Orlando Pompeu é um filho da Terra que desde muito cedo mostrou um invulgar dote artístico. Poderia ser Aquitecto, Músico ou Escultor; mas preferiu abraçar as Artes Plásticas. Apoiado pelos pais e professores, o jovem Pompeu estudou Belas Artes em vários países. As suas primeiras obras hiper-realistas abriram-lhe as portas do mundo artístico internacional.
Espanha, França, Inglaterra,
Estados Unidos da América e Japão, acarinharam a arte deste fafense que nunca
perdeu de vista a sua terra natal. Ao fim de trinta e quatro anos de uma
invejável carreira, mestre Pompeu, um dos mais afamados artistas fafenses além
fronteiras, regressou com o seu tesouro artístico que partilhou com os
fafenses numa Mega-Exposição realizada no final do ano de 2012.
Orlando Pompeu é um moderno
emigrante de torna viagem, bem sucedido, que ama a sua Terra e, como os seus
antepassados, quer deixar a sua marca em Fafe.
O artista nasceu na freguesia de Cepães em 24 de Maio de 1956, filho de negociante em mercearia e bebidas. Pompeu acredita que o seu dote para a pintura vem-lhe do berço e lembra com muito carinho o incentivo dos pais e professores para seguir estudos na vertente das Artes. “Desde muito novo queria ser artista; arquitecto, músico, escultor… acabei por enveredar pelas Artes Plásticas, o que me dá imenso prazer. Com catorze ou quinze anos supervisionava os desenhos dos meus colegas de escola que recordo com muita afeição, lamentando que muitos deles não tivessem a minha sorte”.
Primeiro no Porto, depois em
Barcelona, Pompeu estudou e pintou, começando a manifestar a sua forte aptidão
para a arte pictórica.
Em 1978 realizou a sua
primeira exposição individual em Fafe, apresentando telas hiper-realistas muito
apreciadas, que lhe abriram as portas de Paris onde trabalhou e expôs em
diversas ocasiões. A mostra no Centro Português da Fundação Calouste
Gulbenkian, em 1987, foi a sua rampa de lançamento para uma carreira artística
que o levaria até aos Estados Unidos da América e ao Japão, onde mantém
galeristas. O contacto com outras culturas e realidades artísticas estiveram na
origem da sua evolução pictórica. “Se continua-se a fazer telas
hiper-realistas, que aliás me davam muito dinheiro, teria cristalizado. As
pinturas gestuais e concepcionais deram-me um cunho pessoal apreciado um pouco
por todo o mundo.”
Mestre Pompeu afirma nunca
ter pintado por encomenda, “nunca o fiz e jamais o farei, tive já várias
propostas nesse sentido, mas quando me pedem para pintar esta ou aquela cor,
este ou aquele motivo, perco logo a vontade de o fazer”. O artista gosta de
conceber obras originais, criadas pela sua imaginação, muitas vezes inspiradas
na sua aldeia. Exterioriza os seus sentimentos na tela, criando “uma espécie de
monólogo”, reflectindo estados de espírito e “aconselhamentos da natureza”.
Referiu ter algumas influências: Da Vinci, Dali, Nadir Afonso, Júlio Resende e
Cargaleiro, foram os citados.
Em 1998 o Município de Fafe,
reconhecendo a sua celebridade, agraciou o artista com a Medalha de Ouro de
Mérito Concelhio. Um galardão que orgulha o pintor, que em momento algum perdeu
de vista a sua terra natal. “A minha aldeia de Cepães é o meu refúgio, é lá que
resido e espero ficar até o fim dos meus dias”, confessou.
Orlando Pompeu é um ser humano amigo e
solidário, muito preocupado com o destino de Portugal na actual conjuntura
politica, económica e social. As suas recentes obras de sátira política são
disso reflexo. “Os artistas não podem ser insensíveis à dor e ao sofrimento
humano”, exclamou o mestre que, confessou não gostar muito de ler jornais e ver
televisão.
Considera-se um homem rico,
pela família e lar que conseguiu formar e mantém com muito amor. No aspecto
económico afirma ser um remediado que vive confortavelmente.
“O
Centro Cultural Orlando Pompeu foi uma ideia minha que, no imediato, está posta
de parte, pelos custos elevados e por saber que Fafe tem outras prioridades”.
O sonho de Orlando Pompeu é
ver a sua obra depositada em Fafe. Há uns anos surgiu uma proposta que implicava
a atribuição de um subsídio vitalício de 2.000 Euros mensais que o Município
pagaria até à morte do casal. Foram muitas as vozes contraditórias e o negócio
não foi concretizado. Orlando Pompeu afirma que estão em causa 300 pinturas
sobre tela e mais de 5.000 desenhos, “são os meus filhos pictóricos que
representam mais de três décadas de intensa produção artística que quero
guardar para a minha cidade. Já tive propostas de compra de algumas dessas
obras de um senhor endinheirado do Dobai, exportador de petróleo, mas o
dinheiro não é o mais importante e quero que esses quadros fiquem na terra
mãe”, confessou o pintor.
Confrontado com o “boato”
que já estaria a receber dinheiro da Câmara Municipal, Pompeu desmentiu
categoricamente; nem um euro! Exclamou. “O que é verdadeiramente importante é o
Município de Fafe adquirir a minha obra, o resto é o mais fácil, porque
certamente não iremos viver para sempre neste marasmo cultural, politico,
social e económico. Eu prefiro vender a minha obra por um sexto do seu valor à
minha cidade a vê-la partir para o Dubai ou para qualquer outro lugar pelo seu
real valor comercial”.
O executivo Camarário, pela
voz do seu Presidente, José Ribeiro, admitiu estar a estudar uma outra forma
que viabilize a manutenção da obra de Orlando Pompeu em Fafe. “O Pompeu é de
Fafe e a sua obra tem de ficar em Fafe”, afirmou o líder autárquico na
inauguração da Mega Exposição patente ao público, considerando-a o regresso do
reconhecido artista fafense às suas origens. “Estamos a puxá-lo para Fafe”,
afirmou na mesma altura José Ribeiro.
“Sou
um pouco excêntrico e não importo nada de ser comparado com o genial Einstein”
Orlando Pompeu é um homem
afável, sensível, generoso, pacifista, solidário, bom conversador, culto, que
gosta de reencontrar amigos e conhecidos de infância pelas ruas do seu torrão
natal. Confessa que não gosta de velocidade, até porque, quando conduz, gosta
de apreciar a natureza, as paisagens e os pormenores que também são fonte de
inspiração para os seus trabalhos. Considera-se algo excêntrico, detesta a
vulgaridade e não se importa nada de ser comparado com a figura de Einstein.
Teve formação católica mas há muito deixou de frequentar missas. Tem, um enorme
fascínio pela mãe natureza, abraça a vida com optimismo e talvez por isso tenha
receio ao sofrimento e à morte. Idolatra a sua família: a companheira que chama
“mamã” e os seus dois filhos. Não é um homem de vícios mundanos, tenta uma
maior longevidade cuidando da sua saúde física e mental. É sociável mas tem
necessidade de se isolar para concentrar-se nos seus projectos artísticos que
classifica de “originais e genuínos”.
“A
cultura em Fafe está no bom caminho mas há hábitos que devem ser criados”
Pompeu considerou que a
cultura em Fafe é diversificada e existe muita oferta de espectáculos,
exposições e outras manifestações artísticas com relevância. Contudo, “apesar
do esforço da autarquia, Fafe tem ainda muitas carências ao nível da
sensibilidade, da ética, da formação e da educação. No país vizinho, por
exemplo, assistimos a longas filas de espera para assistir a um evento
cultural”. Na opinião do mestre Pompeu isto acontece pelo facto de pais e
professores criarem hábitos culturais nos mais novos. Citando Froid, disse que
“a criança é pai do homem”. Se não incutirmos boas práticas nos mais jovens
será mais difícil, no futuro, garantir público nas realizações culturais,
defendeu Orlando Pompeu que está muito satisfeito em poder realizar a sua maior
exposição individual de sempre na Terra que o viu nascer, ambiciona ver criadas
condições favoráveis que permitam ao Município de Fafe adquirir o seu espólio
pictórico de trinta anos de frutuosa carrreira.
Jesus Martinho
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