BOM DIA GIL E TIAGO, DESDE JÁ AGRADECO-VOS POR TEREM DISPONIBILIDADE EM PARTICIPAR NESTA ENTREVISTA.
TOMEI a iniciativa de
convidar, nas próximas semanas, vários empresários de diferentes setores que
tem em comum a amizade ou laços familiar.
tenho vindo a acompanhar o vosso percurso profissional, nomeadamento através do gil, e confesso que o vosso perfil de empresários, ASSOCIADO ao setor da arquitectura e da engenharia, através da vossa empresa gerida por ambos, sensibilizaram-me a serem os primeiros a convidar para a nossa entrevista.
Neste sentido, a minha primeira pergunta é da praxe e é mais pessoal:
Gostava que cada um me
partilhasse as suas origens, o seu percurso escolar e formativo. Gostavam de
estudar? Tem alguém na vossa família ou amigos como modelo empreendedor?
Gil: Sou natural de Travassós-Fafe. A instrução primária foi toda feita em Travassós (e em todas as Escolas da freguesia, incluindo a sede da junta), começando na Escola de Sanfins mas, passado um mês, transitei para a segunda classe. Naturalmente, tive de ter um “exame” com um professor independente na 4ª classe para atestar que estava apto para avançar para o 5º ano devido ao facto de não ter feito a 1ª classe. Frequentei a Escola de Revelhe (5º e 6º ano) seguindo os estudos no Seminário de Nª Sª da Conceição (7º; 8º e 9º ano). Na escola Martins Sarmento, em Guimarães, frequentei Artes – Carácter Geral (10º;11º e 12º ano). Continuei os estudos, porque me faltava uma disciplina, na Escola Secundária de Fafe. A licenciatura foi na Faculdade de Arquitetura e Artes da Universidade Lusíada de V.N.Famalicão.
Como surgiu a ideia de
ser empreendedor?
Gil e Tiago:
A base está na própria profissão! Se segues a profissão de arquiteto ou
engenheiro podes ter oportunidade numa entidade pública ou empresa privada ou
segues os passos naturais de empreendedor que a profissão confere! Depois é
perceber a dinâmica profissional com parcerias ou sociedades.
Para além disso para ambos existe também o exemplo familiar, onde os nossos pais desde muito cedo se “fizeram-se à vida” e ainda hoje mantêm as suas empresas, o que acabou por, com o tempo, incutir em nós esta vontade de ser “mais e melhor”.
Para além disso para ambos existe também o exemplo familiar, onde os nossos pais desde muito cedo se “fizeram-se à vida” e ainda hoje mantêm as suas empresas, o que acabou por, com o tempo, incutir em nós esta vontade de ser “mais e melhor”.
A empresa que dirigem os dois atualmente, foi criada em 2010. contem-me
mais sobre a
trajetória da vossa empresa até à data de hoje, partilhando as suas atividades,
os seus produtos e serviços e sua dimensão em termos de mercado.
Gil -
Antes de haver esta sociedade tive uma outra, tanto a nível de arquitetura como
noutro ramo. Após conhecer o Tiago começamos a trabalhar juntos, não como
sócios, mas sim parceiros. Depois houve uma consolidação em sociedade. São
campos profissionais separados, mas complementares.
Tiago – Quando
conheci o Gil estava a estagiar num outro gabinete de Arquitetura e Engenharia
de Fafe, tinha acabado de finalizar os estudos académicos. Desde logo criou-se
uma empatia entre nós e uma certeza de que juntos, poderíamos chegar mais
longe. É certo que cada um desenvolve a sua especialidade, mas apoiamo-nos mutuamente,
até porque a Arquitetura e Engenharia são atividades que se complementam e não
existe uma sem a outra.
Quais são as dificuldades que encontram na gestão do dia a dia da vossa empresa?
A gestão do
nosso tempo é uma dificuldade. Por vezes tens tudo programado e surgem
imprevistos naturais deste ramo profissional que nos dificultam o planeamento
interno. Outra das dificuldades é a falta de uniformização dos processos entre
municípios e, por vezes, é complicado pois numas câmaras há especificidades que
são possíveis executar e noutras não. Há legislação que deveria ser revista e
ser mais generalista e não tão diferenciadora. O tempo de resposta de alguns
municípios também nos causa dificuldades. Percebo que não seja fácil, mas terão
de agilizar alguns procedimentos, tais como a entrega de processo de forma
digital e informações detalhadas e disponibilizadas on-line. O trabalho com os clientes é muito
personalizado e não tens noção do tempo que um projeto pode ser apresentado, o
que por vezes condiciona a gestão do gabinete. Por vezes temos de correr contra
o tempo, pois, principalmente, os investidores estão sempre com pressa, o que é
natural, e como temos vários e, felizmente, as vendas têm corrido bem, estamos
sempre a preparar novos processos a um ritmo alucinante.
As maiores
satisfações são quando desde a conceção do projeto até à conclusão da obra tudo
correu como planeado. Ter um cliente que se torna amigo é uma satisfação! Sermos uma empresa que cumpre com todos os
parceiros, a nível financeiro, também é muito satisfatório! As desilusões
acontecem no decorrer normal deste ramo: atraso nos processos de licenciamento
ou as reclamações dos clientes que querem resoluções ou estudos a tempo e horas
e nem sempre conseguimos por força da carga de trabalho ou imprevistos.
QUAIS são os próximos
desafios para a vossa empresa?
Essencialmente,
continuar esta ascensão e continuarmos a termos uma boa projeção no mercado.
Confessamos que gostaríamos que um dos nossos projetos fosse premiado, pelo
menos, a nível nacional. Achamos que estamos nesse caminho!
Gil: Acho que
sou uma pessoa humilde, que está a realizar um dos sonhos da sua vida, e um
amigo que podem sempre contar. O sucesso
faz parte do quotidiano, pois para isso trabalhamos e é o meu foco! Quando tudo
corre bem é fácil estar agradado! O fracasso também faz parte da nossa vida
profissional. Um projeto pode marcar negativamente e isso já me aconteceu! Nem
sempre lidamos bem com o fracasso! Não sou perfeito e, por vezes, não consigo
lidar bem com determinadas situações que não vão ao encontro das espectativas!
Talvez por saber que tenho um gosto enorme no que faço e, desse modo,
interiorizo o fracasso e demoro a libertar-me dele! O sucesso, na nossa
profissão, não é algo que nos cause alguma sensação extra que não seja a do
dever cumprido e clientes satisfeitos! Fomos formados para ter sucesso e nunca
estamos preparados para o fracasso!
Tiago: A
honestidade e a humildade são os pilares essenciais. Sempre tive uma educação
conservadora assente nestes pilares. Considero-me uma pessoa naturalmente
calma, amigo do amigo e que ao longo destes anos aprendeu a controlar o lado
impulsivo. A vida trata de nos ensinar a ser mais e melhores. No nosso ramo de
atividade o sucesso tem de estar presente, porque considero que quando um
trabalho chega ao fim e todos estão agradados, aí sim, alcançamos o sucesso. Como
é claro existem trabalhos que nos deixam um sabor especial quando concluídos,
quer pela dimensão, quer pela exposição pública. Quanto ao fracasso, este serve
para aprender com os nossos erros e melhorar. Não vejo o fracasso como uma
coisa má, vejo sim como uma escola de vida. Quem nunca sentiu o fracasso, não
sabe o sabor de uma vitória.
Gil: Não é fácil
conciliar, pois não tenho tempo necessário para me dedicar à família, amigos e
outros projetos pessoais! Adoro estar ligado ao associativismo e percebo que
cada vez tenho menos tempo. Não abandono, mas aviso das minhas limitações!
Agora, que vou ser pai, terei de pensar a forma como irei gerir o meu tempo
para me dedicar mais à família! Os amigos compreendem!
Tiago: Não é nada
fácil conciliar o tempo pessoal e profissional. Tento diariamente dar o meu
melhor em ambos os campos, contudo a profissão ganha sempre. Ainda assim existem
momentos familiares que nenhum trabalho me fará desistir deles, porque a
família é o nosso pilar.
Gil e Tiago: Vamos
especificar a questão no nosso ramo e referir que não é fácil, mas também ao
longo destes anos nunca o foi! Costumamos dizer que a parte mais importante é a
aprendizagem. Ninguém se consegue instalar no mercado de trabalho sem
conhecimento de causa e perceber a dinâmica de mercado e, na maior parte das
vezes, sem os amigos! Não chega elaborar desenhos fantásticos, pois muitos
profissionais também os fazem! A nossa
profissão vai mais além disso! Há muita legislação a aprender! Aconselhamos a
estabelecer parcerias ou sociedades, e ir trabalhando com o mínimo de custos
possíveis! Os primeiros tempos são de esforço e se não conseguirem estabilidade
financeira, não será fácil! Mas não abdiquem de tentar, nem que seja na garagem
de casa! Mas antes aproveitem os estágios e formações para aprender e mesmo
isso não chega! É preciso ser bom profissional e bom comercial! Todos os dias
são páginas de aprendizagem! Não julguem que sabem tudo, não sejam arrogantes
e, muitas vezes, terão de ter a humildade de fazer trabalhos menos bons mas
perceberão que dos pequenos podem vir os grandes projetos de arquitetura e
engenharia! Antes de começarem um projeto informem-se, peçam ajuda nos
serviços. Nunca façam nada sem perceberem as leis da edificação e
urbanização! Antes de serem arquitetos e
engenheiros sejam vocês mesmos. Interajam com a sociedade. Não se armem em
“doutores” e “melhores” que os outros!
Finalmente, transitando
a nossa entrevista para uma parte mais pessoal, pretendia saber qual é vossa
opinião, sobre o planeamento urbanístico em fafe, as suas fragilidades e suas
potencialidades?
O
Planeamento Urbanístico, na sua forma de ser, em Portugal não é muito usual em
municípios como o de Fafe. Mas isso terá de ser revisto e começarmos a planear
os espaços com continuidade, rigor e não aleatoriamente. Será necessário criar
um gabinete específico com estratégias ou acompanhamento de determinados
processos. O território terá de ser bem planeado nas próximas revisões do PDM e
achamos que já é altura dos autarcas se unirem e criarem uma força para
reivindicarem mais espaços de construção para as aldeias. O espaço urbano está
a ficar preenchido sem espaços de expansão, tanto na vertical como na
horizontal! Continuo a afirmar que os Municípios terão de ver a questão do
espaço habitacional de outra forma: não se admite que, por exemplo, junto a
estradas infraestruturadas não seja possível construir. Gasta-se dinheiro e não
se criam oportunidades! É um mal nacional, mas as autarquias terão de perceber
a importância disso e fazerem pressão!
Hobbies?
Gil: Ler e
escrever um livro.
Tiago: Leitura,
cinema e séries. Tenho uma perdição por séries e a falta de tempo para as ver deixa-me
um sabor amargo.
Local de Férias
preferido?
Gil: Algarve
Tiago: Londres
Adoras?
Gil: Caminhar
com amigos nas margens do Rio Vizela
Tiago: Uma boa
conversa com amigos e honestidade
Detestas?
Gil: Desonestidade
Tiago: Ingratidão
e desonestidade
Descreva o teu dia
perfeito quando não estás a trabalhar
Gil: Passear
com a minha namorada num centro histórico
Tiago: Passear com
a minha família à beira mar
Qual é tua música
preferida?
Gil: Love of my
life - Queen
Tiago: Neste
aspeto temos um gosto idêntico: Queen – Bohemian Rapsody
qual foi o filme que te
marcou?
Gil: “Braveheart
- o desafio do guerreiro” de Mel Gibson.
Tiago: “O rapaz do
Pijama ás Riscas” de Mark Herman.
Prato preferido?
Gil: Salada
Russa
Tiago: Muitos, sou
um bom garfo.
RestauranteS preferidoS?
Gil: Neta do
Rei e Guarani.
Tiago: Gosto de
vários, não vale a pena estar a especificar, porque cada um tem o seu toque
especial.
PODES ME PARTILHAR 3
coisas que estão na tua lista de desejos?
Gil: Um filho;
Escrever um Livro; Comprar um moinho no rio Vizela.
Tiago: O meu
desejo será ter um segundo filho se a vida o permitir, relativamente a outros
desejos a vida vai me proporcionando a realização de alguns sonhos antigos e à
media que as coisas vão acontecendo vou saboreando esses bons momentos. O meu
maior desejo é viver a vida e ser feliz ao lado dos meus.
Desporto preferido?
Gil: Futebol
Tiago: Formula 1
Qual é o teu clube?
Gil: F.C. Porto
Tiago: S.L.
Benfica
Se não fosses
empresário, eras?
Gil: Professor.
Tiago: Provavelmente
estaria na mesma ligado ao setor da construção civil, porque em toda a minha
vida só desejei trabalhar neste ramo.
Se tivesses a
oportunidade de mudar algo no teu percurso profissional, seria o quê?
Tiago: Acho que
não mudava nada. Tudo o que me aconteceu trouxe-me até este ponto onde me
encontro agora e provavelmente se tivesse mudado alguma coisa iria estragar
tudo.
Gil: Aprendemos
com os erros e evoluímos com as virtudes. Concordo com o Tiago!
O que representa Fafe
para ti?
Gil: a Saudade
quando cá não estou.
Tiago: FAFE é a
minha Cidade Natal, o meu porto de abrigo. Posso gostar muito de sair e viajar,
mas o regresso a Fafe é sempre especial. Não trocaria Fafe por nenhuma outra
cidade.
Se amanhã, fosses um
eleito político local, que medidas no setor económico ou noutro implementarias?
Gil: Começava
com o essencial: nos cargos de assessoria colocava profissionais competentes
nas diversas áreas. Eles, certamente, fariam um bom trabalho em conjunto
comigo.
Tiago: Falando do
sector que mexe comigo diretamente, nunca permitiria existir um técnico a
analisar a dar pareceres sem ter experiência no ramo comprovada. Infelizmente,
por vezes, deparamo-nos com questões em que quem lá está não entende como o dia
a dia de uma empresa é tão difícil e tão burocrático. Temos de ser pragmáticos
e olhar para o fundo do problema, nem sempre a legislação serve para resolver
um dado problema, é preciso saber olhar para ele e encontrar uma solução.
Qual é a tua regra de
Ouro?
Gil: Carpe Diem
Tiago: Não deixes
para amanhã o que podes fazer hoje.
Há algo mais que gostariam
de dizer, que não foi abordado?
Em Portugal
a arquitetura e engenharia estão bem conceituados. Há excelentes profissionais
e isso nos leva, cada vez mais, a sermos melhores! Ganha a imagem do país, da
cidade, da aldeia! A humildade, a capacidade de trabalho, a perseverança… são
fundamentais ao sucesso. Seja em que ramo for!
Agradecemos-te Filipe a
oportunidade e esperamos que mais profissionais deem o seu testemunho nestas
áreas!
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