"Por favor não trabalhem ao negro”!!!!!
Mestre em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria pela Escola Superior de Enfermagem do Porto. Practitioner certificado em PNL com Foco Terapêutico e Emocional, pela International Coaching and NLP Training Academy. Rafa Leite começou desde muito cedo a praticar o humor (bem mais precoce que o amor, daí a abismal diferença de eficácia entre ambos). Registos médicos revelaram que após o parto, Rafa Leite não chorara, muito pelo contrário, fizera rir toda a equipa de Neonatologia do Hospital. Estava assinalado o primeiro momento de humor da sua vida, à custa da sua patética figura… Desde então nunca mais parou. Primeiro, foram as rábulas humorísticas durante as festividades natalícias na escola, seguindo-se apresentação de festivais de tunas e encontros durante o tempo de universidade. É precisamente durante este período, algures em 2004, que realizou e coprotagonizou com colegas de curso a sua primeira longa-metragem: “Mãe, Não Me Deixam Ser uma Popstar”. A uma dada altura, durante a faculdade, o pai de Rafa perguntara-lhe: “Mas ó filho, eu estou-te a manter para fazeres palhaçadas ou para tirares um curso?” Ao que respondera: “Pai, vais ver que isto tudo ainda me vai ser útil! Não me obrigues é a pagar-te o que te ficarei a dever! Até porque haverá sempre um retorno na hora das partilhas.” Ao longo destes últimos anos realizou, escreveu e produziu mais de 100 sketches de humor, em parceria com o seu amigo de longa data e realizador – Sérgio Castro – e protagonizou a longa-metragem “A Lua”, trabalho final do Curso de Cinema da Escola Superior Artística do Porto, este num registo mais dramático e sério (a custo).Em 2014 ganha o seu primeiro prémio como Artista, na categoria ‘Revelação’ do Notícias de Fafe e em 2017 torna a vencer, desta vez na categoria ‘Cultura’, por ter escrito e produzido a sua primeira peça de teatro “O Mais Longo Verão”, baseada da vida do seu avô - Gervásio Von Doellinger. As premiações desta produção culminariam com chave de ouro, quando vence o prémio ‘Melhor Produção Eleita pelo Público’, no Concurso Nacional de Teatro 2017.
Gosto de dizer
que sou um “concretizador de sonhos”. Porque ao longo da minha vida, sempre que
sonhei com algo, tentei sempre partir na sua busca (tirando os sonhos alagados
de adolescente). Grande parte consegui realizar, uma pequena parte não. Lembro-me
que estava nos meus planos ser jogador da bola, mas uma doença crónica chamada
“aselhice” desfez-me o sonho.
Começaste desde
muito cedo a “lidar” / “praticar” o teatro, a comédia, o drama … tens ideia de
como tudo começou?
Perfeitamente. Há duas ocasiões fulcrais
que o ditaram na adolescência: a aula de “Escrita Criativa” na disciplina de
Português com a professora Manuela Dantas no 8º ano e a participação “forçada”
na peça de teatro no 9º ano “Ai o Safado”. Digo forçada porque não queria
participar mas o professor Bernardino não me deu outra chance. E ainda bem!
Depois tinha as festas em família onde dava sempre o ar da minha graça. Os meus
pais dizem que quando tinha 3 anos, no meio de uma celebração matrimonial na
Igreja S. José, a minha voz se elevou no silêncio para proferir o grito
político “Soares, amigo, o povo está contigo”.
Quais as tuas principais referências no humor?
Na juventude, as
minhas referências na comédia foram Jim Carrey e Leslie Nielsen com o seu
estilo de humor nonsence. Atualmente,
gosto de apreciar e aprender com vários artistas. Em Portugal identifico-me com
o Nuno Markl pela sua habilidade a contar histórias e pelo fascínio geek que
nutre pela cultura Pop.
Qual a tua opinião do teatro que se faz na actualidade em Portugal?
Há diversos estilos e gosto de saboreá-los a todos. De quando em vez deixo a área confortável da comédia e bebo inspiração em géneros mais arrojados de teatro experimental. É bom sair ao fim de um espetáculo e debater com os amigos a mensagem transmitida. Isso dá-nos várias perspetivas. É uma complexidade enriquecedora que nos ensina a ver o mundo sob outro prisma.
Sim. A compilação está toda no meu canal do vimeo: https://vimeo.com/rafaleite.
“Mãe, Não Me Deixam Ser uma Popstar”?
Primeira grande metragem de comédia. 2004, ano de muitas loucuras.
Drama ou comédia?
Gosto de dominar ambos os géneros. Passei grandes temporadas a fazer rir. A uma dada altura deixei de o fazer para poder evoluir enquanto ator. Foi difícil, mas fez-me bem. A pausa serve para repensarmos o percurso até à data e como queremos projetar o futuro.
O Mais Longo Verão?
A maior homenagem alguma vez feita por mim.
Permite-me corrigir: foi o grupo de Teatro Vitrine, do qual faço parte mais os meus colegas e o encenador Orlando Alves, quem venceu o prémio. Comecei por pegar nas aventuras que o meu avô me contava desde criança e quis escrever um livro. Depois de uma reunião com o meu grupo de teatro, o Sr. Orlando Alves desafiou-me a escrever uma peça de teatro. O resto é história... 5 nomeações para o Concurso Nacional de Teatro e o grande prémio do público. Pelo meio, dezenas de atuações de norte a sul do país. Orgulho imenso.
Vários espetáculos stand-up, vídeos satíricos e várias produções com o teu grupo de teatro – Vitrine, conta-nos um pouco de como te enquadras em todas estas formas de representar?
Gosto de ser eclético. Experimentar várias
formas de arte. Isso dá-me experiência, abre-me horizontes e define melhor a
minha área de atuação. Há pouco experimentei pintura no anexo de minha casa. A
coisa até correu bem! Algumas paredes fazem lembrar Jackson Pollock, mas nada
que uma segunda demão não resolva.
Corona virus é
?
Coronavírus
é aprender que os afetos são realmente importantes à nossa vida, perceber que
realmente é importante lavar as mãos antes de comer e que não convém cozinhar
pangolim com batata a murro...
Como tens passado
estes meses em confinamento?
Passei a fazer
exclusivamente uma só coisa: ajudar a libertar a ansiedade. Fiz 2 vídeos
humorísticos para satirizar toda esta situação. Nunca descurando o extremo
perigo que representa, mas é uma forma de lidar com a situação. Rir é mesmo o
melhor remédio. Está comprovado cientificamente.
A possibilidade de
seres infectado assusta-te? até que ponto?
Não me
assusta, até porque uma das estratégias de redução de stress que utilizo é não
sofrer por antecipação. Ter todo o cuidado, mas sem pensar quando ele me bater
à porta. Quando acontecer, aí sim, terei todo o gosto em me enfiar na cama, com
uma caixa de ben-u-ron e o Romance “Os Maias”, que já ando a tentar acabar
desde a secundária.
Mestre em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria pela Escola
Superior de Enfermagem do Porto. Practitioner certificado em PNL com Foco
Terapêutico e Emocional, pela International Coaching and NLP Training
Academy. especialista de
saúde mental, Rafa preocupa-te os proximos tempos, no que toca á saude mental?
Preocupa-me neste preciso momento! O futuro
é já hoje. A depressão é, desde 2020, a doença mais incapacitante do mundo. E
temos de começar já a intervir em todas as faixas etárias. Tenho o arrojo de
afirmar que a depressão e a ansiedade são uma pandemia pior que a Covid-19,
afetando mais de 20% da nossa população.
Dentro dessa tua
área que conselhos podes dar aos nossos leitores?
Concretizem os vossos objetivos. Partam em
busca, experimentem, mudem de vida se for o caso. Só isso nos motiva e nos
ocupa a mente para assim não ruminar nos pensamentos mais destrutivos.
O palco traz felicidade? O que pode estragar a felicidade em palco?
A falta de público, que infelizmente é tão “usual” nos tempos que correm. Mas será passageiro. Nesse sentido, nós artistas, teremos uma tarefa hercúlea de voltar a conquistar o nosso público.
O primeiro espetáculo?
Ai o Safado.
O último espetáculo?
A Minha Vida Dava
um Filme.
Uma história de bastidores, que te recordas
assim à primeira … e que nos queiras contar?
Na peça ‘O
Morgado de Fafe Amoroso’ tínhamos 2 cabritinhas com figurantes. Certo dia,
antes de um espetáculo, esquecemo-nos de lhes dar de comer e elas não se
fizeram de rogadas. Quando chegamos do jantar, não tínhamos onde urinar, porque
elas amarfanharam a retrete dos camarins.
Adoras?
Sonhar acordado.
Detestas ?
Desorganização!
Ou a organização dos outros quando não está do meu agrado. Se calhar é mesmo
detestar quando as coisas não estão à minha maneira, certo?
Apaixonado vais até
onde?
Em tempos cometi
uma loucura. Saía pouco de Fafe e após tirar a carta, saltei os confins
limítrofes quando ouvi uma voz chamar: “Vai
aonde te leva o coração”. Meti-me no carro, liguei a ignição, fiz ponto de
embraiagem e voei até Pardelhas...
Gostas
de futebol? Qual o teu clube?
Tinha tudo
pra não gostar de fosse de outro clube! O problema foi nascer em 84 e ver certo
clube ganhar 21 campeonatos, 2 Champions, 2 Europas, 2 Intercontinentais... Não
tenho culpa... Agora se fosse de outro clube, talvez preferisse as novelas da
TVI e os programas da manhã pra me divertir.
Acreditas em Deus?
Depende da personagem.
Rafa, segundo o teu press release, existem registos médicos reveladores, que o Rafa Leite não chora? Isso é realidade ou tens momentos que também choras?
Então não choro! Aliás, como costumo dizer nas minhas formações, o choro tem a função de reparação do nosso desequilíbrio emocional. O único senão de chorar é a sua pegada ecológica. Toda a gente sabe que um lenço ranhoso não pode ir para o contentor azul.
Estás
a preparar o teu próximo espetáculo que pretende aliar o melhor do Stand-Up
Comedy com estratégias de Auto-Ajuda em saúde mental! Queres contar um pouco do
que aí vem?
Quero fazer algo diferente e
refrescante. Tenho assistido a inúmeros espetáculos Stand-Up ao vivo e on-line.
Tenho aprendido bastante com múltiplos géneros e estilos. Uma vez que enquanto
Enfermeiro Especialista de Saúde Mental faço inúmeras formações na área, decidi
que o próximo espetáculo deveria ser uma simbiose entre ambos. O melhor de
ambos os mundos. Rir é terapêutico. Não quero dizer com isto que alguém com uma
cirrose hepática assiste ao meu show e sai de lá com um fígado rejuvenescido,
mas que possa aprender a enfrentar as adversidades de outra forma. Parece-me
uma boa premissa e algo diferente.
Como
arranjas tempo para todas estas tuas actividades?
Clonagem.
Resultou com a ovelha Dolly, decidi fazer o mesmo a mim próprio... Uma
organização exímia no dia-a-dia é crucial. Isso aliado a doses moderadas de
cafeína com um cheirinho de dopamina.
Uma viagem?
Nova
Zelândia.
Fafe é?
É quando
desabafas, depois de conhecer meio mundo: “Isto é tudo muito giro, mas não há
nada como a minha terrinha”.
Se fosses um
“actor” político em Fafe, o que farias em primeiro lugar? E em
segundo lugar ?
Aquilo que
ditará o teu bem-estar é estares bem contigo mesmo e com a tua vida
profissional. És um adolescente que tens aptidões e certas habilidades, então
deveria existir algo que te orientasse melhor para o teu futuro. Formação
juvenil em autoconhecimento. Este seria o que faria em primeiro lugar. Em
segundo, pegava na lista de contactos secretos que nos é dada quando se chega
ao poder e agendava uma futebolada com líderes europeus e mundiais.
Aos teus amigos dizes,
visita Fafe porque?
Porque já
fiz com que um Chileno, que conhecera no Vietnam, fizesse um desvio e viesse cá
passar um fim-de-semana. Por isso, deve valer mesmo a pena.
Muito obrigado pelo tempo e carinho dedicado aos nossos leitores, uma mensagem para eles?
Que depois de tudo isto passar, não percam o gosto de se deslocarem ao teatro ou cinema mais próximo e degustar a tão abalada cultura. Ah! Há também uma coisa que gostaria de apelar: por favor não trabalhem ao “negro”. Façam os descontos direitinhos. Os que já não descontam por causa do Covid ajudaram a aliviar o sufoco da Segurança Social mas não chega...
2 longas metragens: Mãe não me deixam ser uma Popstar; A Lua
14 Peças de teatro: Ai, o Safado; Morgado de Fafe Amoroso; A Cantora Careca; Portugalhadas; Bolingbrook; A Vinda do Rei D. Carlos; Saudade do Futuro; A Roda dos Expostos; O Crime dos Arcos; O Mundo Mágico de Camilo Castelo Branco; O Mais Longo Verão; A Filha do Moleiro; A Fundação do OFC Antime; Era uma Vez no Futuro.
2 Espetáculos Stand-Up: Sketches de Humor; A Minha Vida dava um Filme
Apresentador em diversas Galas de Prémios, Espetáculos de Variedades.
Mestre em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria pela Escola Superior de Enfermagem do Porto.
Practitioner certificado em PNL com Foco Terapêutico e Emocional, pela International Coaching and NLP Training Academy.
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