JORNALdeFAFE: habilitações
literárias e profissionais...
NUNO VASCO LOPES: Eu sou um apaixonado pela vida. Adoro
a minha família, os momentos de lazer com os amigos, fazer desporto e a minha
profissão. Esta paixão pela vida desperta em mim uma vontade insaciável de
procura por mais conhecimento e aquisição de novas experiências. Movido sempre
pela paixão, tento conciliar a minha atividade desportiva de treinador de
kickboxing com a atividade profissional de consultor, investigador, professor
universitário e diretor no Laboratório Nacional para a Transformação Digital.
Ao nível desportivo, comecei a praticar judo aos 6 anos, patinagem aos 9 anos,
hóquei patins aos 10 anos, na escola secundária andei no curso de desporto dos
14 aos 18 anos e comecei a praticar kickboxing aos 23 anos. Ao nível académico,
tirei o curso de Engenheiro Eletrotécnico, ramo da computação na UTAD, Erasmus
na Universidade de Bristol, mestrado em Telecomunicações na Universidade de
Vigo, doutoramento em Ciências da Computação na Universidade do Minho,
pós-doutoramento em Internet das Coisas na Universidade de Coimbra e
pós-doutoramento em Governação Eletrónica e Cidades Inteligentes na
Universidade das Nações Unidas.
JORNALdeFAFE: Fafe tem tudo o
que é preciso ou há áreas que merecem mais atenção para a qualidade de
vida dos seus habitantes?
NUNO VASCO LOPES: As cidades que têm pouca atividade
económica perdem os seus recursos humanos mais qualificados para os centros
urbanos de maior atividade económica, que se deslocam à procura de melhores oportunidades
de trabalho e condições para a criação da sua própria empresa, fenómeno
conhecido como fuga de talentos para centros urbanos mais industriais e
sustentáveis.
A
competitividade dos países, das cidades e das empresas, mede-se essencialmente
pelo seu nível de desenvolvimento tecnológico. Os países mais desenvolvidos do
mundo, e as empresas que lideram o mercado no seu sector, são também os mais
desenvolvidos tecnologicamente. Quem não souber tirar partido das vantagens das
tecnologias mais avançadas, vai certamente perder competitividade, enfraquecer
a sua economia e colocar em causa a sua própria existência. Sendo, portanto, o
desenvolvimento tecnológico um fator essencial para a competividade e
crescimento económico das cidades e empresas, eu diria que esta é a área que
nos merece maior atenção, por forma a garantirmos a sustentabilidade do tecido
económico local.
JORNALdeFAFE: O que representa esta cidade para si?
NUNO VASCO LOPES: Numa palavra, representa uma boa parte
da minha identidade. É nesta terra
que estão os meus familiares, muitos dos meus amigos, principalmente os de
infância, os clubes onde pratiquei desporto, algumas instituições com quem
trabalhei, onde iniciei a minha atividade associativa e política, onde estão
alguns dos locais onde fui e sou muito feliz. Todas estas recordações fazem de
mim o que eu sou e são uma parte muito importante da minha identidade. Quando
me pedem para falar sobre mim é incontornável falar também sobre a minha terra.
Em 2015, quando fundei a ADFcombate, fui movido por essa forte identidade de
pertença à comunidade fafense. Hoje, tento trespassar aos meus atletas a
importância dessa identidade e penso que tenho tido bastante sucesso nessa
minha pretensão, vendo a forma como eles vestem a camisola ADFCombate. Sem que
ganhem um tostão com isso, muito pelo contrário, participam ativamente em todas
as atividades organizadas por nós ou em que somos convidados, nunca recusando
um convite que seja.
JORNALdeFAFE: O que mudaria
na gestão da cidade?
NUNO VASCO LOPES: Cabe aos governos locais definir e
implementar as políticas mais adequadas para o contexto local onde o município
se insere. Políticas que fomentem e estimulem o crescimento económico e o
bem-estar dos cidadãos. Em Fafe, e na maioria das cidades a nível mundial, os
agentes governativos não têm sensibilidade para importância de utilizar modelos
de governação sustentáveis para a gestão dos seus municípios. Um bom modelo de
governação deve contemplar princípios como transparência, participação,
pluralidade, ética e responsabilidade pública. Sendo a governação, a dimensão
responsável por gerir todas as restantes dimensões da cidade, entre as quais, a
economia, a mobilidade, a ambiente, o capital humano e o bem-estar, eu diria
que a primeira coisa que mudava em Fafe era o governo local.
JORNALdeFAFE: Fafe tem marca
própria ou precisa afirmar-se fora dos seus muros?
NUNO VASCO LOPES: Fafe ainda tem uma imagem negativa
associada a si, de povo do cacete, de violência, construída e alimentada
durante décadas, que prejudica a cidade. Nos últimos 5 anos, o município e a
ADF, têm feito um esforço considerável e louvável para desconstruir esta imagem
de terra do cacete e caceteiros, substituindo-a por terra justa e justiceiros.
O município teve uma excelente iniciativa ao criar o evento anual terra justa,
porém foi demasiado leviano ao querer colar-se como principal defensor da
Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, sem primeiro fazer
o esforço de dar o exemplo com ações concretas. Refiro-me a ações como projetos
e atividades que implementem e promovam os bons princípios da governação e planos
de ação para o cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável até
2030 das Nações Unidas. Invés disso, o município apenas se preocupou com o
marketing de “terra de justa”, esquecendo-se que para ser reconhecido por essa
marca, a nível nacional e mundial, de embaixadores da justiça devemos primeiro
dar o exemplo com ações concretas. Fafe tem todo o potencial para se afirmar
nacionalmente e internacionalmente, precisa apenas de uma boa liderança. Uma
liderança forte, apaixonante, visionária, conhecedora, capaz de traçar uma
estratégica e um plano de ação que coloque Fafe noutro patamar de
desenvolvimento.
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