Na semana em que se celebram os 34 anos de elevação de Fafe a cidade e os 39 anos da estátua da Justiça de Fafe fica aqui a minha homenagem a uma das nossas mais genuínas caraterísticas: os “és” abertos! Esse sotaque tão marcado e tão caraterístico que se vai escondendo aqui e ali e se perde aos poucos, sem que ninguém o ouse valorizar. Certa vez disseram-me que trazíamos um sabor tropical no timbre, talvez numa tentativa de nos parecermos com os emigrantes das terras de Vera Cruz. Com jeito abrasileirado ou não, a verdade é que parecemos sempre tão puros de linguagem com esse pequeno toque de sonoridade, que é uma pena que isto não possa ser potenciado, ensinado e honrado. O que se vê é a tentativa de corrigir os “entes” como se fossem um erro gramatical dos nossos petizes e um anacronismo que tem de ficar encarcerado nos nossos avós. Não... que nunca nos falte a voz para puxá-los orgulhosamente ao discurso para que alguém nos diga: “é de Fafe não é?” “Sou sim, claraménte!” Por isso insisto... é pr’abrir os és, minha génte! Como se fosse um selo identitário que se cola na cordas vocais e nos une por gerações, esta vogal é um bilhete postal do agora, que devemos enviar todos os dias... para que possa chegar ao depois.
Clara Paredes Castro
Foto: morgadodefafe.blogspot.com
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