Bom dia victor e paulo, desde já, agradeço–vos por terem disponibilidade em participar nesta entrevista.
tenho vindo a acompanhar o vosso percurso profissional, como amigo e cliente. confesso que o vosso perfil, associado a um percurso profissional em setores opostos, que se juntaram há cerca de 15 anos para criar uma empresa de sucesso no setor da restauração, sensibilizaram-me a serem os próximos a convidar para a nossa entrevista.
Gostava que cada um me partilhasse as suas origens, o seu percurso escolar e formativo. Gostavam de estudar? ou eram mais trabalhos práticos? Tem alguém na vossa família ou amigos como modelo empreendedor?
Victor: Boa tarde Filipe. Obrigado pelo convite, chamo-me Victor Ferreira tenho 45 anos, sou casado, tenho 2 filhas e sou natural da freguesia de Mesão Frio, Guimarães. Estudei na escola primaria de Paço Vieira, fiz o 6º ano no 2º ciclo da escola João de Meira, em Guimarães e vim para Fafe em Setembro de 2005.
Como
surgiu a ideia inicial de ser empreendedor?
Victor: Nunca gostei de ser mandado, nem de ter limitações. Com 13 anos comecei a trabalhar numa unidade hoteleira em Guimarães na qual estive quase vinte anos. Tive a sorte de aprender com o melhor mestre e empreendedor de hotelaria da época de seu nome: Aurélio Alves Cunha, que por sinal era meu tio. Foi nessa unidade que conheci o Paulo entre os anos de 2000 a 2004.
Já na altura tínhamos negócios em comum na área da imobiliária, em 2005
compramos um negocio que era só para mim e para a minha esposa, mas acabei por
convidar o Paulo para fazer parte desse projeto que até hoje tem sido um
sucesso.
Paulo: Ser
empreendedor estava no meu ADN. O meu pai já tinha um negocio. Mesmo
trabalhando desde muito cedo; aos 6 anos já conduzia tratores; aos 14 anos,
juntamente com o meu Pai passei a gerir a nossa empresa. Em 2005 o meu Pai
decide retirar-se e eu e os meus irmãos ficamos a gerir a empresa. Nesse mesmo
ano juntamente com o meu amigo Victor, criámos a Empresa do restaurante daí em
diante já conto com 13 empresas, 5 delas são com o meu amigo Victor.
A Empresa sempre
se chamou “Adega Restaurante Victor & Paulo Lda#, foi criada em 2005 e
trabalhava sobre o nome comercial “Come e Bebe”, que já existia quando
adquirimos o estabelecimento.
Entretanto em 2013 a mesma pessoa que nos vendeu
o negócio e no fundo a marca, decide registar a marca em seu nome. Ainda
andamos a ver se conseguíamos negociar e continuar a usar o mesmo nome, mas sem
conseguirmos chegar a acordo, a solução passou por registarmos outra marca e
seguir em frente. Daí agora o nome comercial seja “ORA DIGA”.
Quais
são as dificuldades que encontram na gestão do dia a dia da vossa empresa?
Ter uma Empresa,
seja ela qual for, comporta sempre dificuldades. O dia a dia é reinventar-se,
resolver problemas e ultrapassar dificuldades.
Quais
são as maiores satisfações e desilusões que tiveram, até agora, com a vossa
empresa?
Victor: A maior
desilusão foi conhecer verdadeiramente uma pessoa que nos parecia tão próxima e
que na verdade só nos quis derrubar. A maior satisfação foi o traçar de
objetivos e conseguir ultrapassa-los.
Paulo: A maior
satisfação é ver o cliente voltar, sentir que o nosso trabalho está a surtir um
efeito positivo nas pessoas e ver um grupo de funcionários a trabalhar com
gosto no que faz. Quanto a desilusões, poderemos falar de pessoas invejosas,
sem palavra, as quais fizemos tudo por elas, que pensávamos que seriam amigos
para a vida e foram os primeiros a apunhalar-nos pelas costas. Mas vira a
página e segue em frente.
Durante a última paragem de
Março a Maio. fizemos obras, remodelámos o nosso espaço, que a critica diz que
ficou muito bonito e funcional. Para o futuro queremos continuar a prestar um
serviço de excelência e continuar atualizados no que diz respeito ao setor e ao
nosso negócio.
Como
se vê cada um como pessoa? Como lidam com o fracasso e o sucesso?
Victor: Com o
fracasso é difícil de responder, porque, felizmente nunca o tivemos. Já com o
sucesso é muito difícil porque à mínima falha, toda a gente nos aponta o dedo.
Paulo: No
fracasso, assimilo, corrijo e sigo em frente. No sucesso não entro em euforias,
pois pode levar-me a desleixo, falta de concentração e o fracasso já está a
espreita.
Conseguem
conciliar cada um, no vosso dia-a-dia, a vida profissional e pessoal?
Victor: Nem sempre é possível.
Victor: Muito
sinceramente na área da restauração ainda vai levar algum tempo a normalizar,
por isso eu diria, neste momento para não arriscar em nada.
Paulo: Diria o
mesmo que um senhor que esteve muitos anos no Brasil e fez sucesso me disse
quando passei a criar empresas. “Nunca desistas, sê sério com os outros mas,
essencialmente, contigo mesmo. Se prometeres que fazes, faz. Se prometeres que
pagas, paga. Não te preocupes com o sucesso, pois se seguires estas regras ele
aparece sem contares.”
Finalmente,
transitando a nossa entrevista para uma parte mais pessoal, pretendia saber
qual é vossa opinião, sobre a gastronomia fafense, as suas fragilidades e suas potencialidades?
Victor: Na minha
opinião, Fafe tem grande potencialidade em ser um dos destinos gastronómicos
mais procurados da região do Alto Minho. Temos que continuar a fazer bem e cada
vez melhor. Fafe precisa de apostar mais
na qualidade e em melhores restaurantes.
Paulo: A
gastronomia em Fafe poderia e deveria ser muito melhor. Deveríamos ter mais
restaurantes de qualidade mais elevada. Quanto melhores restaurantes tivermos,
mais gente teremos a visitar-nos, acaba por ser bom para toda a economia local.
Quando saio ao fim de semana para almoçar fora com a família, procuro sempre um
local que tenha mais que um restaurante bom. Se não tiver mesa num, certamente
terei em outros.
Pessoalmente não sou muito de frequentar restaurantes,
especialmente em Fafe. Muita da minha atividade com as outras empresas é fora
de Fafe e almoço algumas vezes fora do concelho. Sempre que posso, prefiro
fazer as refeições em casa. A minha opinião é que se Fafe tivesse uma promoção
mais forte a nível de turismo, certamente teríamos outra visibilidade em termos
gastronómicos e enquanto cidade e concelho.
Finalmente,
tenho as seguintes perguntas e peço, a ambos, uma palavra ou frase de resposta
para cada uma delas:
Hobbies?
Hobbies?
Victor:
Colecionar automóveis clássicos e desportivos.
Paulo: BNI.
Local
de Férias preferido?
Victor: Manta
Rota Algarve
Paulo: Madeira
Victor: Família,
Amigos, Automóveis
Paulo: Faz parte
das minha tarefas, Pagar tudo a tempo e horas
Detestas?
Victor:
Ingratidão
Paulo: O alerta de “saldo insuficiente” (riso..)
Descreva
o teu dia perfeito quando não estás a trabalhar
Victor: Último
domingo do mês, passeio/almoço, com amigos e família, transportados nos nossos
clássicos.
Paulo: Convívio
com família e amigos.
Qual
é tua música preferida?
Victor: Não
tenho musica preferida.
Paulo: No more I
Love you`s de Annie Lennox.
qual
foi o filme que te marcou?
Victor: A
memoria que tenho, não é um filme mas uma série “ Verão azul”.
Paulo: TITANIC
Victor: Cozido à
Portuguesa.
Paulo: Arroz de
Frango.
Victor: Pudim,
mas só a receita do meu Pai.
Paulo: Delicia
de café.
PODES
ME PARTILHAR 3 coisas que estão na tua lista de desejos?
Victor: A
formação das minhas filhas, fim da pandemia e uma reforma com saúde para mim e
para a minha esposa, para usufruirmos dos nossos netos, coisa que não foi
possível com as nossas filhas.
Paulo: Curar o
Mundo desta maldita pandemia, que os meus filhos sigam e façam crescer as
empresas, tal como eu fiz com o meu pai e envelhecer com qualidade de vida.
Victor:
Desportos Motorizados
Paulo: F1
Qual
é o teu clube?
Victor: Futebol
Clube do Porto
Paulo: F.C.P.
Se
não fosses empresário, eras?
Victor:
Arquiteto
Paulo: Qualquer coisa que me fizesse sentir bem
comigo mesmo, possivelmente camionista.
Se
tivesses a oportunidade de mudar algo no teu percurso profissional, seria o
quê?
Victor: Gestão
de tempo com a Família.
Paulo:
Certamente e depois de saber algumas coisas faria algo diferente, mas não vale
a pena chorar pelo leite derramado, as más opções fazem parte do nosso percurso
e só assim aprendemos. As dificuldades são o sal que tempera a vida.
O
que representa Fafe para ti?
Victor: Fafe foi
a Cidade que me acolheu, vim para cá em 2005, onde cresci como pessoa,
empresário e onde fiz muitos amigos.
Paulo: Fafe é o
meu canto, a minha cidade. Ao longo da minha vida tenho percorrido alguns
lugares pelo Mundo, visto muita miséria mas também muitas coisas magnificas. No
regresso vejo que um dos lugares mais bonitos do Mundo acaba por ser o Bairro
da Cumieira, representa os últimos 300 metros para chegar a casa.
Se
amanhã, fosses um eleito político local, que medidas no setor económico ou
noutro implementarias?
Victor: Na área
do turismo precisava de mais 2 ou 3 bons hotéis; na área do desporto precisava
de mais apoio ás modalidades, para provocarmos mais visitas das pessoas de
fora; por fim, em relação à hotelaria, precisávamos de criar mais eventos/fins
de semana gastronómicos e não só a Feira da Vitela, que só se realiza uma vez
por ano.
Paulo: Faria o
que muitas cidades deste país, especialmente as do interior estão a fazer,
criaria zonas industriais com valores de baixo custo para que as empresas se
pudessem instalar e com isto desenvolver a região e criar riqueza. Fafe tem há
já alguns anos excelentes vias de comunicação. Estamos ligados ao Mundo, só nos
falta vontade política de alterar algumas zonas mortas, com pouco dinheiro se
fazia muita coisa.
Qual
é a tua regra de Ouro?
Victor:
Profissionalismo e humildade acima de tudo.
Paulo: Não
falhar com a palavra, palavra dada é uma escritura.
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