Tenho o
nono ano de escolaridade, frequentei a Escola Primária da Devesinha, o colégio
Dão Diogo de Sousa, até ao 7 ano, e a escola secundaria de Fafe até ao 8 ano,
depois completei o 9 ano na AEF. Anos maravilhosos, que recordo com muita
saudade, desde os amigos de escola, os funcionários, os professores… que que em conjunto com os meus pais, me
ajudaram a ser a pessoa que hoje sou.
Em 1993(com 16 anos) a 1996, com
o objetivo de um dia puder ser “independente”, deixei os estudos por opção e
fui trabalhar para a empresa do meu pai e do meu tio “Moveis Bruno” e em
paralelo,já fazia as funções de músico, management, agenciamento, produtor de
alguns espetáculos. Atividade que a partir de abril de 1997, comecei a
desenvolver como profissional fixo, montando a minha própria marca.
Ao longo de
todos estes anos, sinceramente não sei dizer a quantidade de concertos ou
eventos que produzi, agenciei e participei. Diretamente, serão mais de 2500 (em
território nacional (continente e ilhas) e território internacional) … Muitos
mais serão… Tenho todos apontados, todos fixos na memória!Um dia faço a
contabilidade global e mando escrever um livro, está na moda.
Sei que fiz
ao volante o país de uma ponta à outra, não sei quantas vezes, mas foram
muitas, mesmo muitas vezes…. Bons tempos!!! Algumas vezes, parava a meio para
visitar. Outras, para poder apanhar o avião, fosse em Lisboa, ou fosse no
Porto.Outras para ir parar no hospital, como aconteceu na semana académica dos
Açores em 1997, num concerto com os Xutos & Pontapés, e em 2001 durante as
festas do concelho de Fafe, muito stress, pouco descanso… Vida de
estrada!Só entende quem por lá passa. Houveram mais idas aos hospitais, mas
estas já chegam para exemplificar…
Música,
moda, teatro e televisão são as áreas onde atuei desde 1995, em muitas festas
populares/religiosas pelo país, semanas académicas (Fafe, Figueira da Foz,
Madeira, Açores, Vila Real, Coimbra, Minho, Lisboa, Almada, Oliveira do
Hospital, Mirandela, entre muitas outras localidades do país), festas
concelhias por todo país, digressões com vários artistas nacionais e
internacionais.Foram a minha área de atuação ao longo da minha carreira
profissional. Infelizmente agora está parada por obrigação do governo. Por
causa desta pandemia devido ao corona vírus.Espero agora pelo futuro, para
poder rapidamente dar continuidade aos vários projetos de estrada, que
estava a liderar para o ano de 2020 e 2021…
É com muito
orgulho que sou Diretor de Produção e Produtor dos espetáculos principais das
festas do concelho de Fafe desde 1997.Embora como produtor faço as festas desde
1996. Por isso, quero deixar o meu agradecimentoà Associação Empresarial de
Fafe, Rancho Folclórico de Fafe, Banda Faz de Conta, Empresa Municipal de
Turismo, Naturfafe, Cofafe, Grupo Nun’Alvares, Município de Fafe, entidades que
muito me ajudaram a crescer e que confiaram sempre no meu trabalho e nas
equipes que dirigi. Sem eles o meu percurso nunca teria sido o mesmo.
A Semana
Académica de Coimbra, o Natal dos Hospitais, os vários programas televisivos
que produzi e agencie para a RTP, são marcos de uma carreira que é enorme e
diversificada nas áreas dos eventos, com muitos espetáculos em Portugal
Continental, Ilhas e pela Europa, junto das nossas comunidades.Muito trabalho e
muita estrada! Tenho imenso orgulho e prazer de ter trabalhado e aprendido
muito com técnicos excelentes, desde a montagem dos palcos, camarins,
estruturas, geradores, backline, som, iluminação, vídeo, road managers,
produtores.
Muitos
foram os artistas que tive o privilégio de coordenar os seus concertos e espetáculos
como: Luz Casal; The Waterboys; Boney M; Patrice; Gentleman; Ivete Sangalo;Fafá
de Belém; Daniela Mercury; Calema; Pedro Abrunhosa; Amor Electro; Delfins;
Quinta do Bill; Paulo de Carvalho; Simone de Oliveira; The Kelly Family; Toni
Carreira; Paulo de Carvalho; Jorge Palma; Neguinho da Beija Flor; Mariza; Clã;
Deolinda; Ana Moura; Xutos e Pontapés; Amistades Peligrosas; D´zrt; Harlem
Gospel Choir; Aurea; The Gift; Marco Paulo; Mafalda Veiga; Alcoolémia;
Moonspell; Peste & Sida; Liquido; Asher Lane; Gabriel o Pensador; Los del
Rio; Orishas;Luís Represas; Fernando Pereira; Os Malucos do Riso; Agir…
São alguns dos mais de 700 artistas com quem já trabalhei.
Quando
iniciei esta atividade, consciente do desgaste, dizia que seria até aos 40
anos.Hoje perto de completar 43 anos, vivo o drama de toda a “malta” dos
eventos, fomos os primeiros a parar e não sabemos quando poderemos regressar.
JORNALdeFAFE:
FAFE TEM APOSTADO NA CULTURA?
Paulo Matos: Ao nível cultural, em Fafe muito se tem feito ao longo
dos anos. Isso é um facto e penso que até o mais distraído consegue ver isso …
O município, as associações, e alguns agentes particulares, têm feito um
trabalho positivo pela cultura em Fafe. Embora,por vezes faça uma ou outra
crítica, sempre construtiva e sem “maldade” nenhuma.Críticas fundamentadas na
minha visão, pelo que vejo e analiso aqui ao longo dos anos e em
vários concelhos do nosso país. Gosto sempre de fazer esse exercício
de comparação, comparar o que aqui se faz, a forma como se faz e o seu
resultado no final.Faço essa comparação com os vários municípios com quem
trabalho pelo país. Seja num evento pequeno, médio, ou numa enorme feira/festa
por exemplo. É uma junção de pensamentos, que analiso o que fazem bem fora e
que tento transportar sempre para a terra que amo, que é a minha, Fafe.
Julgo que ao longo dos anos tem
existido, uma falta, falha ou défice de planeamento, alguma falta de rasgo, e
até alguma falta de visão também, para se trabalhar o assentar um plano, de
raiz, com chão, suportado num guião devidamente coordenado. Um projeto que
pense, que faça acontecer, que atraia, que saiba educar, para
se poder ter mais e produzir mais, para se exportar também o que se
faz cá, os produtos dos nossos eventos, a nossa cultura, as nossas raízes,
para o exterior, seja na área que for. Afinal temos muito para mostrar,
muito para dar em Fafe e a Fafe. Temos mesmo muito!!!
Penso desde há muitos anos, que existe
em Fafe a necessidade urgente da criação de um plano politico/cultural.Por
exemplo, um plano em que se junte todos os eventos do território do
nosso concelho, que possa potenciar o que de bom se faz por cá.Uma agenda
anual bem promovida e bem sustentada, devidamente comunicada mensalmente, de 15
em 15 dias, ou até de 8 em 8 dias, agora com as redes sociais isso pode ser
feito ao segundo, basta querer.
Se observarmos ao longo dos
últimos anos, Fafe tem tido boas programações culturais ano após ano, com um
investimento brutal, por parte da autarquia, de fazer inveja a
muitos concelhos pelo país, mesmo sendo menor o investimento de
algumas associações, ou organizações privadas. Mas parece-me assim uma coisa
desfasada, sem harmonia, com défice enorme de coerência.O retorno tem sido
pouco ou nenhum, diria muito pouco infelizmente.Espero sinceramente que o que
penso não seja o real, gostava que o real fosse diferente.Penso que nunca se
fez um estudo para perceber o impacto destas iniciativas. Caso tivesse sido
feitopoderíamos estar agora aqui com outro tipo de avaliação, mas há muito a
mudar.
Não podemos “sair à rua”, só a
culpar a autarquia, o presidente ou o vereador. Os eventos fazem-se, o
investimento é feito, quer a nível económico, tempo, serviços,etc… Ao
nível de impacto promocional/retorno económico, penso que de factopouco
ganhamos com o que se tem feito e é uma pena.
Para tentar não ser derrotista, e
querendo ser otimista, parece-me que se poderia tirar outro rendimento do que
se faz. A promoção dos eventos, das ações, sai quase sempre tarde, muito pouco
marketing positivo à volta das ações que se fazem, não há envolvência, ou pouca
há, ou há quando convém que haja e aparece num formato tipo industrial e
instantâneo.Julgo que não devia ser assim, porque aí o investimento também é
feito e se formos verificar as rubricas percebemos que existe grande orçamento,
portanto deveria ser mais bem rentabilizado…
Temos locais fantásticos em Fafe para se
trabalhar a cultura, as artes, a indústria criativa. Temos uma sala
belíssima, uma das mais bonitas do país, quase sem espaço na sua agenda mensal
(o que é muito bom sinal), bem equipada, mas isso não chega, ou parece que
não tem chegado. Infelizmente temos alguns exemplos de espetáculos com as
salas constantemente vazias ou quase e outros onde até o público fica no palco,
ao pé dos artistas, é bonito do ponto de vista “para a foto”. Mas é uma pena
para o seu global e retira potencial ao todo, seja em que situação for, mas
falo também por mim, por experiências minhas, a organizar ou a produzir.
Já fiz concertos no multiusos para 100
pessoas, e até menos, uma tragédia.No teatro cinema quase vazio.Em praças ao ar
livre com pouquíssimo público.Aliás conheço organizações que desde o início da
preparação do evento, na preparação do local, começam logo a
pensar e “apertar” as salas, ou os recintos, para que os poucos
pareçam muitos. São factos, infelizmente… Daí considerar que existe uma lacuna,
desde a forma como se tem “educado” o público, ao longo dos anos,
até à execução final do evento ou das ações/organizações.
Precisamos da definição de um bom
planeamento. Um planeamento que tem deser estratégico, bem
direcionado, simples, direto, que deve ser sempre liderado pelo
município.Deve, porque o município devidamente envolvido, dá o
conforto a todos os intervenientes.
Precisamos de um bom projeto
politico/cultural, assente num prazo de planeamento, um prazo de execução, um
prazo de promoção, num esquema de união de esforços, onde se tem que
acrescentar uma parceria, ou mais, forte com as associações locais. Porque a
parceria, já existe. As verdadeiras associações culturais, pois existem outras,
no meu entendimento, que apenas servem para fazer “má concorrência” em
Fafe.Infelizmente isso também é um facto, que toda gente conhece e comenta.
Uma verdadeira associação deve pelo
menos ter um plano de atividades anual, vasto, extenso, transparente, deve
movimentar os seus associados e a comunidade em geral, várias vezes ao ano e
deve estar, ou pelo menos, tentar estar posicionada em todos as ações do
município, até para aumentar a sua visibilidade. Lamentopensar assim!Gostava de
pensar de todas o que penso de algumas.Mas se estiver errado, que seja só eu,
seria um ótimo sinal. Foi sempre assim que me situei nas várias associações por
onde passei, ao longo da minha vida e foram várias. E a verdade é que umas
recebem muito para servir pouco e outras recebem pouco para servirem
muito.Temos variados exemplos em Fafe, basta que estejamos atentos.
As associações, com toda a sua
autonomia, com o seu bairrismo, com a sua organização, as suas criações, com
tudo de bom que as envolve, as pessoas que movimentam à sua volta, também se
deveria juntar, às várias escolas do concelho e a todos os agentes
culturais, numa união de esforços, por Fafe, pela nossa cultura, pelas nossas
raízes, por todos nós e com o tempo, eu acho que algo de muito melhor
se conseguiria, penso eu. Caberia ao município, além do apoio, a coordenação e
fiscalização desse “movimento de parceria ou uma cooperativa” como o quisessem
apelidar, penso que o desaparecimento da EMT e mais recentemente da Naturfafe,
foi prejudicial e nesse aspeto. Eram entidades que poderiam ajudar o
município a fazer essa ponte… Tenho a certeza que com essa união de esforços,
com essa parceria, ir-se-ia “educar” mais público a participar nas várias
ações, a ir mais vezes aos espetáculos e a cativar outros potenciais espectadores
e até patrocinadores.Divulgava-se melhor, melhorava-se a cultura, melhorava-se
as pessoas e servia também muito mais a economia local.
O Dr. Pompeu Martins, tem sido
um bom vereador da cultura, ao exemplo do que foi o Dr. Antero
Barbosa e o Dr. Jaime Silva, claro que colocando-os, cada um no seu
tempo. O Dr. Pompeu Martins, tem tentado fazer sempre mais e
nota-se bem o quanto gosta de Fafe, sei que quer sempre mais para Fafe, com os
de Fafe.Sou amigo dele e tenho uma consideração enorme pela boa pessoa que
ele é, já conversei com ele várias vezes sobre tudo que aqui
menciono.Penso que está muito só “no terreno”, penso! Com certeza que a sua
equipe é pequena … Também sei que muitas vezes quer agradar a tudo e a todos,
politicamente falando deve ter de ser assim, o problema é que isso muitas vezes
corre mal, porque falta um guião, falta um projeto. Eu acho que ele deve
estar com todos, mas na mesma medida, e não pode ser só dar, o município também
têm de receber…
Estamos num concelho muito
politizado, onde muitas vezes as diferenças não se respeitam e isso é grave e
penaliza muitas vezes o vereador, o executivo no seu global, a cultura em geral
no nosso território. Fafe como um todo! São muitos os “incêndios para apagar” e
como todos sabem os bombeiros não são muitos infelizmente…
O tempo tem-nos mostrado que o
que se passa cá dentro, pouco passa para fora, ou melhor, em resultados
práticos.Se fizermos uma análise rigorosa aos resultados, é fácil verificar que
pouco se tem materializado e não tenho dúvidas que existe potencial
para mais!!!! Muito mais!!!
Quando falo no projeto
politico/cultural, além de envolver as associações, as escolas, os agentes
locais, os grupos, deveria também de envolver os alunos dos cursos de
indústria criativa da AEF, assim como alguns cursos do IESF, das academias
de música, de dança, bailado, etc… Seriam uma mais
valia para muitos setores desse projeto, esse planeamento deve também ter
um olhar forte para a promoção (nacional e internacional). Os eventos, as
iniciativas que se façam podem também promover as associações. E não tenho
dúvidas, que poderiam também ser um ótimo veículo para ajudar na
criação e educação de mais público para os espetáculos, sejam eles no teatro
cinema, pavilhão multiúsos, ou numa praça qualquer ao ar livre. Seria ótimo
também para os alunos, pois ficariam muito mais próximos da sua área de
trabalho futuro, ajudavam a educar e quem sabe ganhavam até um posto de
trabalho…. Faz todo sentido o município apoiar bem as associações, todos os
agentes culturais.
Sou um defensor que o município deve ser
o “conforto” de todas as associações, de todos os agentes, mas as associações,
os agentes culturais, devem também ser o conforto do município …
JORNALdeFAFE: FAFE
TEM APOSTADO NO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO?
Paulo Matos: É uma pergunta interessante. Embora eu não seja
economista, não sejapolítico, portanto não tenho essa grande base de
conhecimento e tudo que possa dizer a respeito disto, não passa de
uma opinião pessoal, sincera, também em jeito de critica, mas sempre em formato
construtivo, porque a destrutiva não serve para nada. Quem me conhece sabe, que
não sou um “critico” destrutivo, mesmo em relação a mim pessoalmente sou o meu
maior critico, mesmo quando me dizem maravilhas das minhas produções ou ações,
para mim nunca está lá no ponto, quero sempre mais e melhor…
Voltando à sua pergunta, sempre que
penso no desenvolvimento económico vem-me à cabeça a perda do comboio… Que
enorme perda!!!Como é possível querermos desenvolver, avançar, estar na linha
da frente, se em 86, penso eu,na altura do início do grande desenvolvimento
nacional segundo dizem e pregam os nossos atores políticos e lideres, atuais e
à época, e no meio de tanto progresso e desenvolvimento anunciado, começaram
logo por nos penalizar, tiraram-nos um meio que julgo essencial… Repare, nós
agora com a autoestrada para toda a Europa aqui bem no coração da cidade, com o
normal serviço de transportes que temos, que não é ótimo, mas serve, somando o
comboio, que já cá estava, não seriamos um concelho melhor? Mais preparado?
Quando penso nisso a sério, primeiro vem-me a saudade, porque cresci junto à
antiga linha, junto à estação, sabia sempre quando ele chegava, quando partia,
ele tratava de me avisar sempre… Ainda hoje o oiço muitas vezes, mas em
sonhos.Às vezes até me revolto, porque acho uma perda irreparável, para toda população,
com consequências brutais a todos os níveis, desde 86 até hoje. Pior que isso
tudo, para o nosso futuro, para o futuro dos nossos filhos… Ou seja, em 1986
quando se pregava crescimento, nós infelizmente perdemos logo um grande veículo
económico.Como se diz no futebol, entramos a perder … e a perder por 15 a 0, já
pensou como se recupera uma desvantagem de 15 golos?
Perdemos a Fábrica de Ferro, perdemos a
Alvorada, perdemos a Fábrica do Bugio, entre muitas outras que movimentavam o
concelho, que sustentavam muitas famílias, que davam vida a Fafe, muita vida…
Na altura da pregação do ouro, na altura
dos milhões a entrar no país, no grande desenvolvimento tecnológico, Fafe
perdeu os alicerces e ninguém ajudou a segurar, não se quis saber??? Deixou-se cair!!!
Foi uma evolução de que não gosto. No nosso caso essa evolução quase aniquilou
tudo. O resultado disso é o que somos atualmente. Basta olhar diariamente para o
nosso centro, à nossa volta… Mas nem tudo é mau!
O município de Fafe ao longo dos anos tem
apostado muito na educação, na saúde, na segurança, na cultura, no
turismo.Junto dos mais pobres, dos idosos, no bem-estar da população, na nossa
qualidade de vida.
Honraseja feita, também a Junta de
Freguesia de Fafe, que desde há muitos anos tem feito um trabalho notável e de
louvar na comunidade. Digo o mesmo em relação a todas as juntas de freguesia do
concelho, que vão fazendo o que podem.
Sabe, Fafe tem tido bons políticos, no
executivo, na oposição e até no café, conheço vários. As más decisões também
fazem parte, é um facto. Nem tudo é mau, também é verdade. Sinceramente
julgo que os nossos decisores políticos locais não têm tido a culpa toda, no
que considero más decisões do global.Claro que lhes falta o verdadeiro poder.
Talvez as ordens superiores sejam mais fortes, e sabemos que não estamos em
Lisboa, no centro de decisão, onde esta o verdadeiro poder nacional… Às
tantas os nossos nem consigam fazer muito mais… Isso também me preocupa
muito!Mas sei que não sou eu que vou mudar, nem quero, nem posso…. É uma pena
que nos marginalizem, que nos olhem apenas como números numa tabela de Excel…
É muito fácilver os investimentos por
parte do Município, nos últimos dez/quinze anos, por exemplo,
nas áreas da educação, social, saúde, cultura, desporto, rede viária entre
outros. Por exemplo, recentemente gastou-se cerca de 2 milhões de euros no
nó de Arões. Penso que esse investimento, que foi nosso, de todos nós,
pretenderá contribuir para o desenvolvimento do concelho.O município
com esse investimento, quer “ajudar” a gerar mais crescimento, como
é obvio, quer atrair mais empresários, como objetivo de gerar mais
empregos.Prevê-se uma nova zona industrial em Regadas. Com isso vamos ganhar
novas ligações, mais rápidas e mais eficientes para todos
ao concelho de Felgueiras e à sua rede de autoestradas.Penso que isso
é bom e pode trazer muito desenvolvimento económico.Falta saber se esse
desenvolvimento se transformará em crescimento a médio/longo prazo.
Sobre o nó de arões ouvi dizer
que quem deveria ter pago essa obra era o estado, através de Lisboa, pelos
vistos falharam e o município de Fafe, atravessou-se.Honra seja feita ao seu
presidente, não falharam, estiveram lá.Penso que na situação da requalificação
das escolas foi igual, falharam com o município.Mas o município não deixou de
cumprir com o concelho e isso é rasgo do presidente, do executivo em
geral…
Tenho pena é que ao nível
do comércio, pequeno comércio, as coisas sejam diferentes.Penso que
aí também se apostar muito mais, pouco ou nada se tem feito.Vejo o nosso
comércio no fundo da linha, mesmo no fundo, ou no fundo do poço.Faço sempre um
pequeno exercício quando penso no comércio local, que é recuar o meu pensamento
para há 30 anos e depois coloco-me de novo na atualidade, é uma sensação má,
triste, um vazio, uma escuridão que não passa, teima em não passar ao longo dos
anos. É duro ver a luta diária dos nossos comerciantes.Falo diariamente com
dezenas de comerciantes e sei dos seus lamentos, das suas lutas, das suas
ideias, o que pensam o que se tem feito. Tenho muitos familiares
comerciantes, eu saí daí, do pequeno comércio. Penso nos resultados e
constato que os resultados práticos são maus, muito maus… E não é só o
município que tem responsabilidades nisso, os comerciantes e principalmente
a AEF tem estado todos mal, muito mal, na definição de uma
estratégia, lá está, de um plano… Porque não
sabem juntar-se, aliarem-se. Todos juntos criarem uma direção,
um rumo a seguir, com guião.Ou não souberam até aqui…. Francamente, vejo um cenário
complicado, com um futuro cinzento, muito negro.Ainda por cima agora com esta
situação nova do corona vírus, estado de calamidade, emergência… Temo
que se complique ainda mais a vida do nosso comercio local.Algo de muito
urgente tem e deve ser feito nessa matéria, ajudar o comercio local.
Tenho pena que não se rentabilize mais
um produto como o rally, um veículo de atração de milhares de turistas e que
poderia estar mais bem rentabilizado, podia e devia.Porque a marca
que Fafe tem no rally é muito forte e é rentabilizada/explorada todos
os dias ao longo do ano, por outros e não por nós. Não podemos pensar
que a marca Fafe no rally é só para ser lucrativa no dia do rali, com
a transmissão televisiva do troço da Lameirinha e com a promoção do rally de
Portugal.Há muitíssimo mais além disso!!!!! Veja-se como as
localidades se promovem com o rally em França, Espanha, Alemanha, Argentina,
Monte Carlo, Suécia, México…Aqui em Portugal, Arganil por exemplo, porque não
me apetece falar de outros nacionais, em tom de brincadeira não lhe quero
“atirar milho”… Sonho ver pelo menos o troço da Lameirinha, cheio de
símbolos/marcas dos nacionais e mundiais, ali disputados.Já vi turistas,
finlandeses, espanhóis, irlandeses, entre outros, a tirar fotos à estrada
do Confurco, ao alcatrão!!! Apenas porque estava no chão desenhada a
bandeira da Escócia e porque sabem que ali é a Catedral, sabem que estão na
capital dos ralis.
Imagine se, por exemplo,se nas bermas
laterais (ao longo do troço) existissem bandeiras, dos países dos pilotos que
já por lá passaram. Ou murais com fotos, frases,
um “monumento” simbólico à catedral ou capital
dos ralis. Não iria atrair mais povo??? Já reparou que marcas
como a Hyundai, Vodafone, Samsung, já gravaram vídeos promocionais, naquela
zona de Fafe?? E a Casa do Penedo ali tão perto, a Barragem de Queimadela, o
Pontido, o moinho de Aboim, a quinta do Confurco, os vinhos Norte em
Várzea Cova, a igreja da Lagoa, as tasquinhas e o povo dali. Quem gosta vem e
pode ficar e se ficar, ganham os hotéis, os cafés, as lojas…
Sonho também com um Museu Automóvel
maior, melhor com as marcas do wrc ali representadas, com
um mural onde estariam os nomes de todos os participantes dos ralis
em Fafe, com a marca Fafe ali bem representada.Uma escola do rally também
deveria estar ali a complementar.Creio que o investimento não seria
exagerado.Temos em Fafe muita gente que ajudaria nesse sentido, sei disso,
desde pilotos, copilotos, mecânicos, fãs… Todos que sentem a marca Fafe
nos ralis!!!!
Voltando ao troço
da Lameirinha, a marca Fafe deveria estar bem presente ali, até
porque se se fizer uma análise aos vídeos das transmissões televisivas do rally
em Fafe, só no saltovê-se Fafe representado, ao contrário das outras
localidades.
Lembro-me que quando iniciei a minha
ida às ilhas como profissional dos espetáculos (1997) via muitos
turistas a fazer dezenas de km em estradas muito complicadas, nada como são
agora, zonas de só passar uma viatura, apenas para tirar fotos a umas casinhas
muito lindas e características em Santana, umas 5 ou 6 não serão mais.Claro que
outras coisas bonitas aparecem pelo caminho, isso todos sabemos. Hoje vão tirar
fotos e já passam lá um ou dois dias, nas casinhas, com as plantas, com as
flores, a fazer os trilhos de Santana, foi só um pequeno exemplo de que uma
coisa pode atrair as outras.
Fafe tem tantas paisagens bonitas, tantas
casinhas bonitas, tantas flores e plantas bonitas, tem as pessoas, os
restaurantes, as tasquinhas!!!! O rally e as nossas serras de
Fafe têm um potencial enorme. A nossa gastronomia, o nosso povo,
temos tanto para oferecer!
Penso que devem ser feitas algumas
situações urgentes, como parcerias público-privadas, chamar agentes
empresariais.Disponibilizar a informação ao máximo, sobre os financiamentos de
projetos empresariais, os instrumentos de acesso a capital, a facilitação de
contactos. Tudo isto, são fatores fundamentais para a tentativa do sucesso,
para atrair empresas.
Portugal foi recentemente eleito por
várias publicações, como um dos melhores destinos estrangeiros a visitar, como
um dos melhores destinos turísticos, existem muitos estrangeiros a investir no
norte do país, está à vista de todos! Porque não aproveitar essa onda,
para captar investidores nacionais e internacionais, através da criação de uma
grande estratégia de comunicação, bem definida, bem orientada, quer por
via on-line(redes sociais e site oficial), com a presença forte em
várias feiras nacionais e internacionais?
Deveria também estimular-se mais o
empreendedorismo dos fafenses, apoiar os empresários, apoiar os jovens, são o
futuro. Penso que não nos podemos esquecer, as áreas da promoção e
apoio ao empreendedorismo, são muito importantes dentro do processo de um
projeto de desenvolvimento económico, olhando para Fafe, o seu território como
um todo, Fafe não é só a cidade.
A Associação Desportiva de Fafe,
pode também ser um excelente meio/veículo de divulgação/promoção do concelho,
do nosso território.Já tivemos várias vezes esse exemplo para a economia local,
por exemplo.Se na cultura precisamos de um projeto politico/cultural, no
desporto também precisamos de um bom plano politico/desportivo. Não tenho
dúvidas nenhumas que a ADF, foi, é e será um excelente veículo para a
promoção e para a economia local.Mas não está bem definido o alvo, o objetivo…
como chegar lá e de que forma trabalhar esse processo…Essa mais valia que temos
que é o futebol, não nos podemos esquecer que é das maiores
indústrias mundiais e assim sendo, temos de a potenciar ao máximo.
Um outro aspeto onde se poderia e
deveria investir é a criação de espaços no centro da cidade, para implementação
e desenvolvimento de micro empresas, pequenas empresas, atrair jovens e
estudantes de Fafe que saem formados das nossas escolas profissionais, ou que
frequentem o IESF, Universidade do Minho, mesmo os polos que estão em
Felgueiras da Universidades do Porto.Estamos perto de Guimarães, Felgueiras,
Celorico, Cabeceiras, das gentes de terras de Barroso, de Braga, Porto….
Estamos a 45m do aeroporto, do Porto de Leixões, do mar…. Temos de tentar
atrair, isso faria com que existissem mais pessoas no centro e ajudaria o
também comercio local, os restaurantes, os cafés, etc… Isto não é utopia, tenho
colegas do Porto, Guimarães, Felgueiras, Amarante, Braga, Caminha, Marco de
Canaveses, Funchal, Montalegre, Chaves, Ribeira de Pena, Mondim de Basto, entre
outros, que conheci porque estudaram em Fafe e viviam em Fafe.Porque não
vêm agora? Porque fugiram? Sei inclusive de alguns que tentaram
fazer a sua vida cá, mas não deu certo.
Muito haveria ainda para dizer, a
volta de outras temáticas, de outras situações, mas não sou economista, não
sou político.Não tenho essas capacidades de estratégia local.
Para finalizar, sinto que há uma
dificuldade enorme na captação de investimento para cá, seja no comércio,
seja na indústria, seja na cultura. Isso nota-se bem! Os
nossos concelhos vizinhos que conseguem ter mais e melhor, basta que
estejamos atentos para perceber como lá se faz. Um grande exemplo disso é o
quadrilátero, e é uma pena nós não podermos estar lá.A história da vitela não
chega a todo lado, o ciclismo também não, o Terra Justa quase ninguém vê,
poucos participam, quase ninguém conhece, apesar do grande investimento
promocional que o município faz ano após ano.Se repararem são raras as
publicações nacionais onde constem as atividades que se fazem em Fafe, de forma
assídua. E isso no global …é mau!
JORNALdeFAFE: O
QUE REPRESENTA ESTA CIDADE PARA SI?
Paulo Matos: Fafe representa tudo… tudo mesmo! Foi aqui que vivi
desde a minha infância. Foi em Fafe que quis crescer, fazer a minha vida.Sempre
que estou fora, regresso a correr e não consigo estar longe por muito tempo.
Fafe também representa o futuro que é necessário prepararmos com urgência
e com todos!
Costumo dizer que Fafe é a capital do
mundo, a terra mais bonita do planeta… E para mim é, sem dúvida!
Tenho aqui a minha família praticamente
toda, os meus filhos, alguns dos meus amigos, um dos meus locais de trabalho,
as nossas ruas, os nossos jardins, as nossas pessoas, a nossa gastronomia, os
nossos bombeiros, a nossa mágica ADF.
Enfim, Fafe é a minha praia, onde me
sinto bem e onde gosto muito de estar, em suma, como sou um homem também da
música e se me permitem, como diz o nosso hino, deixo-vos a pensar:
A nossa terra é formosa
Como ela não há igual
É a mais perfeita rosa
Das terras de Portugal
Terra formosa que as mais
Escureces com tantos brilhos
Viste nascer nossos pais
Verás nascer nossos filhos
Fafe querido és sem favor
Jardim florido do nosso amor
Ergue-te tanto a nossa voz
És o encanto de todos nós
Se o Minho é terra de fama
Duma estranha sedução
Esta terra que a gente ama
É do Minho o coração
Terra de sol e de flores
De risos e de alegrias
És berço dos meus amores
E das lindas romarias
Fafe querido és sem favor
Jardim florido do nosso amor
Ergue-te tanto a nossa voz
És o encanto de todos nós
JORNALdeFAFE: O
QUE MUDARIA NA GESTÃO DA CIDADE, NA CULTURA, NO ASSOCIATIVISMO, UMA VEZ QUE
TAMBÉM ESTÁ NESSE MOVIMENTO DESDE MUITO JOVEM
Paulo Matos: Não sou planeador, não sou político, não sou o Dr.
Raúl Cunha, nem sou Dr. Pompeu Martins, eles é que são os gestores das áreas que
mencionou. Vejo-os como pessoas ponderadas e justas e sei que querem o melhor
para Fafe. A gestão do concelho é para o Dr. Raul e ele com os seus vereadores
fixos, os seus opositores vereadores, as suas equipes, os presidentes de
junta, saberá o melhor a fazer.
A cultura e o associativismo estão
entregues ao Dr. Pompeu Martins e a estratégia é dele, da sua equipe… Como
fafense quero e espero que façam o melhor.
Mas “nadando” sobre a vossa pergunta,
mudava já a Feira Velha, foi lá que cresci, é parte da minha “casa”.Foi lá que
fiz alguns dos bons espetáculos da minha carreira.Foi lá que sonhei e ajudei a
sonhar, sei disso… Portanto nada melhor para mim que iniciar a mudança
por aí!Até porque olhar para aquilo magoa-me, desde que tombaram a escola e o
jardim estragaram tudo.Nem consigo descrever! Agora que está assim, acho que
poderíamos ter ali uma praça brutal, e já vem atrasado. Uma praçamais bonita,
que lhe dê outro brilho.Não seria preciso gastar muito dinheiro.Uma praça
que dê seguimento ao Parque da Cidade, num só, com ligaçãojunto da
palmeira. Podemos dizer que o Parque da Cidade agoraestá mais bonito e ainda
com potencial de crescimento para ficar ainda mais bonito. Não construía
só a piscina interior, como querem fazer, seria muito mais ambicioso e colocaria
também uma exterior, ao exemplo do que foi feito pelo município de
Esposende,apoiada por uma boa zona extra, com bares e várias sombras, uma zona
com relva, outra com areal, ao exemplo da “praia” de Mangualde ou então da
Praia das Rocas em Castanheira de Pera. Com o parque como está, acrescentava
ali os campos de ténis, conforme esta projetado.Acho que seria um excelente
investimento, com retorno a médio prazo e Fafe necessita disso.
Mudava também a zona do mercado, acho
que se deveria construir um novo centro de restauração/bares/convívio. Pensoque
isso já foi conversado,portanto seria ir em frente, sem medo, com rasgo.Anexar
ali um novo Museu Automóvel que deveria ter alusões ao rally, karting, todo
terreno e aos desportos motorizados que se praticam em Fafe, em parceria com as
devidas associações e clubes locais.Um verdadeiro museu!
Quanto ao resto, sinceramente, concordo
com o que está aserplaneado e executado.Somos conscientes e o orçamento é o que
é. Lógico que só quem lá está é que sabe. Falar de fora é sempre muito mais
fácil. Adoro ser um treinador de bancada.
Quanto à cultura e conforme já referi,
daria prioridade à criação de um projeto politico/cultural, isso é o ponto um,
que abrangesse e em sintonia com toda a oposição, associações, entidades
locais, juntas de freguesia.Tentava perceber o que de facto todos pretenderiam
para a cultura em Fafe, quais as ideias, os seus projetos, quais os objetivos,
quais os horizontes, a partir dai definia um guião, uma agenda anual sustentada
com a prata da casa (feiras francas, festas do concelho, festival da vitela,
festas populares do concelho, Terra Justa, festivais de música, festivais de
teatro, festivais de folclore, verão cultural, semana do emigrante, teatro
cinema, pavilhão multiusos, torre do relógio, parque da cidade, centro da
cidade, eventos das freguesias,etc.…) em parceria com todos e para todos, em
comunidade. Sem o ponto um devidamente estruturado, é adiar o problema. Tudo
bem feito, bem direcionado, poderia ser garantido um retorno económico muito
melhor/maior, mais ativo ao longo do tempo e a vertente turística iria
aumentar, não tenho dúvidas.
Tentava também dar mais vida ao Jardim
do Calvário com a criação de eventos próprios ao fim de semana, direcionados
para os mais jovens e os menos jovens, que alimentassem também o centro da
cidade.OJardim do Calvário é lindo e tem um potencial enorme, todos
conseguimos ver isso. Quantos de nós, dos nossos pais e dos nossos avós namoram
no Jardim do Calvário? É um local emblemático da nossa cidade.
Quanto ao associativismo, é sempre um
prazer para mim poder falar de tão nobre tema. Desde pequeno que
pertenço ao mundo associativo, desde os Kapas da Feira Velha,
São Lourenço, Aro 27, Clube CB os Justiceiros
(onde fui presidente do conselho fiscal e presidente da
direção), GD Fornelos, GD Regadas, SR Cepanense (onde
fui treinador de futebol dos escalões de juvenis), Associação Desportiva
de Fafe (vice presidente da direção, onde entre outras funções, fui
fundador da revista ”A desportiva” e do site oficial do clube, jogador de
futebol e cheguei até a fazer dois jogos com a equipe sénior,
na pré-época de 94, com o mister Paulo Cesar e
mister Alfredo Guimarães, membro integrante do
grupo Fighters Boys, tendo-o liderado por 2 épocas), Clube Náutico de
Fafe desde 2008 até agora, na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários
de Fafe (fundador do site oficial e redes sociais, entre outras
funções, onde destaco a organização do Congresso da Liga Portuguesa dos
Bombeiros em Fafe, em 2017).Aqui penso, muito honestamente, que não se trata de
mudar, o município tem tido um papel determinante, fundamental, no meio do
associativismo.
O município de Fafe tem sido um dos
maiores responsáveis, pelo sucesso e desenvolvimento das várias associações
locais, com as suas atividades.Alguns das falhas que lhe aponto é que dão e não
fiscalizam, parece não existir um plano. Não sei se o termo fiscalizar se
encaixa bem, mas não me ocorre outro e falo pelas associações por onde passei,
onde tenho estado e pelas que conheço, pelo que vejo e oiço.As associações não
perdem autonomia com isso. A situação do investimento do município é real,
existe, e existe dependência. Tenho um certo trauma por ver algumas que fazem
muito e recebem pouco, existem outras que fazem pouco e recebem muito. Este
paradigma também tem de ser mudado. O facto é que se não for a ajuda que o
município dá às associações parte delaspassavam muitas dificuldades,
ou então nem existiam sequer. Basta olharmos para as adjudicações/subsídios que
saem do município e depois tentarmos perceber os orçamentos das associações,
matematicamente falando, o município é o grande sustento de quase todas.
Portanto, se o município ajuda, ainda bem que ajuda, deve também
fiscalizar e voltamos ao projeto ou aos projetos. É como construir
uma casa, primeiro pensamos em comprar o terreno, depois da compra do terreno,
temos de pensar e fazer o projeto.
Aqui um
projeto político cultural/político desportivo e um bom
regulamento, servia para fazer das associações locais ainda melhores veículos
para a cultura, para as artes, para o desporto, para a educação, para a
economia, para a sociedade.
Vou dar um pequeno exemplo, que
quase todos conhecemos: os campeonatos dos escalões jovens que se realizam em
Fafe, já participei com uma equipe minha e acompanhei um pouco, porque o meu
filho mais novo, já disputou esse campeonato, dois ou três anos (realidade já
transportada a nível distrital e nacional).Já repararam quantas crianças,
diretores, treinadores, staff, pais, familiares, amigos envolve? É uma
coisa brutal! Alguém já se preocupou em perceber o impacto económico
desta organização? Pelo que leio e oiço, e perdoem-me se estou enganado, é mais
um investimento feito quase na totalidade pelo município, depois pelos pais,
pelas associações.Eu acho muito bem esse apoio/investimento por parte do
município, porque movimenta muita gente, é muito importante para as crianças,
no meu tempo de criança só tínhamos o torneio da câmara e não era para todos. O
que acho mal é que não seja devidamente fiscalizado, porque sei que não o
é! Quando digo fiscalizar, refiro-me a acompanhar, ver o que está bem, o que
esta mal, como se pode melhorar.Já repararam só na parte económica que este
pequeno evento movimenta? A parte social? E a parte da saúde? Claro
que deve ser mais apoiado, deve ser melhorado. Devem ser criadas
mais e melhores condições. Se tudo for bem estruturado, bem assente nesse
tal projeto político/desportivo, às tantas temos asas para mais.
Isto é apenas um pequeno exemplo, temos
excelentes exemplos do bom que se fez, que se faz em Fafe no meio do
associativismo, no meio cultural independente, já há muitos anos. Desde o
desporto (Associação Desportiva de Fafe, Andebol Clube de Fafe,
Grupo Nun’Alvares, os clubes/associações das aldeias do concelho, a Cercifafe,
entre outros que existem, quando falo nas instituições, falo também das
pessoas que lá trabalham por carolice, autênticos
guerreiros) à cultura/artes (as bandas
de Golães e Revelhe, Academia Atalaya, os muitos excelentes
músicos/artistas por aí espalhados (Lex in Justa, The Pend,
S´K, Face B, Tendrills, mais recentemente, Válter Lobo, Nuno
Marinho, Ezequiel, os Trastes, El Senor), Academia de Bailado
de Fafe, a Academia ADN, o Teatro Vitrine, o jogo do pau, o
coral Santo Condestável, a Orquestra Club, entre tantos outros que existem
em Fafe e de grande talento, como é obvio não me posso lembrar de todos).
Em Fafe temos muita
gente boa, excelente, a trabalhar a nível individual e em conjunto
nas associações espalhadas pelo nosso território, têm é que ser acarinhados,
acompanhados de muito perto e ajudados, para poderem dar seguimento ao
trabalho que dia a dia vão dando em prol dos outros.
Puxando agora a brasa para a minha/nossa
sardinha, e até em jeito de apelo, gostava de ver mais gente
de Fafe a se tornar sócio da Associação Humanitária dos Bombeiros
Voluntários de Fafe, sei que não é fácil para todos, mas quem tiver
possibilidades, que se faça sócio e que se tornem cada vez mais ativos em prol
dos Bombeiros de Fafe, porque quando precisamos eles estão sempre, sempre
presente! Eles também precisam de nós.
JORNALdeFAFE: FAFE
TEM MARCA PRÓPRIA OU PRECISA AFIRMAR-SE FORA DOS SEUS MUROS?
Paulo Matos: Fafe tem várias marcas próprias e como e evidente
precisa e urgentemente de se afirmar fora.
A “Justiça de Fafe”, que para muitos
daqui está sempre associada aos fafenses como algo negativo. Algo até de muito
mau. Mas não! Nem pensar nisso! Em todo lado por onde tenho passado em lazer ou
em trabalho, quando me perguntam qual a minha terra, digo que sou de Fafe e
toda gente diz “Fafe, terra da justiça” sempre. E noto que quando o falam, o
fazem com simpatia, não com negatividade, mesmo não conhecendo a cidade, falam
sempre em tom simpático pela justiça, que é nossa.
É um facto que a Justiça de Fafe é uma
marca própria, a nossa melhor marca, que toda gente conhece e bem!!! está
mal-aproveitada, o que é uma pena e tem um potencial enorme.
Também são marcas nossas, “Fafe catedral
do rally” ou “Fafe capital do rally”,porque pelo mundo inteiro quando se fala
ou escreve sobre Fafe no âmbito do rally a definição que usam é capital e/ou
catedral (já ouvi de pilotos, jornalistas, publico em geral).Por isso considero
que são mais duas marcas nossas.
Portanto, pelo menos aqui consigo
identificar três marcas próprias, mas podem até existir mais! “Fafe,Terra
Justa”, “Fafe, sala de visitas do Minho”. Só aqui neste bocadinho, já não são 3
mas 6 marcas que se podem destacar, que se podem afirmar. Fafe precisa
urgentemente de se afirmar fora dos seus muros, pelo menos arriscar mais e
melhor. Devem ser criados alicerces bem estruturados por todos e entre todos.
Escolher a que melhor nos define, para melhor promover e mostrar a nossa
identidade, os nossos valores, a nossa marca. Porque tudo o resto Fafe já tem.
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