉ EM DEUS?
Sim. Para além de ter nascido numa família católica, cuja educação e valores transmitidos passaram, em grande parte, pelos valores da igreja e a presença semanal, aos Domingos, nas missas e outros atos religiosos, tenho, ainda hoje, uma grande referência na minha vida, que, para além dos meus Pais, contribuiu definitivamente para uma "vocação" que, não fossem as suas qualidades como homem e como padre (social e culturalmente)  jamais teria a possibilidade de experienciar. "Apaixonei-me", ainda muito jovem,  pelas suas "pregações" e mensagens que, lá do cimo do altar, vestido com o seu hábito de Franciscano e de sandálias deixava os paroquianos presentes encantados. Sim, era um orgulho ver e ouvir o meu Tio Padre António Castro a "pregar" aos paroquianos, e que dele se lembrarão ainda, muitos dos nossos  leitores com mais idade. Convenceu-me. Não porque me tenha pedido, mas porque cada vez que o ouvia me identificava com as palavras que proferia e a forma como as expressava, não deixando ninguém insensível e chegando com toda a facilidade ao coração e razão das pessoas. Foi daí, chegada a idade, falei com os meus pais e submeti-me ao exame de admissão e, aprovado,  ingressei no Seminário de Montariol em Braga, (Ordem dos Franciscanos) instituição  a quem muito devo e me orgulho, seja no meu crescimento enquanto homem, como ser humano e apaixonado pela música, de resto, onde dei os meus primeiros passos e cujos conhecimentos musicais aí adquiridos tiveram uma influência preponderante na minha vida.  

                             

APAIXONADO VAI ATÉ ONDE?
Para já consegui chegar até aqui, já lá vão 58 anos, e ainda apaixonado pela minha família em geral, mulher e filhos em especial (de resto, sem o apoio dos quais não teria chegado até aqui) e, ainda, por tudo o que faço e naquilo em que acredito, como seja alguns amigos e o projeto Face B. Vou até onde? Vou até onde sentir que as pessoas ou instituições em que acredito não me desiludam e não coloquem em causa a minha dignidade, honorabilidade, honestidade e sentido de responsabilidade, valores e princípios de que não abdico seja a nível pessoal, familiar ou profissional. A este propósito, para os leitores, colegas e amigos mais próximos que tão bem me  conhecem e estão informados do meu estado de saúde, não posso deixar de manifestar a minha gratidão pelo apoio demonstrado neste momento tão difícil da minha vida e que, na minha mente, considerava impensável acontecer comigo, sobretudo por motivos profissionais, não obstante os casos que vamos conhecendo ã nossa volta.
FAFE É ?

Fafe é uma pequena cidade mas uma grande vila, com uma história fantástica e grandes nomes que se destacaram na vida política, social e cultural. Nem sempre bem representada ao seu mais alto nível político, tendo em conta o seu número de habitantes e ao seu nível de conhecimento e formação. Espanta-me, e deixa-me profundamente preocupado o nível de conhecimento e competência de alguns atores políticos que nos representam, enquanto mero cidadão, claro.

SE FOSSE UMA “ACTOR” POLITICO EM FAFE, O QUE FARIA EM PRIMEIRO LUGAR? E EM SEGUNDO LUGAR ?

Se fosse um ator político? Pois bem, seria uma total irresponsabilidade falar do assunto, considerando-me absolutamente  apartidário, embora não apolítico. Mesmo assim, e partindo do princípio que não tenho autoridade moral para criticar aquilo que não posso fazer melhor, até porque não teria qualquer hipótese de lá chegar já que a minha maior divergência tem a ver exatamente com o funcionamento dos partidos,  que, em grande parte, prejudica o bom funcionamento da democracia, considero, no entanto, a política um ato nobre, mas em que os seus atores (muitos) não merecem nem a oportunidade nem a confiança daqueles que os elegem. Contudo, enquanto cidadão, permito-me observar que a primeira e segunda medida a tomar, ainda que utópica, seria privilegiar a meritocracia nos quadros do Município, o que, infelizmente, não é levado em consideração pelos sucessivos responsáveis. O resto, vem por acréscimo!

AOS SEUS AMIGOS DIZ, VISITA FAFE PORQUE?

Ao meus amigos ou conhecidos convido-os sempre a visitar Fafe e degustar a sua gastronomia. Sabendo de antemão a surpresa que terão na hospitalidade e simpatia dos Fafenses e profissionais da hotelaria. Advirto-os, porém, que não é garantido terem camas disponíveis e que poderão ter de dormir em Guimarães ou Braga, o que não é confortável. Sugiro uma visita à Barragem de Queimadela, Aldeia do Pontido, assistir, esporadicamente, a alguns bons concertos numa das mais simpáticas e acolhedoras salas de espetáculos do Norte - Teatro Cinema de Fafe;  Visitar o troço de Rally mais carismático e conhecido no mundo dos fãs dos automóveis; Provar a vitela assada à moda de Fafe e os Doces Regionais de Fornelos, etc; Por último, sempre que tal acontece, convido-os a aparecerem em Fafe porque os Face B vão tocar ao vivo... (Ah, ah..)



2021 VAMOS TER MAIS UM TRABALHO EM ESTUDIO DOS FACE B, VERDADE? QUER DESVENDAR UM POUCO DO QUE AI VEM?
É verdade e já vem com algum atraso, para desespero da banda e muitos dos que a acompanham. Não sendo possível publicá-lo ainda em 2020, em 2021 será uma realidade. Será um disco com novos temas originais, (10) alguns deles já experienciados em palco e do qual farão parte os temas " Esquecidos" e  "Mágoas do passado", estes dois já editados no último "EP" de promoção. Nesta data e no momento desta entrevista, posso adiantar que todo o trabalho de Bateria e Baixo (gravado hoje mesmo)  está concluído. É um privilégio  enorme e um misto de emoções estar a desenvolver todo este trabalho no Estúdio SPL, propriedade do amigo e ex. músico da Banda Face B -  Pedro Mouga, responsável, agora, pela gravação, edição e arranjos musicais. Esperamos, sinceramente, que a sensação e recetividade dos leitores seja proporcional ao prazer que nos está a dar gravá-lo.

MUITO OBRIGADO PELO TEMPO DEDICADO AOS NOSSOS LEITORES … UMA MENSAGEM PARA ELES?

Obrigado eu, em nome pessoal e da Banda  Face B. A cada um dos leitores obrigado pela paciência e boa vontade de ler esta entrevista, deixando a todos uma mensagem de esperança e que nunca desistam  de lutar por aquilo em que acreditam. Protejam-se e protejam os vossos! Obrigado e sejam felizes!

                      

                     face b                   

Bateria: Carlos Costa; Baixo e Voz: António Castro; Guitarra Solo: Luís Castro; Guitarra e Voz: Nelson Carvalho; Teclas: João Moura; Saxofone: Paulo Silva; Voz: Jorge RibeiroMúsicas: Autor / Compositor: Nelson Carvalho.  








VIDEO: 
FACE B | Máquinas de Salão | ao vivo Fafe | Festas do Concelho 2014


VIDEO: 
FACE B | Juro 


VIDEO: 
FACE B | Esquecidos | RTP1


VIDEO: 
FACE B | Mágoas do Passado 



Paulo Matos

Fotos de: 
Face B | Município de Fafe MM  
Jornal de Fafe | 29/10/2020

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Há uma Mulher que pode ganhar a Presidência da Câmara já nas próximas eleições

  

https://images.app.goo.gl/efE3UirSUMuxRbA56

Gil Soares, na sua crónica ‘Politicando sobre Fafe’ faz uma excelente análise sobre o panorama actual da política em Fafe. Na verdade, não poderia estar mais de acordo com a sua leitura. Como outros, verifico a ausência dos IPF, no role de nomeados, e, mesmo sem saber a razão, até isso pode ter sido estratégico, afinal o que são hoje os Independentes por Fafe?

O mesmo destino terá o Fafe Sempre se a estratégia seguir o mesmo rumo na sua inclusão ao PS. Uns dirão que são todos socialistas, eu diria que todos procuram o tacho e ponto!

Afinal, há mais gente envolvida nos movimentos e que fica excluída com as uniões que só são beneficiadoras para os líderes, os cabecilhas, os mesmos de sempre.

Já dizia aquele filósofo muito importante:

«Tu és povão e ao povão vais voltar!»

Tudo isto parecem favas contadas. Até diria mesmo que nem precisam ir a votos para vencer. Mas também digo que isto só será assim se os outros partidos continuarem na sua mesquinhez e pensarem estupidamente que são os maiores de Fafe.

Andar a medir pilas já não serve de nada quando as Mulheres já ganharam, finalmente, o lugar que bem merecem e têm os mesmos direitos como os homens.

Só uma mulher poderá dar voltas ao eleitorado. Não é uma Mulher sem nome. Sem rosto. É uma Mulher com uma excelente capacidade intelectual. Com provas dadas em diversas áreas. Com um currículo notável e com uma capacidade agregadora de várias vontades.

Os partidos, aqueles que nunca ganharam nada, os independentes e, muito mesmo, os jovens que não querem saber da política têm aqui uma oportunidade de fazer valer as suas ideias e, assim, em conjunto, construir um ‘Programa’ capaz para a tão merecida transformação de Fafe.

Será que o BE, PC, PSD, CDS e tantos outros cidadãos e cidadãs independentes estão disponíveis para se sentar a construir um programa e apoiar uma candidata para o bem de FAFE?

Nota: As eleições nem sempre são favas contadas. Uma estratégia diferente pode mudar as contas dos partidos. Mas nunca conseguirão sem a humildade necessária e sem colocar de parte ambições pessoais em favor do interesse coletivo. Já agora, a Mulher não é quem estão a pensar... é mesmo alguém que vive Fafe!

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Nota de Imprensa: O CHEGA tem valores. Não se vende por lugares!


 Neste último fim de semana, enquanto o Partido CHEGA se firmava nos Açores elegendo dois deputados, ocorreu também a apresentação oficial da candidatura “Mobilizar com Valores” para as eleições da Distrital de Braga em Fafe, Concelho escolhido por simbolizar a Justiça. No jantar realizado na sexta-feira dia 23 foram apresentados os candidatos e propostas do Programa “Mobilizar com Valores” para os militantes do partido. O cabeça de lista, Ruben Milhão, começa o discurso com uma pergunta: “vocês sabem quanto dinheiro é que está destinado a vir dos fundos europeus para Portugal? Eu vou pedir de forma honesta e sincera que respondam – quem acreditar que este dinheiro vai ser colocado nos sítios certos, para benefício do povo, levante a mão! Isto é sintomático daquilo que se passa na nação portuguesa.” E ainda afirma: “O problema da governação em Portugal não está na capacidade intelectual e na capacidade técnica das pessoas que nos tem governado há 46 anos, o problema está na corrupção governativa que tem dominado a política.” Com isto pretendeu ele enfatizar que o problema tem como raiz os valores dos governantes. É neste sentido que este grupo de militantes decidiu apresentar uma lista candidata ao Distrito de Braga, por entender que será através do CHEGA que finalmente poderão combater a corrupção que tem minado a nação portuguesa nos últimos anos.

Ruben Milhão destaca, ainda, que não será a continuidade daquilo que tem sido feito até o momento

não apenas no Distrito de Braga, mas em todo país. Ao ser apresentado pela ex-vogal da Comissão

Política da Distrital de Braga, Cristina Azevedo, candidata à vice-presidência, reforçou este

posicionamento “Ruben Milhão é a pessoa certa para o cargo certo, e é com ele que nós vamos

devolver Braga ao CHEGA e o CHEGA a Braga… E começamos em Fafe por algum motivo, porque a

nossa luta é pela justiça e Fafe é a cidade da justiça.”

A BELA ADORMECIDA

Fafe está a viver uma espécie de conto da Bela Adormecida. Um fuso que nos eternizou um sono e não nos permite sonhar. Nesse conto existe um plano, denominado Plano Estratégico de Fafe, que prevê 7 medidas essenciais para o desenvolvimento do nosso território, a saber:

  1. Criação de uma agência para o desenvolvimento e requalificação
  2. Elaboração de uma carta do movimento associativo
  3. Criação do plano estratégico para a cultura
  4. Criação do plano geral de urbanização
  5. Implementação da cidade digital
  6. Elaboração do plano de dinamização empresarial
  7. Criação de um agente para a inovação

De entre estas medidas temos coisas tão marcadamente essenciais como criar ninhos de empresas, parcerias de cooperação do tecido empresarial, diversificação da atividade de produção agrícola com aposta na transformação e comercialização, criação de marcas nas empresas, formação especializada a gestores de empresas, centros e plataformas de cooperação, estimulação à participação de agentes, criação de parques de negócios e polos integrados de serviços, dinamização do centro urbano e do turismo rural, aumento da cobertura dos equipamentos sociais, plano integrado do ambiente, etc…

Tudo isto faz parte de um grande plano, auspicioso, arrojado e eminentemente necessário, datado de 2003, sim 2003! Com execução a 10 anos, sim até 2014. Um plano que já fazia falta há 17 anos atrás e que ainda hoje lá está, dormente, à espera de ser concretizado enquanto nós continuamos assim, entorpecidos, à espera de ser acordados e enquanto a nossa "bela" continua assim… anacronicamente adormecida, à espera de um beijo que a devolva à vida.

Clara Paredes Castro

+ INFO: Plano Estratégico do Município disponível para consulta aqui


Foto: José Carlos Santos in Olhares

Imagem: wikipedia

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

RUÍNAS NO CASTRO DE SANTO OVÍDIO VÃO SER REABILITADAS


 

As ruínas arqueológicas no Castro de Santo Ovídio, trazidas à luz do dia nos anos 80 do século passado, vão ser alvo de uma intervenção no âmbito de um protocolo “relativo a obras, entre a Junta de Freguesia de Fafe e o Município".

Abandonadas em 1985, as ruínas postas a descoberto na vertente leste do outeiro de Santo Ovídio, beneficiaram de sucessivas acções de limpeza, realizadas nos anos 90 do século XX e em inicio do século XXI.

Classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1980, o Povoado Castrejo de Santo Ovídio carece de intervenção compatível com a sua importância cultural, cientifica e enquanto potencial turístico.

Em boa verdade, o Castro de Santo Ovídio vem à baila em períodos eleitorais, mas acaba por ser esquecido pela tutela do Património e pela autarquia.

Em 3 de Outubro de 2015 ruiu parte de um muro de suporte junto ao alicerce de uma casa circular de tradição castreja. Apesar dos apelos à preservação das ruínas, só agora, passados 5 anos, é possível um pequeno investimento, que visa consolidar as estruturas arqueológicas; uma acção fundamental para a conservação do conjunto bimilenar.

Pelo que conseguimos apurar, a Câmara Municipal vai, muito em breve, proceder à limpeza das ruínas e área envolvente, criando condições para uma intervenção de consolidação. Uma obra adjudicada, por ajuste directo, a Joaquim Antunes Vieira, pelo valor de 12.800.00 Euros, com um prazo de execução de 60 dias. http://www.base.gov.pt/

Os trabalhos preconizados deverão ter início já no mês de Novembro próximo e serão acompanhados por técnicos ao serviço do Município de Fafe.

Atente-se a este tipo de intervenção em ruínas arqueológicas com mais de 2000 anos, sendo conhecido o estado crítico de algumas estruturas, é muito sensível, exigindo um acompanhamento especializado em conservação e restauro, que garanta o sucesso dos trabalhos.

Vale mais tarde que nunca, é a máxima… mas que seja bem feito é o que se exige desta louvável iniciativa, que vou acompanhar com enorme expectativa.

Fafe tem aqui a oportunidade de começar a olhar para o monte de Santo Ovídio com mais atenção e maior ambição.

Jesus Martinho





O POVOADO CASTREJO DE SANTO OVÍDIO

 

           O Povoado Castrejo de Santo Ovídio localiza-se a cerca de um quilómetro do centro da cidade de Fafe, no lugar com a mesma designação, onde se ergue uma elevação com uma altitude máxima de 332 metros.

O promontório, de configuração sub-cónica, destaca-se no vale do rio Vizela que corre perto do sopé da vertente oeste deste monte consagrado ao Santo Ovídio

O “Castro” de Santo Ovídio, como também é conhecido, foi dado a conhecer no último quartel do século XIX. Nessa altura, durante as obras de reconstrução da capela e escadaria foram encontrados vestígios arqueológicos que inequivocamente provaram a existência de um “habitat” castrejo em Monte “Crasto” ou Monte de Santo Ovídio. Alicerces de antigas construções, moedas romanas, fragmentos cerâmicos e sobretudo o achado de uma estátua de guerreiro galaico chamariam a atenção de curiosos e “caçadores de tesouros”.

Nos inícios do século passado chegaram a ser efectuadas escavações na plataforma superior do monte à procura de riquezas imaginadas pelo povo.

Durante muitos anos o sítio arqueológico do Monte de Santo Ovídio ficaria esquecido e só em 1980 viria a ser alvo de atenções. A abertura de um estradão na base da vertente leste da elevação, revelou um conjunto de estruturas arqueológicas que motivaram o embargo da obra por parte da Autarquia. Neste mesmo ano foi chamada a intervir a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho que realizou cinco campanhas de escavação, entre 1980 e 1984, inteiramente financiadas pela Câmara Municipal de Fafe.

Numa área total de aproximada aos 600 m2, foi descoberto e estudado um notável conjunto de ruínas arqueológicas que levariam à classificação do povoado como Imóvel de Interesse Público, conferindo-lhe protecção legal directa do órgão da tutela, o Ministério da Cultura.

Embora não se tenham ainda realizado estudos mais pormenorizados em plataformas mais elevadas, é muito provável que a génese do povoado tenha ocorrido no decurso da segunda metade do 1º milénio a.C.




O conjunto arquitectónico posto a descoberto na base da vertente leste do monte de Santo Ovídio, representa uma pequena parte da real potência arqueológica deste antigo “habitat”.

Ao invés da maioria dos castros do noroeste, no presente caso não são visíveis vestígios evidentes de muralhas. Este facto deve-se às boas condições naturais para defesa, bem patentes na morfologia das vertentes norte e oeste.

Apesar de não serem notórias linhas de muralha, sabe-se que pelo menos a vertente leste foi defendida por um fosso.

As ruínas visíveis correspondem à última fase de ocupação do Povoado, entre finais do séc. I a.C. e os princípios da nossa Era.

Uma rua com pavimento lajeado dá acesso a uma zona habitacional onde coexistem habitações de tradição indígena (planta circular) e de influência romana (planta rectangular). Podem ainda observar-se pequenas áreas exteriores lajeadas, sulcos abertos no areão granítico para drenagem, muros de suporte delimitadores do "bairro" e fossas detríticas.

A enorme importância científica e patrimonial do Povoado Castrejo de Santo Ovídio é inegável, representando uma das mais importantes reservas arqueológicas do concelho de Fafe. 

Numa cidade que tanto carece de atractivos turísticos, pensamos que todo o monte de Santo Ovídio deveria ser melhor aproveitado, criando-se ali um Parque Arqueológico com centro interpretativo, valorizando-se assim uma potência turística latente, aqui tão perto…

 

Jesus Martinho

           

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

 

 

domingo, 25 de outubro de 2020

“UM OUTRO OLHAR” – RICARDO SOUSA: UM EMPRESÁRIO DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL, APAIXONADO PELA NATUREZA



Bom dia Ricardo, agradeço – te por teres disponibilidade em participar nesta entrevista. Conhecemo-nos à pouco tempo, por intermédio de um amigo comum, numa caminhada emblemática ao longo do Rio Vizela. A nossa conversa foi muita agradável acerca do futuro de FafE, das suas gentes e Suas tradições; no entanto, o teu percurso, o teu perfil de empresário de sucesso e a tua paixão pela Natureza, me sensibilizaram em te convidar para a nossa entrevista. Neste sentido, a minha primeira pergunta é da praxe e é mais pessoal: gostava que me partilhasses as tuas origens, o teu percurso escolar e formativo. Eras bom aluno? Gostavas de estudar? Tens alguém na tua família ou amigos como modelo empreendedor?

Olá Filipe, em primeiro lugar quero dar-te os parabéns por esta iniciativa, fico muito honrado pelo convite.
As minhas origens são humildes! Eu sou o mais velho de quatro irmãos. O meu pai faleceu quando eu tinha cinco anos. Frequentei a escola primária do Calvário em Golães, onde tive a sorte de ter como professora a D. Maria Cunha Carvalho, a quem estou grato pela ajuda que me deu na altura e, principalmente, por nunca me fazer sentir inferior aos colegas com outras condições sociais/económicas. Infelizmente senti-o em muitas outras situações!

Continuei os estudos no ensino preparatório na antiga Escola Montelongo – local que recentemente foi convertido no novo Posto da GNR – mas, apesar de ser bom aluno, cessei a minha carreira estudantil no 6º ano, pois tive de começar a trabalhar bastante cedo para ajudar nas contas de casa. Ainda assim, posso considerar que tive uma infância feliz e, apesar das dificuldades, a minha mãe, com muito esforço, conseguiu que nunca nos faltasse o essencial.


Como surgiu a ideia de ser empreendedor?

Como eu já referi, comecei a trabalhar bastante cedo o que,  por um lado, foi difícil mas também me permitiu ganhar conhecimento e responsabilidade, tendo quase sempre trabalhado na construção civil onde fiz todo um percurso de aprendizagem desde servente até técnico de obra.  

A criação da minha empresa acabou por ser um passo natural, o qual já ambicionava há algum tempo, pois entendia ter as competências e conhecimento para avançar.

Infelizmente, não tenho qualquer formação em gestão de empresas. O que sei aprendi pesquisando na internet, através de conversas com gestores amigos e, fundamentalmente, através da leitura de livros de vários gestores portugueses e estrangeiros, dos quais destaco um em particular: “A história da IKEA”, um livro que tem vários e interessantes conceitos sobre o negócio.



A empresa que diriges, atualmente, foi criada em 2007. Conta-nos mais sobre a trajetória da tua empresa até à data de hoje, partilhando-no nos as suas atividades, os seus produtos e serviços e a sua dimensão em termos de mercado e humano.

Nós iniciámos a atividade no dia 13 de fevereiro de 2007, redirecionados para o mercado do comércio e serviços, pois tinha bastante experiência nessa área. A nossa primeira obra foi em Fafe, mas passados quatro meses já tinha três viaturas novas na estrada com equipas a trabalhar em Braga, Lisboa e Barcelona. Apesar de todo o nosso empenho tenho que reconhecer a ajuda importantíssima de um bom homem e empresário fafense de sucesso e, na altura, o nosso melhor parceiro/cliente - o Eng.º Paulo Baptista – mantendo-se ainda hoje nosso parceiro!

Os primeiros anos foram de muito sacrifício e trabalho árduo, só possíveis graças a uma equipa excecional o que nos proporcionou um rápido crescimento. Em 2010, em resultado da crise financeira, que teve como consequência a vinda da Troika para o nosso país, sofremos um revés: - o nosso melhor cliente,   fruto da crise que se instalou no sector da construção, teve uma grande quebra de encomendas e que, naturalmente, se refletiu na ARGS.  Sendo, até agora, o único ano em que a faturação da empresa sofreu uma diminuição.

Ao invés de ficar a lamentar, pela crise instalada, procurei soluções para tirar benefício da mesma! Nós tínhamos uma excelente equipa! Só tínhamos de conseguir demostrar isso ao mercado. Foi então que decidi investir na área metropolitana de Lisboa, tendo a empresa adquirido um imóvel para servir de alojamento aos nossos colaboradores e passarmos a ser quase uma empresa lisboeta.

Este passo revelou-se fundamental para o crescimento e desenvolvimento da nossa empresa!

Durante os anos de 2011 a 2015, período em que o nosso país esteve mergulhado na crise económica e financeira, nós conseguimos quadruplicar a nossa faturação! Hoje, Lisboa continua a ser muito importante para a empresa! Já vendemos o primeiro imóvel e adquirimos outros dois, de maior dimensão, numa zona mais estratégica, o que nos permite entre 30 a 40 minutos chegar a qualquer cidade da área metropolita de Lisboa, desde Setúbal até Santarém.

Em 2016, obtivemos a classificação de PME Líder, atribuída pelo IAPMEI, que temos conseguido manter/renovar desde então. Por vezes, em tom de brincadeira, digo aos meus amigos que a ARGS é penta PME Líder!

Atualmente, a ARGS tem cerca de 65 colaboradores e trabalhamos em parceria com algumas empresas de referência do nosso país em diversas áreas da construção civil, desde o comércio e serviços, hotelaria, reabilitação urbana e residencial. O nosso mercado prioritário é a área metropolitana de Lisboa e a zona litoral norte, sendo que, por vezes, para acompanhar os nossos parceiros trabalhamos em todo o país e, até, no estrangeiro, onde já realizámos trabalhos em Espanha, França, Itália e Reino Unido!



Quais são as dificuldades que encontras na gestão do dia a dia do teu negócio?

Diria que a principal dificuldade/desafio é a falta de mão de obra qualificada. A juventude não vê na construção civil uma alternativa de futuro e a nossa sociedade está focada em formar licenciados ou então em realizar formações profissionais que não têm em conta as necessidades do mercado, esquecendo-se de formar trabalhadores para a indústria e construção,  onde muitos jovens poderiam ter um futuro e terem um salário acima da média, pois os bons profissionais são muito bem remunerados.

Outra grande dificuldade é termos um Estado que maltrata as pequenas empresas e está constantemente a mudar a legislação.


Quais são as maiores satisfações e desilusões que tivestes, até agora, com tua empresa?

A minha maior satisfação é a minha equipa! Ao longo destes quase 14 anos de atividade tenho tido ao meu lado homens fantásticos que vestem a camisola com muito empenho e sem eles nada disto seria possível!

As desilusões, felizmente, têm sido poucas e rapidamente ultrapassadas.

 


Quais são os próximos desafios para a tua empresa?

O nosso maior desafio é manter a qualidade e capacidade de resposta que fez e continua a fazer com que os nossos principais clientes/parceiros confiem em nós.

Outro desafio será fazer crescer e solidificar a irmã mais nova da empresa - a Args DOMUS. No nosso plano estratégico, para os próximos anos, iremos lançar empreendimentos imobiliários: -inicialmente em Fafe, porque é a nossa terra e que queremos ajudar a crescer e depois será o mercado a indicar-nos o caminho!

Fruto da experiência adquirida, a Args DOMUS irá trabalhar em parceria com gabinetes de arquitetura, numa atividade direcionada para o mercado residencial, em que iremos propor um conceito diferenciador pelo seu design, qualidade e compromisso, ingredientes a que juntaremos a nossa paixão!

 



Quais são as características pessoais mais importantes para a A.R.G.S Construções? Isto é, que importância dás às relações internas e externa na empresa?  E para ti como empresário, quais são os contactos mais importantes? Fornecedores, clientes, pessoas de influência?

Uma empresa é feita de pessoas pelo que o mais importante são sempre os colaboradores. Dentro do possível tento estar presente quando eles precisam e fazer com que se sintam parte da família ARGS.

Todas as empresas com quem trabalhamos, sejam clientes ou fornecedores, são parceiros do nosso negócio, por isso mesmo gosto de privilegiar parcerias duradouras e benéficas para ambas as partes.

Como te vês como pessoa? Como lidas com o fracasso e o sucesso?

Esta é uma das situações em que fui evoluindo ao longo dos anos. No início não valorizava muito o sucesso e ficava bastante desagrado com o fracasso.

Atualmente, gosto de saborear um pouco o sucesso, que me tem servido de motivação adicional.  Sabendo que somos como os jogadores de futebol, todos os dias temos de continuar a “marcar golos”. O segredo reside em quando algo corre menos bem!  Percebermos o porquê e se possível transformarmos esse problema em proveito no futuro!

Consegues conciliar, no teu dia a dia, a vida profissional e pessoal?

Esta conciliação é algo em que ainda tenho de melhorar. Nos primeiros anos da empresa fui um pai e marido bastante ausente. Felizmente, a minha esposa conseguiu suplantar esta minha falta e fez um excelente trabalho com os meus filhos. Atualmente, já sou muito mais presente, embora ainda tenha de equilibrar melhor as duas situações.

 

No teu percurso de empresário, queres partilhar um momento único positivo ou negativo ou até anedótico que te marcou? 

Poderia dar inúmeros exemplos, mas tenho de referir que os momentos mais positivos que passei nestes anos têm sido o reconhecimento da equipa/família ARGS.

Pode parecer exagerado, mas já fiquei emocionado com a entrega e empenho dos nossos colaboradores em algumas situações, prejudicando a sua vida pessoal!

Momentos anedóticos… em todos estes anos dava para uma noite! O melhor de tudo!

Se tivesses um conselho a dar a um jovem empreendedor perante o estado atual da Economia, qual seria?

Primeiro terá de conhecer o negócio em que se vai lançar! Depois, perseverança e empenho! E, de cada vez que as coisas não correram como planeou, analisar os erros e voltar a tentar. Costumo dizer que se fosse fácil não era para nós!

Aproveito para dizer que os nossos jovens, nas escolas (2º e 3º ciclos), deveriam de ser incentivados a serem empreendedores. Nós temos provavelmente a geração mais bem preparada de sempre e qual será o futuro deles? Não irão ser todos funcionários públicos – que reconheço a sua importância na sociedade, mas cujo número será sempre limitado – e, se também não tencionam emigrar, o que lhes resta? Temos de incentivar e ensinar os jovens a serem empreendedores e, na minha modesta opinião, é uma das saídas para o mercado de trabalho que mereceria outro tipo de atenção.

 


A crise atual associada à Pandemia COVID-19, afetou-vos na vossa forma de trabalhar? na competitividade da empresa, nas relações com os clientes? De forma negativa ou positiva?

Esta pandemia veio, claramente, criar mais custos e constrangimentos para as empresas, seja em termos de prevenção, seja de despiste.  Inclusive, já tivemos de efetuar e pagar testes a colaboradores da empresa.

Como já referi, anteriormente, nós trabalhamos em parceria com os nossos clientes o que nos permite fazer algum planeamento a médio prazo. Apesar do setor da construção civil não ter sido particularmente afetado pela pandemia, com exceção dos meses de março e abril onde registámos alguma quebra da atividade devido ao confinamento, neste momento o nosso maior foco de preocupação acaba por ser a incerteza em relação ao curto prazo, pois estamos dependentes da evolução da pandemia.

Penso que, também, aprendemos algo de positivo da qual iremos tentar aproveitar em futuros projetos.

 


Finalmente, transitando a nossa entrevista para uma parte mais pessoal, pretendia saber em primeiro lugar, como te surgiu essa paixão pela Natureza?

Acho que vem desde criança! No nosso tempo de meninos passávamos muito tempo fora de casa, nos montes, nos rios… Desde Santa Rita até pouco antes da Ponte Nova devo ter nadado em toda a extensão do rio Vizela. Nos campos vivíamos em comunhão com a Natureza. Fui, também,  escuteiro, o que ajudou a ganhar esta paixão.


Em segundo lugar, sei que és uma pessoa com espírito empreendedor e de causas e para tal pretendia te lançar o seguinte desafio. Amanhã, é lançado uma 2ª edição do Orçamento Participativo Fafense, qual seria o projeto que submetarias a voto?

Tenho de referir o percurso pedestre entre Fafe, Travassós e a barragem da Queimadela ou na extensão do “vale encantado”, como eu lhe costumo chamar. O “vale encantado” do Rio Vizela, tem a associação “ADTTR-Travassós Running” a realizar um trabalho fantástico, a quem desde já agradeço! Aliás, o percurso só possível ser frequentado, atualmente, porque eles fazem a limpeza do mesmo. Com poucos recursos seria possível efetuar a reparação de muros e sinalização do percurso e poderíamos acrescentar mais uma opção às pessoas que procuram Fafe e, tendo em conta a atual procura pelo turismo de Natureza, seria um êxito com toda a certeza!

Tenho a certeza que será uma questão de tempo até que esse projeto seja executado!



Finalmente, tenho as seguintes perguntas e peço-te uma palavra ou frase de resposta para cada uma delas:

Hobbies?

Caminhar, andar de bicicleta e ir a concertos, que saudades eu tenho dos concertos!

Local de Férias preferido?

O interior do nosso país, desde o Minho, Douro, Aldeias históricas e o nosso Alentejo. Adoro o Alentejo!

Adoras?

Honestidade.

Detestas?

Hipocrisia e ingratidão.

Música preferida?

“Nessun dorma”, interpretada por Andrea Bocelli.

Prato preferido?

Vários, sou muito bom garfo!

Restaurante preferido?

Tenho de dar a mesma resposta: vários, a vantagem do meu trabalho é viajar muito, portanto…

Desporto preferido?

Futebol e ciclismo.

Qual é o teu clube?

Apesar de gostar muito do nosso Fafe e inclusive ser patrocinador. O Glorioso, Benfica!

Se não fosses empresário, eras?

Técnico de obra, mas desde muito cedo que tinha este objetivo.

Se tivesses a oportunidade de mudar algo no teu percurso profissional, seria o quê?

Se tivesse tido oportunidade teria estudado, como não tive não mudava nada.

O que representa Fafe para ti?

Fafe é o meu refúgio, a minha paz, a minha casa… Tenho muito orgulho em ser Faf(é)nse!

Se amanhã, fosses um eleito político local, que medidas no setor económico ou outro, implementavas?

Um gabinete de apoios às empresas e investidores para ajudar a simplificar a nossa pesada máquina burocrática. Atenção, não estou a falar de subsídios, pois na minha opinião os subsídios desvirtuam a concorrência.

Qual é a tua regra de Ouro?

Princípio e caráter!

Há algo mais que gostarias de dizer, que não foi abordado?

Sim, agradecer à minha família que passou muito tempo sem mim. À minha esposa que foi, muitas vezes, mãe e pai!  Sem eles não teria conseguido ter este percurso de vida.

Obrigado por esta oportunidade Filipe. Mais uma vez parabéns por esta iniciativa!