segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

A Capela de S. João do Ferro


Também conhecida por Capela da “Fábrica do Ferro”, este templo apresenta uma traça arquitectónica revivalista do “românico”, bem patente no seu portal de arquivoltas assentes em colunas e em outros pormenores da estrutura.

De linhas simples, o templo ostenta uma torre, acoplada à sacristia, que comporta dois sinos.

A Capela de S. João, discretamente localizada no Bairro de S. Jorge, foi construída no início dos anos 60 do século XX. O acto inaugural, presidido pelo Arcebispo de Braga, ocorreu em 28 de Junho de 1964.

A construção deste belo templo, todo construído em pedra esquadrada, extraída numa pedreira próxima do local, deve-se à iniciativa do Engenheiro João Mendes Ribeiro e ao trabalho generoso de muitos operários da extinta Companhia de Fiação e Tecidos de Fafe (Fábrica dom Ferro) que erigiram esta capela, capaz de ser igreja, uma das mais belas do concelho de Fafe.




 

A Inauguração

“Lá no cimo da colina, sobranceira ao Bairro de S. Jorge, naquela colina que parece dominar todo o panorama à sua volta, onde Fafe parece emergir na viçosa verdura que o rodeia, realizou-se o sonho que há muito andava no pensamento de um dos Directores da Companhia de Fiação e Tecidos de Fafe, o Engenheiro snr. João Mendes Ribeiro. Realizou-se um sonho e satisfez-se uma necessidade – a construção de uma igreja no populoso Bairro de S. Jorge, pertença da Companhia de F. e T. de Fafe. Esta Igreja em estilo romano, toda trabalhada com pedra duma pedreira existente naquele Bairro, trabalhada por operários e dirigida por técnicos daquela Companhia, tem um interior simples e acolhedor, misyicamente falando. Os adornos, em estilo rústico, quadunam-se  bem com o interior. O altar-mor é encimado por um lindo Cristo em tamanho natural, que parece descer sobre os fiéis!

A Igreja, foi inaugurada no dia 28 de Junho, tendo recebido o nome de Igreja de S. João. Presidiu à solene cerimónia, Sua Ex.ª Ver.ma o snr. Arcebispo Primaz, que foi aguardado na Ponte Nova, pelos Directores da C. de F. e Tecidos de Fafe, Conselho Fiscal, autoridade, clero, muitas senhoras, comandante da Policia de Braga, representante do snr. Governador Civil do Distrito, muitas pessoas do Porto, Braga, Guimarães, etc.

Chegado que foi à Ponte Nova, pelas 10,30 horas, o snr. Arcebispo seguiu em cortejo automóvel para a Fábrica do Ferro, onde ao meio da Rua José Ribeiro Vieira de Castro se apeou do seu automóvel, sendo recebido com calorosas palmas e flores, tendo seguido em cortejo a pé, até ao local da Igreja, por entre alas de crianças da cruzada e muito povo que o aclamaram entusiasticamente.




Uma vez no alto da colina, onde se levanta a Igreja e em tribuna improvisada, depois de desfrutar o belo panorama, usou da palavra, em primeiro lugar o pároco de Fafe, ver,º P.e Joaquim José Leite Araújo, que saudou o snr. Arcebispo em seu nome e dos seus paroquianos, versando ainda um tema sobre a Igreja. Seguiu-se-lhe o Director da Companhia Engenheiro sr. João Mendes Ribeiro, que na sua palavra eloquente foi breve. Por fim falou o snr. Arcebispo, que com a sua palavra quente e quase irónica falou como que brincando, foi breve, tendo-se procedido à inauguração e benção da Igreja. Seguidamente foi celebrada missa cantada por um coro. Foi celebrante o reverendo Padre Miguel Angelo Pinheiro Gomes, capelão do Hospital, acolitado pelo ver.º P.e Artur Pedrosa Ferreira de Mesquita e ver.º P.e José Matos Fernandes Pereira.

Ao Evangelho, o snr. Arcebispo proferiu uma brilhante alocução própria do dia e do momento, tendo enaltecido a obra do snr. Engenheiro João Mendes Ribeiro.

Findas as cerimónias religiosas a que assistiram muitos convidados, operários e outras pessoas, foi servido um almoço aos convidados, na residência do Engenheiro snr. João Mendes Ribeiro a que presidiu o snr. Arcebispo Primaz.

À noite, no largo da Igreja, foi representado o «Auto da Alma», de Gil Vicente, por rapazes do Grupo Nun’Álvares, a que assistiram muitos convidados e outras pessoas.

Parabéns à Companhia por mais este melhoramento com que fica a lucrar a gente daquele Bairro e daquelas redondezas.”

 

Fonte: Jornal “O Desforço”, 2 de Julho de 1964







Fotografias de arquivo (Jesus Martinho)








 


 

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