domingo, 30 de maio de 2021

“UM OUTRO OLHAR” – RICARDO, UM FAFENSE, GUARDIÃO DAS IDENTIDADES DIGITAIS



 
Bom dia caro amigo ricardo, agradeço-te por teres disponibilidade em participar nesta entrevista.

TENHO VINDO A ACOMPANHAR O TEU PERCURSO PROFISSIONAL, COM ORGULHO e estima PARA TAL, ALÉM TEU PERCURSO, O TEU PERFIL DE EMPREendedor DE SUCESSO que criou uma start up na área da cibersegurança em felgueiras, juntamente com dois outros empreendedores oriundos tal como tu da área financeira, SENSIBILIZARAM-ME A TE CONVIDAR PARA A NOSSA ENTREVISTa.

Neste sentido, a minha primeira pergunta é da praxe e é mais pessoal, Gostava que me partilhasses as tuas origens e o teu percurso escolar e formativo.
Gostavas de estudar ou eras mais virada para o trabalho prático? Tens alguém na tua família ou amigos como modelo empreendedor?

Olá, Filipe. Muito obrigado pelo teu convite e aproveito já para te parabenizar por esta tua louvável iniciativa. Gosto particularmente desta tua forma de dar a conhecer Fafe, de um modo bastante distinto, mas muito pertinente.
Acima de tudo gosto bastante de ler os pontos de vista dos vários convidados (sigo o blog desde o primeiro convidado), todos eles muito interessantes, importantes para a nossa região, mas bastante distintos.

Focando agora na tua questão. Não posso dizer que gostava de estudar, mas gostava e gosto muito da “escola” nas suas mais variadas vertentes de ensino e formação (não fosse eu, também, docente do ensino superior público). 

Felizmente, nunca precisei de estudar grande coisa – tenho uma daquelas características chamada de “memória fotográfica” que torna difícil esquecer o que “vi” ou “li” (bem que gostava, por vezes) – mas não devo servir de exemplo. Estudei em Fafe até concluir o 12º ano, ingressei então na Universidade do Minho no curso que queria desde os meus 12 anos (mais ou menos): Licenciatura em Engenharia em Sistemas Informáticos que concluí em 2001. Mais tarde, 2005, tornei-me Mestre em Redes e Serviços de Comunicação na Universidade do Porto e em 2009 Doutorado em Inteligência Artificial novamente pela Universidade do Minho. Ou seja, gosto bastante da “escola”.

Como surgiu a ideia inicial de seres empreendedor?

Não me parece que tenha sido algo que tenha surgido. Na realidade, foi sendo semeado e crescendo ao longo de alguns anos. Comecei a minha atividade profissional em 1999 na Sociedade Interbancária de Serviços S.A. (SIBS) que a maioria das pessoas conhece pela gestão da rede Multibanco. Na SIBS tive a oportunidade de trabalhar em projetos muito interessante como o Porta Moedas Multibanco (que alguns ainda se devem lembrar) e no MBNet, hoje mais conhecido como MBWay. 

Em 2002 fui um dos colaboradores “fundadores” da MULTICERT onde trabalhei em projetos como o atual Cartão do Cidadão, o Passaporte Eletrónico, a Marca Do Dia Eletrónica (as pessoas mais ligadas à justiça vão saber o que é), o Diário Da República Eletrónico, entre outros. 
Em 2004/2005 rumei em direção ao Ensino Superior, tornei-me docente do Politécnico do Porto na Escola Superior de Tecnologia e Gestão onde, além de docente, tive vários outros cargos de âmbito pedagógico (como Presidente do Conselho Pedagógico), científico (como Membro do Conselho Técnico-Científico) e de gestão, tendo sido Vice-Presidente de 2007 a 2012. 

Em paralelo sempre fui tendo outros negócios, mais ou menos bem-sucedidos, em áreas pelas quais era apaixonado, ou seja, eram o meu hobby. Em 2012 / 2013 comecei a sentir necessidade de fazer mais, de criar novamente algo do zero, mas, desta feita, com ambição verdadeiramente global. E foi assim que em 2015 criámos a LOQR.





neste sentido a empresa LOQR, cujo nome remete para a palavra inglesa locker (cadeado), que diriges atualmente com o pedro e o jorge, que são oriundos de gaia e póvoa de varzim, respetivamente, foi criada em 2015, em felgueiras. conta-nos mais sobre a trajetória fantástica da vossa empresa até à data de hoje, partilhando as suas atividades, os seus produtos, os seus serviços e sua dimensão em termos de mercado.

Como qualquer Startup tem sido uma verdadeira montanha-russa de emoções, muitas vezes todas elas sentidas no mesmo dia. Há 5 anos eramos 3, hoje somos 50 e daqui a alguns meses deveremos ser mais de 90. Somos uma empresa, desde o dia zero, muito focada em algo muito concreto: permitir que os nossos clientes, que são na sua grande maioria bancos, possam fornecer serviços que normalmente requerem uma presença física dos seus clientes, de forma 100% digital via um qualquer computador ou telemóvel. 

São estes os serviços de abertura de conta, contratação de crédito, manutenção de dados de conta e/ou recuperação de acessos aos canais digitais. Para que estes serviços possam ser prestados em total segurança, é necessário que o banco se certifique que está efetivamente a interagir com a pessoa certa.

No mundo físico, tal é relativamente fácil de fazer pois é só pedir “no balcão” o Cartão do Cidadão ou outro documento similar ao cliente “que está ali mesmo à nossa frente”. No mundo digital tudo isto se complica, mas é precisamente isso que a plataforma da LOQR faz, ou seja, validamos em alguns minutos, muitas vezes de forma automatizada, que estamos na “presença” à distância da pessoa certa e criamos em tempo real a sua identidade digital.

Como empresa global que somos, não fazemos isso apenas para bancos nacionais (onde praticamente todos são nossos clientes embora a LOQR seja quase sempre invisível) mas também para bancos internacionais contando já com clientes em Espanha, Noruega e, brevemente, noutros países na região que é atualmente o nosso foco - EMEA (Europa, Médio Oriente e África). Para mais tarde está prevista uma expansão para LATAM (América Latina) e US. Ou seja, ainda estamos a começar ...

Quais são as dificuldades que encontras na gestão do dia a dia da vossa empresa?

Muitas, mas boas. O crescimento rápido, sendo por um lado algo tremendamente satisfatório, traz sempre “dores” relacionadas com o mesmo. Toda a empresa está em constante mutação pois aquelas atividades que eram fáceis de fazer com 7, fossem elas de âmbito mais profissional como o pagamento de salários e/ou a fornecedores ou de âmbito mais lúdico como o nosso almoço ad-hoc semanal, já não é assim tão fácil de fazer com 30 e muito menos com 50 pessoas. Na maioria das empresas estes problemas são progressivos e existe tempo para adaptar tudo e mais alguma coisa ... no nosso caso é diferente. 
Repara que vamos duplicar em número de pessoas em apenas alguns meses. Temos problemas também relacionados com timezones, pois alguns dos nossos clientes estão “algumas horas no futuro” ou “algumas horas no passado”. Problemas relacionados com línguas, pois nem todos escrevem da esquerda para a direita. Problemas relacionados com espaço, embora a recente mudança para um novo edifício com 1000 metros quadrados tenha resolvido “por algum tempo”. Problemas relacionados com fornecedores pois nem todos conseguem acompanhar o nosso crescimento. 

Problemas relacionados com clientes que estão habituados a formas de funcionar demasiado “old school” para a nossa realidade. Entre muito outros. Mas, como digo acima, são bons problemas que temos que ir resolvendo, sempre de forma muito acelerada.



Quais são as maiores satisfações e desilusões que tiveste, até agora, com a vossa empresa?

Não vejo as coisas dessa forma. Tudo foram e são passos. Numa empresa como a nossa as emoções estão sempre muito à flor da pele pois “vivemos” muito a empresa. Faz parte da nossa vida, faz parte do nosso dia-a-dia. Ganhar o primeiro cliente, ganhar o primeiro grande cliente, ganhar o primeiro cliente internacional, entrar em produção, ver processos a fluir na plataforma, aumentar o número de pessoas, receber investimento, aumentar o nosso investimento nas pessoas, aumentar o nosso investimento em inovação, mudar de instalações, ter um impacto positivo (direta ou indiretamente) na vida de tantas pessoas, etc, etc ... tudo são motivos de satisfação. 
O contrário são motivo de desilusão como, perder um cliente, perder um grande cliente, perder uma pessoa (porque, por algum motivo optou por sair da empresa), ter constrangimentos no que pretendemos fazer e naquilo que podemos dar de volta, etc, etc ... mas tudo faz parte da evolução normal.  Faz parte do dia-a-dia. Existe algo, no entanto, que para mim é um grande motivo de satisfação: trabalhar todos os dias com pessoas fantásticas, verdadeiros amigos, que têm um amor à camisola fenomenal e que nos torna a todos um pouco familiares uns dos outros. A nossa família LOQR.

Quais são os próximos desafios para a vossa empresa?

Claramente o crescimento internacional e todas as implicações que daí advêm. A nossa base de cliente em Portugal é já muito boa (5 dos 6 maiores bancos são nossos clientes) mas para nós isso é só o início. Obviamente que é muito positivo podermos dizer que o maior banco português é nosso cliente, que o maior banco espanhol é nosso cliente, que um dos 20 maiores bancos do mundo é nosso cliente, mas queremos mais, muito mais. 

Queremos mostrar que somos os melhores a fazer o que fazemos e que ninguém o faz da mesma forma que nós. Para isso precisamos de crescer internacionalmente, e isso vai ser, cada vez mais, um grande desafio. Novas culturas, novas línguas, novas regulações, novas realidades, mais pessoas. Vai ser uma grande viagem que ainda está só a começar.

Quais são as características pessoais mais importantes para a vossa empresa? Isto é, que importância dás às relações externas na vossa empresa? E para ti como empresário, quais são os contactos mais importantes? Fornecedores, clientes, pessoas influentes? 
Sei que a loqr pretende nos próximos anos atingir o patamar de unicórnio tecnológico (startup tecnológica avaliada em mais de mil milhões de dólares).

Já faltou mais, mas sim. O céu é o limite. Como costumo dizer: “apontamos sempre às estrelas que assim, mesmo correndo menos bem, ficamo-nos pelo céu”. Somos uma empresa de pessoas para pessoas. A nossa visão personifica isso muito bem: “Empowering Digital Lives”. Queremos tocar, positivamente, no dia-a-dia das pessoas por muito que elas possam não se aperceber. Somos invisíveis, mas se no final do dia tivermos contribuído para que mais pessoas gastem tempo a fazer aquilo que é verdadeiramente importante, como passar mais tempo em família, em detrimentos de esperas em filas ou em tarefas fúteis, damos o nosso objetivo como atingido para esse dia mas, amanhã, vamos querer mais.

A LOQR nasce primeiro em Amarante e mais tarde muda-se para Felgueiras, e não para o Porto ou para Lisboa, porque queríamos ser diferentes e queríamos fazer a diferença. Criar algo do zero numa pequena cidade não só tem mais piada como permite que o nosso crescimento tenha um impacto positivo nessa mesma cidade. Hoje somos conhecidos embora a maioria das pessoas não saiba o que fazemos. Mas a cidade conhece e reconhece o nosso crescimento e a nossa importância para a região. A nível de exemplo, o “nosso” atual edifício estava abandonado há mais de 30 anos. Foi recuperado “para nós”. Tornámos uma zona “menos viva” da cidade numa zona “bastante viva”. Estes são os “pequenos” impactos que contam e que têm verdadeiro significado.




Como te vês como pessoa? Como lidas com o fracasso e o sucesso?

Bem. Lido bastante bem. Um fracasso, seja ele qual for, é apenas algo que nos coloca um patamar mais perto do próximo sucesso. Um sucesso, seja ele qual for, é apenas mais um passo rumo ao objetivo final. O objetivo final, seja qual for, está em constante mutação e evolução em função de quão perto estamos de o atingir. Logo, tudo faz parte do caminho que pretendemos percorrer.

Consegues conciliar, no teu dia-a-dia, a vida profissional e pessoal?

Sim, bastante bem diria. Quem me conhece sabe que sou bastante reservado e assim pretendo continuar. Gosto muito de passar tempo em família, acompanhei e acompanho os meus filhos nas suas várias fases da vida e espero continuar a fazer. Tenho uma esposa fantástica que me apoia nas minhas “loucuras”, que na realidade se tornam nossas, “apenas porque vê o quanto gosto de fazer o que faço”. Adoro aquilo que faço e quando fazes o que gostas na realidade não trabalhas, divertes-te. Agora felizmente nem tanto, mas por norma viajo muito. As viagens são o mais difícil de conciliar com a família, mas, com algum esfoço, voos durante a noite, aproveitamento de fusos horários e outras técnicas que vais aprendendo com o tempo tudo se consegue.

No teu percurso de empresário, queres partilhar um momento único positivo ou negativo ou até anedótico que te marcou?

Como deves saber, existem muito momentos únicos que me marcaram, ora positivamente ora de forma menos positiva. Vou, no entanto, falar de um caricato que eu chamo do episódio do café e que ajuda a demonstrar alguns dos nossos desafios: quando começamos num pequeno espaço com pouco mais de 10 m2 tínhamos, como qualquer empresa de tecnologia que se preze, uma máquina de café e comprávamos cápsulas para a mesma avulso. À medida que fomos crescendo e passando para espaços maiores a máquina original foi indo connosco e foi-se “replicando”. De uma passaram a duas e de duas a três. A logística da compra de cápsulas tornou-se demasiado complicada e então decidimos que estava na altura de fazer um contrato com alguma empresa que nos fornecesse café. Foram contatadas algumas empresas e marcamos reunião para saber a oferta. 

O vendedor de uma dessas empresas veio ter connosco às nossas instalações (entretanto já íamos nas terceiras ou quartas, mas continuavam pequenas) e perguntou qual o nosso consumo. Respondi mais ou menos 35€. Ele respondeu que 35€ por mês em café já era bom e dava “x” caixas. Eu respondi que não era por mês, era por dia. O vendedor olhou para mim e perguntou: por dia? Mas todos os dias? Ao que respondi: não, ao sábado e ao domingo deve ser menos, mas nos restantes dias é mais ou menos isso. Esta história algo caricata repetiu-se em muitos outros dos nossos “consumíveis” como na água, na fruta, no pão e em muitas outras coisas que para nós são os gastos normais do dia-a-dia. No caso da fruta, que representa alguns bons Kg por semana, a primeira vez que pedimos fatura fomos olhados com alguma natural “desconfiança” (do género, devem ser inspetores das finanças). Mas agora já tudo é mais “normal”. Somos uma empresa muito diferente para a realidade que nos “circunda”.


Se tivesses um conselho a dar a um jovem empreendedor perante o estado atual da Economia, qual seria?

Ser empreendedor, seja de que forma for, é sobretudo um exercício de perseverança. É muito difícil, muitas vezes a fazer algo que mais ninguém compreende. Exige muito de nós, uma dedicação plena. Ser empreendedor é não trabalhar, mas fazer-se o que se gosta e, o que se gosta, faz-me 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano (nos anos bissextos podemos “descansar” 1 dia). Não há férias no verdadeiro sentido da palavra, apenas se faz o que se gosta a partir de um local diferente. Não se vai de fim-de-semana, apenas se vai fazer o que se gosta em viagem, ao telefone, no computador. Chega-se ao limite de, por vezes, nos sentirmos culpados por, por algum motivo, a determinada altura não estarmos a fazer o que se gosta. 
As “ferramentas” andam sempre connosco, acompanham-nos para todo o lado, são as primeiras coisas que colocamos nas malas. Tudo o resto pode ficar em casa, mas ferramentas não (que no meu caso é o telefone, tablet, computador, phones). É parar numa viagem de família numa estação de serviço porque se tem de fazer uma videoconferência, porque se tem de fazer uma apresentação, porque se tem de rever uma proposta, porque .... É respirar a fazer o que se gosta e não conseguir respirar se não o estivermos a fazer. Mas é possível. É possível criar um Unicórnio a partir de uma pequena cidade no Norte de Portugal. Por isso, se não consegues respirar porque precisas de fazer alguma coisa, arrisca, pois, o pior que pode acontecer é fracassar e aí estarás um passo mais perto do sucesso.

A crise atual associada à Pandemia COVID-19, afetou-vos na vossa forma de trabalhar? na competitividade da empresa, nas relações com os clientes? De forma negativa ou positiva?

Trabalhando nós na digitalização de processos e serviços, a pandemia veio acelerar essa necessidade juntos dos nossos clientes pelo que acabamos por ser afetados positivamente e vimos a nossa quantidade de trabalho (e clientes) aumentar. A nossa forma de trabalhar sofreu, no entanto, algumas mutações pois no dia 9 de março de 2020 adotámos, por força da situação, uma política de trabalho 100% remota. Estamos neste momento e de forma progressiva a tentar retomar alguma da antiga normalidade, mas a forma de trabalhar alterou-se para sempre trazendo novos desafios para empresas como a nossa.

Finalmente, transitando a nossa entrevista para uma parte mais pessoal, pretendia saber qual é tua visão sobre o mundo da cibersegurança, as suas fragilidades e suas potencialidades?

A cibersegurança, como sabes, é algo particularmente importante para mim. Praticamente todo o meu background académico e profissional esteve sempre, de uma forma ou de outra, ligado a essa grande “área”. Com a digitalização das nossas vidas, a cibersegurança de uma forma genérica (pois de forma particular daria “pano para mangas”) ganha uma enorme relevância.  Hoje em dia tudo existe no mundo digital, no entanto, ao contrário o do mundo físico, não existem propriamente forças de segurança digitais. É certo que as forças de segurança físicas têm departamentos mais focados no mundo digital, mas estes são claramente insuficientes. No “antigamente” (ou seja, à pouco mais de uma dúzia de anos) se a pessoa A queria cometer um crime sobre a empresa B, tinha de ir fisicamente às instalações dessa empresa. Hoje a pessoa A pode estar em qualquer parte do mundo a cometer um crime digital sobre a empresa B que está numa outra parte qualquer do mundo. 
Como tal existe todo um novo mundo de problemas, incluindo legislativos (como é que uma força de segurança tem direitos de jurisdição sobre alguém a 6000 km de distância?), mas simultaneamente toda uma miríade de potencialidades e oportunidades sobre como resolver, de forma disruptiva, estes e outros problemas. Muito mais poderia dizer sobre este tema, mas aconselho a leitura de um livro muito interessante sobre esta temática chamado de “Future Crimes - Everything Is Connected, Everyone Is Vulnerable And What We Can Do About It” de Marc Goodman”. Seja como for, a cibersegurança começa em nós próprios e na forma como salvaguardamos a nossa privacidade e o nossos dados.

tenho as seguintes perguntas e peço-te uma palavra ou frase de resposta para cada uma delas:
Hobbies?

Além do “trabalho” que é um hobbie sempre presente, já tive muitos outros, mas, normalmente, acabo sempre por me aborrecer ao fim de algum tempo. O mais recente passa por conhecer o nosso belo país, por caminhos de terra, numa mota trail/adventure.




Local de Férias preferido?

Algarve, especialmente na zona de Albufeira.

Adoras?

Viajar

Detestas?

Mentiras

Descreva o teu dia perfeito quando não estás a trabalhar

É difícil não estar a “trabalhar”, mas passa sempre por passar o dia em família seja a viajar, na praia, no campo ou a fazer outra coisa qualquer.

Qual é tua música preferida?

Vou responder com duas: “She” – Elvis Costello, “Vivir mi vida” – Marc Anthony

qual foi o filme que te marcou?

The Pursuit of Happyness. Mas eu sou mais de ficção e fantasia. Não me pareceu bem falar das “trilogias” Star Wars, entre outras.

um livro?

Dois: Maus I e II. Mas eu sou mais de ficção, fantasia e comics.

Prato preferido?

Vitela Assada à moda de Fafe

Restaurante preferido?

O Rei dos Leitões na Mealhada. Não tanto pelo restaurante em si, embora seja muito bom, mas porque por variados motivos acabou por ser uma zona de celebração de várias fases da minha vida. Provavelmente porque ficava a meio caminho entre o local onde moro e a cidade onde passava parte do meu tempo. A primeira vez que lá fui devia ter uns 6 ou 7 anos e, desde então, não deve ter havido um ano que lá não tenha ido.

PODES ME PARTILHAR 3 coisas que estão na tua lista de desejos?

Tenho a sorte de aos poucos ter ido atingido os meus “desejos”, se é que assim se podem chamar, mas existe um que ainda hei-de fazer um dia, na companhia da minha cara metade, e que é, basicamente, uma volta ao mundo sem marcações prévias. Apenas sair e ir sem prazo para voltar.

Desporto preferido?

Rally, ou não fosse de Fafe.

Qual é o teu clube?

Deduzo que te refiras a futebol, mas eu não partilho essa paixão. Sou fã da Associação Desportiva de Fafe, secção da Natação, ou não fosse este o clube que o meu filho mais velho representa.

Se não fosses empresário, eras?

Professor.

Se tivesses a oportunidade de mudar algo no teu percurso profissional, seria o quê?

Não mudava nada. Não me arrependo de nada do que fiz nem de nenhuma decisão que tomei. Todas elas foram as minhas melhores decisões com a informação que tinha na altura. Depois, e com mais informação, tudo é diferente, mas é uma realidade distorcida.

O que representa Fafe para ti?

A minha infância, a minha cidade.

Se amanhã, fosses um eleito político local em Fafe, que medidas no setor económico ou noutro implementarias?

Acho que não daria um bom político pois sou demasiado pragmático e realista. Fafe é uma cidade claramente parada no tempo, há já demasiado tempo. Fico sempre com a sensação que se está constantemente a repetir as mesmas fórmulas do passado na esperança de que algo de diferente aconteça. Sem me alongar demasiado sobre este assunto, considero que são precisas medidas de atração e retenção de pessoas. É crucial tornar a cidade numa cidade mais agradável, onde as pessoas se sintam bem, onde gostem de estar, de viver, de criar os seus filhos. Principalmente agora com o trabalho remoto (sobretudo nas áreas tecnológicas) esse é o grande desafio. Numa cidade que tenha pessoas, surgirão certamente negócios para “alimentar”, das mais diversas formas, as necessidades dessas mesmas pessoas.

Qual é a tua regra de Ouro?

Ser verdadeiro e direto seja com quem for.

Há algo mais que gostarias de dizer, que não foi abordado?

Acho que não. Espero ter estado à altura dos restantes ilustres convidados. Mais uma vez parabéns por esta tua iniciativa e, certamente, que nos vamos ver por aí.


A LOQR ON-LINE:

Site institucional: https://loqr.io/






segunda-feira, 24 de maio de 2021

O CALVÁRIO DE FAFE


Vista do centro da vila de antanho antes da construção do Jardim/Passeio Público
c. 1890


«Está este Calvário em um monte por cima de Fafe seis centos passos e outros tantos defronte da igreja para Sul. He daqui huã das mais aprazíveis vistas desta freguesia porque se descobrem quasi todas as povoações e por isso, para o licito divertimento, he frequentado este sitio dos Cavalheiros e nobres d’esta terra.» (1)

 

O “Calvário” de Fafe, lugar sagrado, cuja origem perde-se no tempo, guardião do “Vale das Estevas”, miradouro privilegiado para as serranias, o pequeno promontório é o ponto mais elevado da cidade de Fafe.

Durante muitos séculos, transeuntes da “estrada real”, que ligava a velha “Vimmaranes” à Vila medieval, cabeça do clássico concelho de Monte Longo, contemplaram o “Calvário”, onde já existia um pequeno templo, que no século XVIII era votado ao Senhor do Calvário, demolido na centúria seguinte. Em 1890 o executivo camarário mandou “despejar” os habitantes dos prédios do Calvário para ser construído o “passeio público”. Um jardim exótico de influência brasileira, que foi inaugurado em 26 de Dezembro de 1892. Albino de Oliveira Guimarães um dos maiores altruístas “brasileiros” de Fafe foi o grande impulsionador deste jardim romântico. Um dos mais emblemáticos melhoramentos de uma Vila em pleno desenvolvimento, muito pela acção filantrópica de fafenses “brasileiros” de torna viagem.



Frontispício do jardim no limiar do séc. XX 


O “passeio público” foi orgulho dos fafenses ao longo de muitas décadas. Foi destino obrigatório, mormente em tardes de domingo; um ponto de encontro para todas as classes sociais.

Em inícios do século XX, o edílico jardim do Calvário era o recreio de ar livre da Vila; o barco, trazido da Póvoa de Varzim, não tinha descanso no acanhado lago; no coreto, as bandas de música animavam o ambiente delicioso, onde casais de namorados trocavam olhares indiscretos sob a discreta vigilância paternal. Foi um tempo distinto, em que os fafenses valorizavam e sentiam orgulho nas conquistas públicas, na afirmação de uma das mais prósperas Vilas da região. O bairrismo estava presente, a velha “justiça de Fafe” era motivo de vaidade, um cartão-de-visita apreciado por cá e além-fronteiras.

O centenário Jardim do Calvário foi, por ventura, local de inspiração para outros empreendimentos numa terra em expansão, ávida de progresso, legitimamente orgulhosa dos seus filhos que tanto trabalharam para o seu engrandecimento.

A caminho dos 130 anos de existência o jardim do Calvário foi alvo de algumas intervenções, que, infelizmente, foram alterando o exotismo romântico do mais belo espaço para lazer do centro cívico da cidade.

Falta-lhe a concorrência de outros tempos, a animação que há muito deveria ter sido incrementada: recriações epocais, concertos de música, bar, tertúlias, cinema de ar livre e outras actividades que dinamizariam aquele “oásis” em pleno centro urbano, que deveria ser valorizado e mais frequentado. Mais importante que as placas comemorativas de “inaugurações” atemporais seria colocar informação histórica do principal jardim da cidade, um legado patrimonial que, decorridos 128 anos perdeu a genuinidade de outrora.

(1 (1)   Manuscrito: “Monografia do concelho de Fafe” pelo pároco de Fafe, João de Sousa Homem, datado de 4 de Julho de 1736. (Arquivo Distrital de Braga).




Vista do Jardim nos anos de 1900



Frontaria principal do Jardim do Calvário 
Arquivo 2016



Vista do interior do Jardim do Calvário
Arquivo 2016










   

 


 

domingo, 23 de maio de 2021

FAFE UP - IVAucher avança no dia 1 de junho




Quem pedir fatura, a partir de 1 de junho, com número de contribuinte na restauração, alojamento e cultura durante um trimestre, poderá gastar no trimestre seguinte o valor do IVA em causa nos mesmos sectores.

O IVAucher é uma tentativa do Governo Português de apoiar os setores mais afetados pela pandemia, nomeadamente o Turismo, que soma elevados prejuízos.

O que é o IVAucher?

É um mecanismo temporário que permite aos portugueses acumular o valor do IVA de uma despesa e descontar esse mesmo montante numa compra posterior.

Em que setores se vai poder acumular o IVA?

A medida é direcionada exclusivamente para o setor do turismo e abrange apenas três tipos de empresas: restaurantes, alojamentos (hotéis, alojamento local, etc.) e espaços de cultura (cinemas, teatros, etc.).

Que valor do IVA vai ser acumulado e descontado?

O valor a acumular e descontar será a totalidade do IVA. Ou seja, se uma fatura de 50 euros de algum restaurante, hotel ou alojamento local ou até mesmo num espetáculo tiver um IVA de 11,5 euros, serão estes 11,5 euros a ser acumulados e descontados numa próxima despesa. Importa referir que o valor do IVA a descontar é aquele que consta nas faturas que serão comunicadas à Autoridade Tributária.

Como vai ser descontado o IVA?

Da maneira mais simples: através de um desconto imediato. Ou seja, tendo o consumidor acumulado esses 11,5 euros, poderá descontá-los diretamente numa ida a outra restaurante, numa estadia num hotel ou até numa ida ao teatro.

Quanto tempo vai durar esta possibilidade?

No início do ano, o Governo referiu que os consumidores teriam um trimestre para acumular o valor do IVA e poderiam descontá-lo durante o trimestre seguinte. No entanto, o ministro da Economia remeteu esclarecimentos futuros para o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

Os contribuintes são obrigados a aderir?

Não. Os contribuintes podem decidir se aderem, ou não, a este mecanismo.








Fonte: ECO Jornal

sábado, 22 de maio de 2021

FAFE É A CAPITAL DO RALLY

 

FAFE É A CAPITAL DO RALLY

 

Indiscutivelmente Fafe é a Capital Nacional do Rally! É a localidade mítica deste desporto motorizado! Não há margem para dúvidas!

Mas porque não assumimos de vez que Fafe é a Capital do Rally? Outras terras ou localidades não se designam por Capital do Rally porque sentem que não o são e, quem é, não sente que é! Porque é preciso sentir...

FAFE É A CAPITAL DO RALLY…MAIS NADA!



Só realço uma coisa: se usam  a designação de “catedral” isto pressupõe, em termos comparativos, que  este evento se realiza num espaço fechado, o que não acontece. Se criarem um museu do rally aí sim podem chamar “catedral do rally” porque será a analogia de um templo religioso a um “templo” desportivo! 

NATURALMENTE FAFE É RALLY



Esperamos, nos próximos anos, ver algo ser feito nesse sentido! Ver um monumento dedicado ao rally e/ou pilotos! Ver um espaço dedicado à história do rally… ver uma academia/escola, entre outras coisas!

FAFE É  HISTÓRIA DO RALLY! FAFE É A CAPITAL…

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segunda-feira, 17 de maio de 2021

Feiras Francas dos 16 de Maio I sobre os seus primórdios




Pela mão do padre João de Sousa Homem, que escreveu aquela que pode ser considerada a primeira “monografia do concelho de Fafe” em 1736, sabemos que na primeira metade do século XVIII realizavam-se, em Fafe, duas Feiras Francas: Uma no primeiro dia de cada mês e outra nos dias 22 e 23 de Agosto de cada ano. A feira mensal tornou-se franca por “provisão de D. João V que reinou Portugal entre 1707 e 1750. Na feira anual de Agosto, designada de S. Bartolomeu, por ter origem na antiga freguesia de S. Gens, eram negociados todo o tipo de “mercancia” no primeiro dia; o gado estava reservado para o dia seguinte.

 

A origem das Feiras Francas do 16 de Maio, embora com desfasamento de calendário, poderá residir naquelas feiras setecentistas. Contudo, é apenas uma hipótese, visto não serem conhecidos, até ao momento, elementos mais recuados no tempo sobre esta temática.

 

Certo parece ser que a feira anual do 16 de Maio, feriado municipal, com o seu formato lúdico e comercial, associado a uma forte tradição agropecuária, começou a desenvolver-se na segunda metade do século XIX.

 

Em 1886, José Augusto Vieira, autor de “O Minho Pittoresco”, dá a entender que, na época, a feira anual da Vila era predominantemente destinada à transacção de gado.

 

As corridas de cavalos são, aparentemente, uma criação dos finais do século XIX que, até 1896 se realizavam no único dia de feira, o 16 de Maio. Estas corridas eram designadas por “carreiras”, pouco organizadas e com alguma espontaneidade. O jornal “O Desforço” de 1894 refere: “a carreira provocou gargalhadas aos espectadores, com os atropelamentos da praxe e com os tranbulhões d’alguns cavalleiros. Alguns feirantes ficaram debaixo de cavalos, resultando-lhes d’ahi leves ferimentos”.

 

Por esta altura havia também muitos desacatos e roubos, pelo que era frequente reforçar a segurança. Mais uma vez “O Desforço” de 1897 relata: …” nesta feira a ordem foi alterada… levantando-se pela volta da tarde um grande barulho, provocado, segundo temos ouvido, por causa da corrida de cavallos. Se não fosse uma força de 30 praças de Infantaria 8, que o sr. Administrador do concelho requisitou para manter a ordem, haveria a registar graves acontecimentos”.

 

Até novecentos as Feiras Francas de Fafe caracterizavam-se pelos concursos de gado, cavalar e bovino, as corridas de cavalos, barracas com diversões e produtos diversos, as “estúrdias” e as Bandas de Música, do “Alípio” e dos “Bombeiros Voluntários”, atraiam milhares de fafenses e forasteiros ao largo principal da simpática Vila de antanho, que tem nas Feiras Francas uma das suas mais concorridas festas populares onde a tradição já não é o que era; mesmo antes da Pandemia!



Reprodução do jornal "O Desforço", 1920



Reprodução do jornal "O Desforço", 1914









 

domingo, 16 de maio de 2021

“UM OUTRO OLHAR” – ORLANDO, UM FAFENSE QUE CRIOU UMA EMPRESA PARA IMPULSIONAR UM NOVO MUNDO BANCÁRIO

 


Bom dia caro amigo orlando, agradeço-te por teres disponibilidade em participar nesta entrevista.

TENHO VINDO A ACOMPANHAR O TEU PERCURSO PROFISSIONAL, COM ORGULHO E AMIZADE que nos une há 15 anos.
PARA TAL, ALÉM TEU PERCURSO, O TEU PERFIL DE EMPREendedor DE SUCESSO que criou uma start up na área financeira, em valongo, juntamente com dois outros empreendedores oriundos tal como tu da banca tradiocional, SENSIBILIZARAM-ME A TE CONVIDAR PARA A NOSSA ENTREVISTa.

Neste sentido, a minha primeira pergunta é da praxe e é mais pessoal, 

Gostava que me partilhasses as tuas origens e o teu percurso escolar e formativo. Gostavas de estudar ou eras mais virAdO para o trabalho prático? Tens alguém na tua família ou amigos como modelo empreendedor?


Olá Filipe. Obrigado pelo convite. É uma honra poder partilhar contigo experiências e visões. Acredito piamente que hoje a maior matéria prima é o conhecimento. Cabe a cada um de nós partilhar e saber cuidar dele. 

Devo dizer que é de louvar esta tua iniciativa de dar a conhecer o ecossistema empresarial da jurisdição Fafense. Costumo dizer que fazem cada vez mais falta personalidades que façam unir pontes e sejam facilitadores e interconectores entre pessoas com a sua heterogeneidade. E tu és uma delas e como tal é mais do que merecido esse reconhecimento.

Sobre mim…vamos lá então. Orlando Gomes Costa, 42 anos, licenciado em Gestão pela Universidade do Minho e com formação executiva na Universidade Católica Portuguesa em Motivação e Liderança. Para além desta vertente académica, enveredei também em ganhar competências na área de PNL – Programação Neurolinguística (Life Training Academy), na área Desportiva como Treinador de Futebol certificado e Formador Certificado. Se gostava de estudar…hum..Sabes que o conceito de estudar na minha opinião muda e o grau de gosto que temos pelo estudo respetivamente. Posso dizer-te que se fosse hoje novamente para a Universidade teria certamente outro tipo de aproveitamento e de envolvimento com o estudo.
Sinto agora, já com experiência adquirida no contexto profissional, que iria tirar bem mais proveito e sabedoria do que tive com 20 anos. 

Para mim o sector da educação deveria ser profundamente reestruturado. Deveria no inicio da aprendizagem saber ajudar-nos a perceber qual o nosso melhor talento e potencia-lo ao mesmo tempo que nos dá formação de bases e valores e depois sim, já num contexto de iniciação profissional voltar a dar possibilidade de estudarmos efetivamente as áreas onde tínhamos predilecção e vocação. 

No meu caso, enquanto estudava, gostei sempre de perceber num primeiro grau para que é que me servia aquela matéria/conteúdo e depois sim dedicava-me. Na família alguém empreendedor? Sim, um Tio meu, Alberto Costa, que com 14/15 anos saiu de Chaves para Moçambique à procura do seu futuro e que singrou como contabilista lá, tendo de voltar para Portugal e começar de novo, fruto do movimento de independência de Moçambique. Influenciou-me muito na minha juventude ao escolher a área de Economia/Gestão.
 
 
Como surgiu a ideia inicial de seres empreendedor?


A ideia de ser Empreendedor não surge inicialmente. Ela acontece naturalmente e quando te apercebes, sim, dás por ti que poderás ser empreendedor. Porém não se confunda a ideia de Empreendedor como alguém que cria um negócio. Pode-se ser empreendedor como trabalhar por conta de outrem. Pode-se ser empreendedor como alguém que realize ações sociais e ambientais sem qualquer carácter de lucro. Encaro empreendedor como alguém que procura sempre fazer algo de novo, algo diferente. Alguém que nunca descansa, como que viciado em criar, desenhar e criar novos desafios. Para os outros e para si. Porém recordo-me que me apercebi de ter este lado mais activo para criar algo de novo na Universidade do Minho quando me envolvi com a Associação Académica como membro da Direção e depois como Presidente da Associação de Estudantes de Gestão de Empresas. Aí percebi a paixão que tenho de sonhar e fazer sonhar os outros e contagiar a ideia de que nada é impossível.  

 


 
neste sentido a empresa nbanks que diriges atualmente com o nuno e o ricardo, que são oriundos de paredes e gaia respetivamente, foi criada em 2018, em valongo.
conta-nos mais sobre a trajetória fantástica da vossa empresa até à data de hoje, partilhando as suas atividades, os seus produtos, os seus serviços e sua dimensão em termos de mercado.

Antes da Empresa ser criada há uma História e Estórias. Eu conhecia há muitos anos o Nuno no contexto profissional bancário, sendo ele Gerente de Balcão e eu consultor de Investimentos. Porém mesmo dentro desse contexto de estarmos a trabalhar num Banco, sempre partilhamos a ideia de criar um modelo novo. Um modelo em que o centro estaria o cliente e os produtos seriam secundários. Na verdade uma pessoa não precisa propriamente de uma entidade financeira. Precisa apenas que lhe prestem serviços financeiros. E isso faz toda a diferença. Ora se o centro da atenção de uma empresa fôr o cliente e não o produto e ainda por cima com a liberdade de não estar preso a uma entidade financeira, está aí encontrado o modelo perfeito para uma era em que a liberdade de escolha, independência e informação isenta irá vingar.
No sector bancário e nos outros sectores em geral. Se reparares a grande transformação que a tecnologia nos está a dar é movimentada pela forte vontade de cada um de nós ter fontes de informação fidedigna, ter capacidade de intervir na nossa decisão mas ao mesmo tempo assegurarmos que estamos protegidos de não haver alterações por terceiros. Assim de repente até estou quase a explicar o que é Blockchain. 

Sendo eu e o Nuno de áreas como o Marketing e Gestão, fizemos juntar o Ricardo com forte expertise na área de Tecnologias e assim em equipa edificarmos o projeto nBanks. Há ainda o António que se juntou a nós e que aporta um profundo conhecimento na área de robotização de processos e é um grande Profissional. A empresa começou assim com diferentes graus de conhecimento e experiências, mas com forte vontade de trabalharmos em conjunto. Começamos com um vídeo e um powerpoint a falar com centenas de pessoas potenciais investidoras para embarcar na viagem connosco. Finalmente em Setembro de 2018 fizemos a primeira ronda em que reunimos o suficiente para pôr a ideia a trabalhar e a ser desenhada. E é uma sensação incrível ver um projeto a nascer e a sair do papel para a realidade. 
Dedicamos muito tempo à construção da mesma e hoje a nBanks é um software que optimiza a gestão financeira e contabilística de empresas e contabilistas, criando um ecossistema de trabalho entre si e em que processos como a agregação de contas bancárias, conciliação bancária, integração com diversos softwares e com diversas fontes de informação da Autoridade Tributária, Segurança Social, efatura, entre outras fontes, são integradas num único sitio fazendo poupar imenso tempo e recursos a milhares de profissionais. Em pouco mais de 1 ano de comercialização já temos mais de 1200 perfis empresariais e contabilísticos. 

Em pleno COVID não posso dizer que seja mau. Porém queremos mais e agora mesmo estamos já a expandir para vários Países Africanos e América Latina. Mas há ainda MUITO, mas mesmo MUITO trabalho a fazer. Inclusive vamos muito em breve abrir soluções para particulares de modo a que estes também possam usufruir deste movimento de OPEN BANKING em que o que prevalece é o perfil e a vontade do cliente. Finalmente cada pessoa perceber qual a melhor solução para si e ter ferramentas que lhe permita ajudar a planear a sua vida financeira e a assegurar que toma melhores decisões, é o nosso sonho. Tem de haver sempre um sonho para quem cria algo e esse sonho está cada vez mais perto.   
 
 
Quais são as dificuldades que encontras na gestão do dia a dia da vossa empresa?

Torna-se um desafio incrível ter de gerir empresas que estejam em crescimento. Pessoas a entrar e em que tens de passar a mensagem do que é a filosofia da empresa e ao mesmo tempo todos nós termos de fazer papéis multifacetados. No inicio é assim. Temos de vender, cada um de nós, ao mesmo tempo que temos de falar com o contabilista para fechar processos. Falar com todos os fornecedores ao mesmo tempo que temos de gerir as relações institucionais com os investidores. Estar presente em fóruns e congressos a representar a empresa. Instituir processos que permitam automatizar o máximo possível a componente administrativa da empresa para que possas estar mais liberto para as áreas criticas da empresa. 
Mas no inicio, tudo é critico. Tens de tomar centenas de micro decisões e em que não tomar decisões pode sair mais caro do que tomares más decisões. Ter consciência de que vais errar, mas que vais acertar a maior parte das vezes e o desafio também de começares a confiar no trabalho de cada um dos novos colaboradores que te vão ajudando a fazer crescer a empresa.
 
 


Quais são as maiores satisfações e desilusões que tiveste, até agora, com a vossa empresa?

A maior satisfação é vê-la crescer e a ter reunido um grupo de investidores que confiam plenamente na nossa gestão e equipa. 
A desilusão sinceramente é ainda não ter chegado ao nível que ambicionamos. Mas admito também que quando és ambicioso, todo o caminho te parece curto. Olha que é difícil saberes conviver contigo mesmo quando tens vontade, desejo e ambição de fazeres sempre mais. Nunca olho para trás. Como tal não conto as pegadas que já fiz, mas sim sempre o longo caminho que ainda me falta percorrer. Outra desilusão é ainda não ter tempo de fazer as ações de coaching 1x1 que pretendo fazer com a equipa na regularidade pretendida, pois adoro partilhar o que aprendi em Programação Neuro-Linguística e assim potenciar o que de melhor cada um pode ter dentro de si. Claro está que a pandemia também não ajuda para isso. Mas felizmente estamos cada vez mais perto de a ultrapassar. 

 
Quais são os próximos desafios para a vossa empresa?

Assegurar um crescimento sustentável, com diversificação cada vez maior de mercados e geografia e sem nunca perder a sua identidade e bom planeamento. Estamos agora a criar estrutura de negócio em diversos Países Estratégicos para o nosso crescimento e o maior desafio é sabermos estar à altura dessas oportunidades. 
Todos os dias surgem novas oportunidades que temos vontade de agarrar e como tal, um dos desafios, é precisamente agarrar aquelas que poderão potenciar mais o negócio com o menor risco possível. A tentação de fazer sempre coisas novas é grande mas também temos de ter a noção de que não é possível abraçar o mundo ao mesmo tempo. Temos de o ir abraçando conforme a dimensão dos nossos braços.
 


 
Quais são as características pessoais mais importantes para a vossa empresa? Isto é, que importância dás às relações externas na vossa empresa? 
E para ti como empresário, quais são os contactos mais importantes? Fornecedores, clientes, pessoas influentes?

Sinceramente mais do que capacidades técnicas, conta muito os seus “soft skills”. Numa empresa com estas características de crescimento, cada um de nós tem um papel importantíssimo. Cada um de nós num enquadramento de equipa tem um valor intrínseco enorme. Como tal, a capacidade de comunicar com os outros, a empatia, a vontade de aprender mais e a vontade de trabalhar em equipa é um requisito fundamental. 
Não divido Relações Externas ou Internas. Para mim uma boa relação interna faz gerar uma boa relação externa. Costumo dizer que se tivermos membros da nossa equipa felizes, esse estado de felicidade vai-se refletir na maneira como se abordam as pessoas que nos abordam, sejam eles Fornecedores, Clientes ou outros. E seja a que horas fôr. Garanto-te que não há melhor marketing para uma empresa ou instituição do que um colaborador feliz. E para tal nem sempre a solução passa pela compensação monetária. Infelizmente agora, confesso, é muito mais difícil conseguirmos falar com todos os membros da equipa pessoalmente, quando a distância física ainda vinga, mas quando possível devemos manter sempre o nível de motivação elevada. Por isso para mim o mais importante é a equipa, pois ao faze-lo sei que os clientes, fornecedores e quem se envolve connosco terá sempre um bom impacto.

 
Como te vês como pessoa? Como lidas com o fracasso e o sucesso?

Vejo-me pelo nível de pessoas com quem lido. Costumo dizer que somos a média das pessoas com quem nos relacionamos. E felizmente se tenho o hábito de lidar com gente intelectualmente séria, esforçada, confiante, sonhadora e ambiciosa é porque é provável que eu próprio serei assim. Confesso porém que lido melhor com o que pretendes referir como fracasso do que com o sucesso. Pois sei que não há fracasso. Há aprendizagem. Aprendo sempre com o erro. Fracasso é falhar algo e nunca aprender. Isso sim é um fracasso redondo. 
O sucesso é algo que confesso nunca penso se o atingi, pois conforme referi antes, parece que é sempre aquele “oásis” que parece estar ali mesmo ao pé e afinal está sempre mais à frente. Ou se atingi algo que procurava, já estou de imediato a pensar em algo novo. Pelo que na verdade, o sucesso pode ser nada mais nada menos do que a sucessão de pseudo fracassos, desde que a aprendizagem seja garantida.
 


Consegues conciliar, no teu dia-a-dia, a vida profissional e pessoal?

É o maior esforço que faço confesso. Acredito no balanço correto entre a vida pessoal e profissional. 
aqui pessoal incluo a vida familiar. Sou uma pessoa que precisa muito do convívio com a minha mulher e filha. Carrego as baterias com elas, mesmo às vezes estando no portátil a trabalhar. Mas basta aquele aconchego da proximidade com a minha família para que possa depois estar ao mais alto nível profissionalmente. E basta depois em casa todos termos regras em que não há mais do que uma televisão, não há telemóveis à refeição, entre outras regras para que mesmo sendo poucos minutos por vezes diariamente, ao menos garantimos que estamos juntos o maior tempo possível.

 
No teu percurso de empresário, queres partilhar um momento único positivo ou negativo ou até anedótico que te marcou?

Sim. Anedótico sem dúvida. E os meus sócios vão-se rir quando lerem a npssa entrevista 
O nosso primeiro escritório neste projeto era um pequeno escritório na Lixa com perto de 12m2. Tinha a particularidade de o WC não ter candeeiro a funcionar convenientemente (estava constantemente a piscar) e nem janelas para o exterior. E apesar de estarmos constantemente a dizer à senhoria que teria de tratar do candeeiro (ainda por cima colocado bem alto), resolvemos encontrar uma solução logo na 1ª semana. Fomos a uma loja de conveniência e compramos lanternas de mineiros para se colocar na cabeça sempre que nos teríamos de dirigir ao WC. Era absolutamente genial e uma boa forma de encontrar soluções em vez de estarmos à espera que nos arranjassem soluções. Ainda hoje nos rimos quando nos lembramos disto. 
 

Se tivesses um conselho a dar a um jovem empreendedor perante o estado atual da Economia, qual seria?

Qualquer contexto oferece adversidades e oportunidades. Felizmente fomos estando habituados durante gerações a convivermos num contexto em que o risco se ia diluindo quase ao ponto de acharmos que a vida por si ofereceria pouco risco. Esta pandemia agora volta a abrir a perspectiva de que a vida tem o seu risco. Mas risco é também sinal de potencial retorno. Por isso confiança….o maior conselho é confiança. 

 
A crise atual associada à Pandemia COVID-19, afetou-vos na vossa forma de trabalhar? na competitividade da empresa, nas relações com os clientes? De forma negativa ou positiva?

Mesmo sendo uma empresa de teor tecnológico, claro que foi afetada, pois desengane-se aquele que ache que basta ter uma empresa com ligação web e que tira máximo proveito desta aceleração digital que ocorreu. Uma empresa que lançou o seu produto em 2020 naturalmente que foi afetada. Porém, fruto do forte pendor de gestão cautelosa adotada tivemos oportunidade de ter capacidade de tomar as melhores decisões e inclusive fizemos uma nova ronda de capital que fez tornar a empresa ainda mais forte. 
Assim e com a sustentabilidade da empresa totalmente garantida, permitiu-nos agora estarmos mais fortes e até aproveitar para desenvolver novos produtos e serviços. A nível de gestão de equipa e de articulação entre todos nós, confesso que senti o impacto de não ver as pessoas diariamente e eu sou pessoa de pessoas. Porém o profissionalismo de cada um dos membros da equipa fez compensar esse efeito nefasto. Sairemos agora desta pandemia porém com a descoberta de que poderemos perfeitamente conviver com um cenário hibrido de conciliar presença no escritório e com regime de teletrabalho. Lá está todo o tipo de cenários oferecem-nos aspectos positivos e menos positivos profissionalmente falando claro, pois humanamente perderam-se vidas estupidamente e de lamentar profundamente.




Finalmente, transitando a nossa entrevista para uma parte mais pessoal, pretendia saber qual é tua visão sobre o mundo financeiro, as suas fragilidades e suas potencialidades? Sei que a nbanks pretende criar um novo mundo bancário.

Sim, conforme referi antes estamos a criar um novo modelo de relacionamento bancário. Um mundo em que simplificamos operacionalmente o dia a dia de empresários e contabilistas com a fácil capacidade de agregar informação bancária e agilizar a sua conciliação bancária e contabilística, bem como integrar informação fiscal, tributária, mapas de responsabilidades de crédito e demais informações habitualmente dispersas e de difícil tratamento. 
Assim para além de fazer poupar imensas horas de trabalho a gestores e contabilistas, estamos também a construir um modelo independente em que o cliente é sempre o nosso foco, sendo os produtos bancários apenas um factor secundário. Por isso construindo uma inteligência agnóstica, em que o cliente e o seu perfil é o mais central e de fácil usabilidade, passamos a marcar uma nova posição no mercado bancário. Somos a única plataforma independente a trabalhar o conceito de Open Banking completamente orientado para o cliente final. E a fazer avivar valores como independência, isenção e equidistância. Valores estes muito procurados pelos cidadãos em geral e agora os “millennials” ainda mais adoptam esta tendência digital de desburocratizar processos, ter fácil acesso e soluções práticas à distância de um click.
 
 
tenho as seguintes perguntas e peço-te uma palavra ou frase de resposta para cada uma delas:

Hobbies?

Música (ouvir e tocar), ler, escrever e correr.
 
Local de Férias preferido?

Seja onde for, desde que esteja com a Família estou bem.
 
Adoras?

Honestidade
 
Detestas?

Snobismo
 
Descreva o teu dia perfeito quando não estás a trabalhar

Ir levar e buscar a minha filha à escola. Adoro a conversa matinal e a de final de tarde, em que todos os dias ela é capaz de trazer coisas novas para eu também aprender, ou eu a poder ajuda-la a criar novos horizontes.
 
Qual é tua música preferida?

Please – U2. Secção rítmica, letra, disrupção que eles fizeram na altura com este single e álbum no plural.
 
qual foi o filme que te marcou?

Whiplash – Nos limites. Grande, grande filme. Papelaço do J.K.Simmons
 
um livro?

O Pêndulo de Foucault, de Umberto Eco. Dos mais difíceis que li. Mas depois de o conseguir “desencriptar” foi uma descoberta fenomenal.




PRATO preferido?

Polvo à Lagareiro.
 
Restaurante preferido?

Não tenho nenhum restaurante preferido, confesso. Muitos espalhados pelo País são fenomenais. Em Setúbal por exemplo há ótimos para comer chocos. Na zona da Apúlia para comer Peixe ou Polvo. Em Chaves para se comer iguarias maravilhosas e claro está Fafe para comer a famosa Vitela. Mas um preferido não tenho.
 
PODES ME PARTILHAR 3 coisas que estão na tua lista de desejos?

Aprender a tocar piano (só sei cantar e tocar guitarra razoavelmente); Fazer viagem de volta ao mundo de longo curso; Conduzir bólide de F1 (esta é mais difícil eu sei, mas quem sabe)?
 
Desporto preferido?

Desportos motorizados (Moto GP e F1)
 
Qual é o teu clube?

Grupo Desportivo de Chaves
 
Se não fosses empresário, eras?

Historiador certamente. Adoro História.
 
Se tivesses a oportunidade de mudar algo no teu percurso profissional, seria o quê?

Ter tido receio de mudança em demasiadas vezes.
 
O que representa Fafe para ti?

Representa o crescimento da minha família. A minha filha é Fafense e sempre será. A minha mulher também Fafense, teve o condão de me convencer de que valeria a pena viver aqui desde 2007 e para mim, mesmo sendo difícil de me adaptar vindo da cidade do Porto, apaixonei-me por coisas simples como a natureza, o ar limpo, a calmia e a representativade diária de que mesmo trabalhando no Porto e viajando bastante por vários locais por motivo de trabalho, regresso ao meu abrigo e à cidade que passei a gostar. 
Representa ainda pessoas transparentes, que são o que são genuinamente e com uma ligação especial à Justiça e ao movimento cultural do inicio do século XX, com um símbolo cultural que felizmente voltou a estar ativo através do Teatro Cinema de Fafe. 
Representa ainda os DEEP, o grupo de Pop Rock, do qual fiz parte juntamente com o Ruca, o João Pedro, o Pedro e a Joana anteriormente.
Representa ainda e espero que não me interpretem mal , como uma das regiões com maior potencial para abraçar o futuro mas que teima ainda em não o conseguir fazer. Fafe não pode ser apenas o “Salão de Visitas do Minho”. Tem de ser uma Janela do Mundo. Tem uma história e tradição que não pode ficar apenas como porta do Minho.

 


Se amanhã, fosses um eleito político local em Fafe, que medidas no setor económico ou noutro implementarias?

Uma questão muito interessante que me colocas. E eu em concreto posso ter uma maior independência de olhar para este belo concelho, pois sou natural do Porto e vim residir para Fafe há 13 anos. Proponho que olhemos para Fafe como se fosse um produto. 
E como tal que vantagens e desvantagens apresenta para quem necessita desse produto (habitantes) e o que podem fazer os seus gestores (Autarquia e instituições de serviço camarário)? 
De bom, apresenta características muito próprias e que pela sua genuinidade podem ser potenciadas como factor diferenciador Aspectos como :

-Gastronomia (pratos típicos);

-Localização (Auto-estrada pertíssimo que nos liga a qualquer lado de Norte a Sul – embora com preço elevadíssimo de portagens que poderia ser promovida a possibilidade de reduzir o mesmo - );

-Cluster têxtil (tecido industrial que promove dinamicidade à região);

-Eventos cíclicos (destaca-se o Rally de Portugal, entre outros);

-As suas gentes (características de resiliência e pragmatismo de salutar);

-Espaço de crescimento natural (Fafe ainda apresenta dimensão geográfica com grande capacidade para crescer na sua periferia).
 
Por outro lado, apresenta a meu ver factores que podem e devem ser melhorados para potenciar a curto prazo, que serão críticos para poderem ser considerados como estratégicos a longo prazo para manter a região activa e capaz de manter anualmente uma taxa migratória positiva, isto é, número de cidadãos que passam a residir em Fafe superior aos que deixam de residir em Fafe, já para não considerar a comparação da taxa de natalidade e mortalidade no concelho. Factores como:

- A promoção de turismo estrutural e não pontual. Repito estrutural e não pontual
Verdadeiramente Fafe hoje não apresenta oferta turística  estruturada e unidades hoteleiras em quantidade compatível com o produto que poderia promover. Se pensarmos no que Fafe poderia oferecer como roteiro para um turista passar um fim de semana em Fafe, começaríamos por onde? Que programas a apresentar? Quais as unidades hoteleiras onde ficar e em quantidade suficiente? Qual o roteiro gastronómico e vinícola? Que visitas guiadas poderiam ser desenhadas ? Pensando na igreja românica de Arões, as histórias ricas e a influência brasileira na região, os espaços verdes como a Barragem da Queimadela, a casa do Penedo, a Aldeia do Pontido, entre outros. Que história bonita poderíamos contar para convencer alguém a visitar Fafe para um fim de semana ou uma semana? Há imenso que contar, mas mais do que tudo saber contar essa história. 
Hoje a tecnologia permitira facilmente criar estruturas organizadas para em colectivo pensar em estruturar o turismo de Fafe para benefício de todos. Claro que a componente de investimento é um factor critico para fazer crescer este mercado, mas Fafe apresenta empresários qualificados, com provas dadas na gestão dos seus negócios que certamente poderiam participar activamente neste tipo de projectos desde que bem rotulados e desenhados. Para além da forte ligação que existe com os emigrantes e em que muitos deles certamente poderiam participar em promover a sua região natal;

- Continuar a  assegurar no mais curto espaço de tempo que serviços básicos de saneamento e assistência primária aos seus habitantes possam ser assegurados em todo o concelho, pois antes de olhar para fora, temos de olhar para dentro e ter a capacidade de promover a melhoria interna, pois cada fafense satisfeito com o seu concelho é o maior e melhor promotor da região;

- Fafe tem que estar atento à capacidade de reter os seus jovens cidadãos, sobretudo aqueles que por motivo de estudos superiores tenham a necessidade de sair para ganhar competências universitárias e que provavelmente não retornam mais à sua cidade natal para residir permanentemente, por falta de capacidade da própria região em criar postos de trabalho para sectores mais qualificados (sobretudo sector privado). E hoje há mais do que condições tecnológicas para um executivo camarário poder ter a percepção de qual a taxa de sucesso de retenção desses jovens;

- Fafe tem ser activa na capacidade de atrair investimento para estabelecimento de pólos tecnológicos, isto é, Fafe ter a capacidade de atrair empresas como a SIBS, a Critical Software, Microsoft, Entidades Bancárias, entre outras, para que estas mesmas possam facilitar a construção de postos de trabalho qualificado e que naturalmente fazem impulsionar a capacidade de atrair outros cidadãos para residirem em Fafe, pois pelas razões que descrevi em supra, seria fácil convencer alguém residir em Fafe. Neste aspecto não vejo porque Fafe não pode ter o mesmo desempenho a este nível que o Fundão, Arcos de Valdevez, Chaves e outros municípios com características semelhantes;

- Criar condições para que o tecido empresarial local possa ser mais competitivo do que outras regiões geográficas que paulatinamente estão a ganhar quota de mercado às empresas locais. Em concreto porque não criar uma Central de Compras Integrada e Automatizada, verdadeiramente global para assegurar que as empresas locais que vão adquirir isoladamente as mesmas mercadorias aos mesmos fornecedores possam ter preços e condições negociais vantajosas? 
Ações que possam promover o benefício colectivo não deixando de preservar o espaço e identidade de cada empresa ou empresário. Todos já percebemos que sozinhos poderemos ir mais rápido, mas juntos iremos mais longe…

- E mais outras ideias que poderiam ser exploradas e que certamente os “agentes vivos” da região estarão atentos para tentar promover estas ou outras soluções melhores. Da minha parte perfeitamente disponível para debater e partilhar ideias deste teor para promover o bem comum.
 
 
Qual é a tua regra de Ouro?

Nunca chegar atrasado a uma reunião. O tempo dos outros deve ser respeitado.
 
Há algo mais que gostarias de dizer, que não foi abordado?

Espero ter sido agradável para quem esteve a ler esta entrevista. 
É uma honra ter tido oportunidade de partilhar visões e um pouco da minha vida. 
E para ti, um bem-haja pelo trabalho que fazes e a título puramente altruísta.


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