Bom dia nuno, desde já, agradeço-te por teres disponibilidade PARA REALIZAR esta entrevista.
tenho vindo a acompanhar o teu percurso profissional, COM ORGULHO E AMIZADE QUE NOS UNE HÁ mais DE 25 ANOS. PARA TAL, ALÉM DO teu PERCURSO ascendente, O teu PERFIL DE EMPREendedor DE SUCESSO que criou uma start up, em 2005, EM braga, DEDICADA À CONSULTADORIA EMPRESARIAL E AO APOIO À GESTÃO, JUNTAMENTE COM três OUTROS EMPREENDEDORES ORIUNDOS, TAL COMO tu, da eSCOLA DE ECONOMIA E GESTÃO DA UNIVERSIDADE DO MINHO, SENSIBILIZARAM-ME a seres o próximo a convidar para a nossa entrevista.
Podes-me partilhar as tuas
origens, o teu percurso escolar e formativo. Gostavas de estudar? o teu pai É
um comerciante de sucesso num ramo diferente da tua empresa: foi ELE o teu modelo
como empreendedor? Como surgiu a ideia inicial de ser empreendedor?
Agradeço o
teu convite e aproveito desde já para enaltecer esta iniciativa a que te tens
dedicado.
Reconheço a importância de dar a conhecer projetos empreendedores,
uma vez que o nosso sistema de ensino não está vocacionado para dar este tipo
de resposta às novas gerações. Neste momento, estás a dar destaque a casos que
consideras de sucesso.
Porém, é igualmente importante analisar exemplos pior
sucedidos, pois é nas dificuldades que aprendemos verdadeiramente e é onde
acabamos por nos reinventar e ficar melhor preparados para encarar o futuro.
Eu vivi no
centro da cidade de Fafe até entrar na Universidade. O meu percurso formativo
começou no infantário da Santa Casa da Misericórdia. Apesar de me considerar um
“bom aluno”, aprendi muito fora dos bancos da escola. Enquanto vivi em Fafe,
destaco as funções de dirigente do GEN - Grupo Ecológico Natureza (projeto do professor
Rui Adérito, uma das referências que tive), a criação do Movimento “Todos pelo
Cine-Teatro” (que me permitiu privar com outro mestre, o professor Miguel
Monteiro) e a participação na coletânea “Festa da Poesia” (um desafio da
professora Rosinda Costa Leite que me estimulou a publicar títulos
individuais). Paralelamente, estive dedicado desde muito cedo ao jornalismo,
assumindo uma colaboração muito intensa com a rádio e com os jornais de Fafe à
época.
O ambiente
familiar foi certamente importante. A minha mãe era professora primária e
incutiu-me a dedicação ao estudo e o cumprimento rigoroso dos afazeres
escolares. O meu pai, acabou por me permitir um contacto com a iniciativa
privada (Ourivesaria Costa Leite), com a vertente do negócio, a importância dos
princípios e dos valores em tudo na nossa vida e mostrou-me os sacrifícios a
que um empresário está sujeito.
O meu empreendedorismo esteve sempre muito
associado à capacidade de iniciativa e, ainda hoje, acredito muito nisso:
empreender não é criar negócios, empreender é atitude, capacidade de iniciativa
e vontade de mudança.
o grupo EDIT VALUE, que
diriges atualmente com o cristiano, o MANUEL e o ANDRÉ, nasceu em 2005, no
concelho de braga. hoje é uma organização reconhecida no mercado e vencedora de
várias distinções.
conta-me mais sobre a
trajetória fantástica da vossa empresa até à data de hoje, que tem crescido de
forma sustentável, partilhando as suas atividades, os seus serviços e a sua
dimensão em termos de mercado.
Quando fui
estudar para Braga, tinha conseguido a transferência da licenciatura de Gestão
na UTAD para a licenciatura em Administração Pública na Universidade do Minho, na
qual tive oportunidade de conhecer os meus colegas de curso e futuros sócios. O
Manuel, sendo também de Fafe, só o conheci na Universidade e chegámos inclusive
a partilhar casa. O Cristiano vinha de Santo Tirso e apenas o André era mesmo
de Braga.
No ensino
superior, envolvi-me em várias atividades extracurriculares. Já era
vice-presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) quando
decidi candidatar-me a Presidente do Centro de Estudos de Administração Pública
(CEAP) com a presença dos meus futuros sócios. A partir daí, estivemos os 4
envolvidos por alguns anos no associativismo estudantil (tanto na AAUM como no
CEAP), e fizemos um trabalho notável que ainda hoje é lembrado no contexto
universitário.
Esta experiência
permitiu que nos conhecêssemos melhor num contexto de trabalho, mais
profissional, onde éramos desafiados a gerir entidades, projetos/iniciativas e
pessoas. Foi muito exigente, implicou uma entrega total, mas acabou por ser
deveras enriquecedor e gratificante. Só experiências como estas nos poderiam
permitir abrir um negócio sem termos experiência profissional. Por isso,
acabámos o curso, dedicámos muitas horas a planear o nosso projeto e ao fim de
um ano estávamos a abrir a primeira empresa.
O nosso Plano de Negócios foi
encarado com muita seriedade e empenho. Demorámos 6 meses a fazê-lo. A empresa
foi constituída em 28 de outubro de 2005 e só em março de 2006 é que nos
anunciámos ao mercado. Queríamos ter tudo preparado previamente para estarmos
devidamente capacitados para começar a receber clientes.
A Edit Value é
hoje uma referência no mercado. Presta serviços de Apoio à Gestão, atuando em
três áreas fundamentais: Gestão Financeira; Gestão Estratégica; e, Gestão do
Capital Humano.
Especializou-se no segmento das start ups, micro e pequenas
empresas, valorizando a informação crítica para o processo de tomada de
decisão. Disponibiliza aos seus clientes tecnologia online que permite à gestão
de topo acompanhar toda a evolução do negócio. Somos uma equipa composta por
mais de 30 pessoas, em que todas elas possuem, no mínimo, uma licenciatura.
Trabalhamos com centenas de clientes, maioritariamente privados e localizados
na região Norte litoral, mas temos clientes em Lisboa e noutros pontos do país.
Lidamos com empresários de várias nacionalidades. Neste momento, temos
escritórios em Braga e também no Porto, onde abrimos escritórios em 2019.
A Universidade
do Minho reconheceu desde o início o caráter inovador do nosso projeto
empresarial e atribuiu-nos o estatuto de spin-off académico. Somos a primeira e
única empresa até hoje com esse estatuto na Escola de Economia e Gestão (EEG),
o que nos permite uma relação de proximidade com os nossos mentores científicos
que são professores / investigadores da EEG e um acesso privilegiado aos
recursos da própria universidade. Em 2020 comemorámos o nosso 15.º aniversário.
Ao longo destes anos, recebemos várias vezes o estatuto de PME Líder e de PME
Excelência atribuído pelo IAPMEI e, nos últimos 3 anos consecutivos, fomos
considerados uma das 100 Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal pela
Revista Exame.
Neste momento, a
Edit Value é uma holding, empresa-mãe que criámos em 2018 e que mantém os 4
sócios fundadores. Estava na hora de reestruturarmos o grupo e as suas áreas de
negócio. Por isso, o grupo Edit Value é hoje composto por mais 5 empresas: Edit
Value Braga (onde a Paula Ferreira passou a ser nossa sócia); Edit Value Porto
(onde a Andreia Leite também entrou para a sociedade); Estratégica Edit Value;
Capital Humano Edit Value (onde a Sandra Araújo é a sócia principal); e, PLACEME
- Mediação Imobiliária (onde o Júlio Lima é o sócio responsável por esta área
de negócio). A PLACEME é uma imobiliária localizada dentro do Campus de Gualtar
da Universidade do Minho que assegura o alojamento universitário e que, cada
vez mais, é uma opção para clientes investidores da Edit Value que procuram
diversificar o risco dos seus investimentos.
Quais são as
dificuldades que encontras na gestão do dia-a-dia da vossa empresa?
A nossa
maior dificuldade é termos, há vários anos, uma elevada procura pelos nossos
serviços. Nunca quisemos crescer desmesuradamente nem pretendemos expandir por
via da criação de um franchising, apesar de termos todas as condições para o
fazer. Optámos por um crescimento mais lento, mas orgânico, inspirado no modelo
de rede afiliada.
Para além
disso, a gestão de pessoas e a inovação são os nossos maiores desafios. Preocupamo-nos
em assegurar as melhores condições para quem trabalha no grupo Edit Value,
conscientes de que é um investimento necessário à retenção de talento. As
pessoas são o ativo mais precioso que temos e, por isso, é fundamental garantir
que a empresa corresponde e supera as suas expectativas.
Por outro
lado, a inovação é a palavra-chave. Estamos sempre a questionar o que fazemos,
a fazer vigilância tecnológica e de mercado e a melhorar os nossos processos e
serviços. Somos adeptos da melhoria contínua e estamos sempre focados no valor
acrescentado do serviço, na eficiência dos processos e na eliminação do
desperdício (seja ele qual for).
Quais são as maiores
satisfações e desilusões que tiveram, até agora, com a vossa empresa?
As maiores
satisfações estão na equipa que temos, que se identifica com a nossa visão e
valores e que “veste a camisola” todos os dias. Sabemos que os resultados
alcançados derivam do trabalho coletivo que fazemos. A nossa notoriedade como
marca é cada vez maior e os stakeholders com quem nos relacionamos também
assumem um papel importante no reconhecimento que temos no território onde atuamos.
As
desilusões também fazem parte da história das empresas. Como em tudo na vida,
nada é perfeito e é necessária uma resiliência grande para superá-las.
Felizmente, as desilusões não têm tido grande expressão no nosso percurso e,
quando surgem, esforçamo-nos para aprender com elas e centramo-nos naquilo que
podemos melhorar no futuro. Sabemos bem quem somos, o que fazemos e como o
fazemos…
Quais são os próximos
desafios para a vossa empresa?
Os próximos
desafios já estão em curso e traduzem-se na continuidade do processo de
expansão da Edit Value para outros pontos do país e numa competente gestão das
pessoas.
Em relação
à expansão, temos aprendido por experiência própria e a abertura da Edit Value
no Porto é uma aposta ganha. Pretendemos alargar para outros pontos do país
mas, apesar de já o podermos fazer hoje, decidimos adiar para 2022 a abertura
de uma nova unidade (o trabalho que a pandemia nos exigiu desgastou-nos imenso).
Quanto à
gestão de pessoas, lançámos agora um novo modelo de “onboarding” para melhorar
ainda mais o processo de integração de novos elementos na equipa. Reavaliámos o
processo de flexibilidade trabalho-família que já temos a vigorar há vários
anos e, entre outras melhorias, implementámos o programa “Home Office” em que nos
disponibilizamos a instalar um escritório na casa dos nossos colaboradores,
proporcionando-lhes a opção de trabalhar a partir de casa nalguns dias da
semana.
Envolvemos alguns elementos na estrutura societária das empresas a que
estão mais intimamente ligados, como mais uma forma de premiar o mérito e reter
o talento. Estamos a iniciar os trabalhos em matéria de sucessão empresarial, por
forma a irmos alicerçando um plano que salvaguarde este nosso projeto, mesmo perante
uma presença menos ativa dos sócios fundadores.
Quais são as
características pessoais mais importantes para a vossa empresa? Isto é, que
importância dão às relações externas na vossa empresa? E para vocês como
empresários, quais são os contactos mais importantes? Fornecedores, clientes,
pessoas influentes?
No que toca
à equipa da Edit Value, e até às novas contratações, aquilo que mais
valorizamos são as soft skills, ou seja, as competências comportamentais. Para
nós, o mais importante é a compatibilidade dos valores pessoais com os valores
da empresa, pois é isso que nos dá identidade enquanto grupo e alimenta a
cultura organizacional que nos caracteriza. Em termos técnicos, basta que o
colaborador tenha um curso superior, pois a parte técnica nós conseguimos
ensinar no contexto de trabalho. O contrário é que é bem mais difícil de se
conseguir!
Quanto às
relações externas, é facto que temos uma rede muito alargada de contactos com
incubadoras, centros tecnológicos, universidades, etc. e que isso é uma grande
mais-valia. Todavia, foi algo que surgiu naturalmente. O mesmo aconteceu com os
clientes pois felizmente nunca tivemos necessidade de fazer trabalho comercial e
procurar novos clientes. Se fizermos bem o nosso trabalho, as pessoas acabam
por vir ter connosco e assim se constrói uma carteira de clientes consolidada ou
uma boa rede de contactos.
Como te vês como
pessoa? Como lidas com o fracasso e o sucesso?
Tendo a ser
um otimista e, às vezes, faço-o de forma desmesurada. Acredito sempre que é
possível, e isso nem sempre depende só de nós próprios. Quando as coisas não
acontecem como desejado fico introspetivo por uns tempos a praticar a aceitação
até que algo novo me desperte para outras direções.
Consegues conciliar no teu
dia-a-dia, a vida profissional e pessoal?
Não é fácil
mas é algo que se pratica e que se pode sempre melhorar. Procuro sempre esse
equilíbrio… porque não é bom sinal quando a balança desequilibra para um dos
lados. O facto de ser uma preocupação da empresa e de existirem mecanismos
instituídos para facilitar essa gestão, é algo muito positivo. Sei que com o
nascimento do meu primeiro filho neste Verão, as exigências serão outras, mas
acredito que tudo se há-de ajustar e resolver.
O mais
importante é termos a consciência de que empreendedorismo é a nossa forma de
estar e de ser. Podemos ser empreendedores por conta própria mas também podemos
ser excelentes empreendedores por conta de outrem. O perigo está em olharmos
para a criação de um negócio como forma de resolver um problema de emprego. O
estado atual da economia não me diz muito. A Edit Value nasceu numa altura de
crise, tem atravessado várias crises ao longo dos anos e não é isso que tem
interferido no nosso caminho.
A pandemia
afetou e muito o nosso trabalho. Antecipámo-nos sempre na resposta a dar e nas
mudanças a operar. Não ficámos à espera das indicações estatais para o fazermos
e avançámos de pronto com um Plano de Contingência que foi revisto várias vezes
de acordo com o curso dos acontecimentos.
Tivemos de
recorrer ao teletrabalho e passámos a utilizar a videoconferência como nunca o
tínhamos feito. Até a documentação que nos é entregue pelos clientes tinha de
ficar em quarentena e seguia um protocolo específico. O volume de alterações
legislativas e de apoios e incentivos, para as empresas responderem às
dificuldades, foi de tal forma que nos obrigou a um trabalho hercúleo.
Estivemos sempre a apoiar os nossos clientes, a anteciparmo-nos às situações e
a esclarecer as “zonas cinzentas da lei” pois as medidas saíam e ninguém sabia
muito bem como iam ser operacionalizadas.
Como em
tudo, tivemos clientes cujo negócio beneficiou muito com a pandemia e outros em
que aconteceu precisamente o contrário. Às vezes, sentíamos que éramos um
hospital, só que em vez de tratarmos pessoas, ajudávamos a tratar das empresas
e dos negócios.
Finalmente, tenho as
seguintes perguntas e peço-te uma palavra ou frase de resposta para cada uma
delas:
Colecionar
moedas e relógios de bolso/pulso antigos. Ler. Praticar desporto. Ouvir música.
Viajar.
Local de Férias
preferido?
Gosto muito
de viajar e não tenho tendência a repetir destinos. Quando o faço, até é mais
em Portugal e aí o Alentejo e o Douro são os meus destinos preferidos.
Natureza.
Detestas?
Mau
ambiente, energias negativas.
DescrevE o teu dia
perfeito quando não estás a trabalhar
Natureza,
família e amigos.
Qual é A tua música
preferida?
Gosto de
vários estilos, desde que tenham qualidade. Mas a minha música preferida é
aquela a que chamo de música da “velha guarda”.
São muitos
os que tenho na “prateleira de cima”. Filmes como “Dead Poets Society” ou “
Cinema Paradiso” são presenças obrigatórias.
Prato preferido?
Qualquer
prato da cozinha tradicional portuguesa, mas uma petinguinha com arroz de
feijão é qualquer coisa…
sobremesa preferida?
Não sou
apaixonado por doces. Prefiro muito mais os salgados.
PODES-ME PARTILHAR 3
coisas que estão na tua lista de desejos?
Reduzir
drasticamente a minha atividade profissional aos 50 anos. Dedicar-me à minha
família, podendo passar cada vez mais tempo com o meu núcleo familiar. Voltar à
escrita. Viajar ainda mais… Ter mais tempo para desfrutar da Natureza.
Desporto preferido?
Futebol.
Qual é o teu clube?
Como sabes,
não temos os mesmos gostos. Curiosamente, este foi o primeiro ano em que me
esqueci que tinha um clube… Até deixei de ver os jogos de futebol.
Se tivesses a
oportunidade de mudar algo no teu percurso profissional, seria o quê?
Olhando
hoje para trás, percebo que tudo fez parte do trajeto e que tudo foi necessário
para ser quem sou hoje, para ter chegado até aqui.
O que representa Fafe
para ti?
Fafe representa
sempre muito porque faz parte das minhas origens, apesar de ter entrado na
universidade aos 17 anos e de viver há mais tempo em Braga do que em Fafe.
Se amanhã, fosses eleito
COMO político local em fafe, que medidas no setor económico ou noutro
implementarias?
Prefiro não
lançar medidas avulsas (até porque a primeira coisa a fazer-se seria a
elaboração de um bom Plano Estratégico para o concelho), mas reconheço que há
muito a fazer em Fafe. Sinto que Fafe é uma cidade estagnada há muitos anos que
deveria ter outras aspirações e proporcionar um ambiente mais favorável ao
desenvolvimento e, também, à retenção dos jovens.
Atrevo-me a
dizer que o último investimento verdadeiramente estrutural foi a aquisição,
restauro e revitalização cultural do Teatro Cinema de Fafe… a cuja reabertura
assistimos em 2009.
Qual é a tua regra de
Ouro?
“Sê tu
próprio” [Nietzsche]
A EDIT VALUE ON-LINE:
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