IGREJA DE SÃO ROMÃO DE ARÕES Inscrição testemunha 784 anos de culto

A igreja paroquial de S. Romão de Arões é um dos mais antigos templos do concelho.

Ao longo de, pelo menos, 784 anos, a igreja sofreu várias intervenções que interferiram na sua traça original, que jamais será conhecida. Existiria, ali, um templo anterior aos anos trinta de duzentos? Ainda não sabemos…

O único Monumento Nacional do Município de Fafe, datado do século XIII, chegou aos nossos dias com uma arquitectura românica, em parte, recriada pelas profundas alterações estruturais realizadas, sobretudo no século XVIII e, já no século XX, com a operação de “cosmética” realizada  pela extinta Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.

O templo em foco e toda a história que encerra carece, ainda, de um estudo aprofundado credível…

Neste breve apontamento vamos centra-nos numa inscrição localizada no tímpano do portal lateral Sul da igreja, deixando para melhor oportunidade outras questões relativas a este templo de raiz medieval.

Leitura:

ABBAS • DOmNus • GOMEX [Sic] / Era • Ma • CCa • 2XXa • V • MENSE / MÁRCIO • XX • II • DIE • MENSIS • DE / DICATA • EST • HOC • EC-CLESIA • AB / ARCHIEPiscopO • DomNO • SILVESTRO •

Deixamos aqui a leitura de Mário Barroca (1) por considerarmos a mais verosímil de todas as outras feitas anteriormente, por diversos autores.

Esta inscrição testemunha a cerimónia de Dedicação da igreja de Arões pelo Arcebispo de Braga D. Silvestre Godinho, sendo pároco D. Gomes Martins, em 22 de Março de 1237

O ritual de Dedicação (consagração, sagração ou inauguração) de um templo “constituía a celebração mais longa e sumptuosa da liturgia romana: não podia demorar menos de cinco horas.” (2)

Fica o breve apontamento de uma pedra inscrita que representa o provável início do culto de uma igreja cheia de história que, em domingo, 22 de Março de 1237, viu o fervilhar da fé da pequena e humilde comunidade aronense, a muito pouco tempo de completar 784 anos.

E, aproveitando a oportunidade, alertamos para a urgente necessidade de avaliar o estado de conservação do interior desta joia da coroa do Património Religioso do concelho de Fafe.

Jesus Martinho

 

(1) BARROCA, Mário, Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422), Lisboa, 2000

(2) SARTORE, S.; Triaca, A., Dicionário de Liturgia