domingo, 7 de fevereiro de 2021

“UM OUTRO OLHAR” – VICTOR E PAULO, DOIS AMIGOS QUE APOSTARAM NA COZINHA TRADICIONAL PORTUGUESA


 
Bom dia victor e paulo, desde já, agradeço–vos por terem disponibilidade em participar nesta entrevista.

tenho vindo a acompanhar o vosso percurso profissional, como amigo e cliente. confesso que o vosso perfil, associado a um percurso profissional em setores opostos, que se juntaram há cerca de 15 anos para criar uma empresa de sucesso no setor da restauração, sensibilizaram-me a serem os próximos a convidar para a nossa entrevista.

Gostava que cada um me partilhasse as suas origens, o seu percurso escolar e formativo. Gostavam de estudar? ou eram mais trabalhos práticos? Tem alguém na vossa família ou amigos como modelo empreendedor?

Victor: Boa tarde Filipe. Obrigado pelo convite, chamo-me Victor Ferreira tenho 45 anos, sou casado, tenho 2 filhas e sou natural da freguesia de Mesão Frio, Guimarães. Estudei na escola primaria de Paço Vieira, fiz o 6º ano no 2º ciclo da escola João de Meira, em Guimarães e vim para Fafe em Setembro de 2005.                                                                                                             
 
Paulo: Boa tarde Filipe, muito obrigado pelo convite. Chamo-me Paulo Freitas, tenho 44 anos, sou casado, tenho 2 filhos, sou natural de Ribeiros, Fafe, vim para a Cumieira com 3 anos de idade quando o meu pai comprou o negocio que agora é de família. Andei na escola P3, depois na Carlos Teixeira. Ainda fiz o 7º ano, mas depois tive de abandonar a escola. O meu pai foi operado e eu tive que o vir ajudar a trabalhar na empresa. Conclui o 9º e depois o 12º ano no programa Novas Oportunidades já depois dos 30 anos.


Como surgiu a ideia inicial de ser empreendedor?

Victor: Nunca gostei de ser mandado, nem de ter limitações.  Com 13 anos comecei a trabalhar numa unidade hoteleira em Guimarães na qual estive quase vinte anos. Tive a sorte de aprender com o melhor mestre e empreendedor de hotelaria da época de seu nome: Aurélio Alves Cunha, que por sinal era meu tio. Foi nessa unidade que conheci o Paulo entre os anos de  2000 a 2004.
Já na altura tínhamos negócios em comum na área da imobiliária, em 2005 compramos um negocio que era só para mim e para a minha esposa, mas acabei por convidar o Paulo para fazer parte desse projeto que até hoje tem sido um sucesso.
 
Paulo: Ser empreendedor estava no meu ADN. O meu pai já tinha um negocio. Mesmo trabalhando desde muito cedo; aos 6 anos já conduzia tratores; aos 14 anos, juntamente com o meu Pai passei a gerir a nossa empresa. Em 2005 o meu Pai decide retirar-se e eu e os meus irmãos ficamos a gerir a empresa. Nesse mesmo ano juntamente com o meu amigo Victor, criámos a Empresa do restaurante daí em diante já conto com 13 empresas, 5 delas são com o meu amigo Victor.


 
A empresa que dirigem os dois atualmente, foi criada em 2005, com o nome comercial"Adega Restaurante Come & Bebe". contem-me mais sobre a trajetória da vossa empresa até à data de hoje, dado que recentemente, o nome comercial passou a ser “ORA DIGA”, partilhando as suas atividades, os seus produtos e serviços.

A Empresa sempre se chamou “Adega Restaurante Victor & Paulo Lda#, foi criada em 2005 e trabalhava sobre o nome comercial “Come e Bebe”, que já existia quando adquirimos o estabelecimento.
Entretanto em 2013 a mesma pessoa que nos vendeu o negócio e no fundo a marca, decide registar a marca em seu nome. Ainda andamos a ver se conseguíamos negociar e continuar a usar o mesmo nome, mas sem conseguirmos chegar a acordo, a solução passou por registarmos outra marca e seguir em frente. Daí agora o nome comercial seja “ORA DIGA”.
 
 
Quais são as dificuldades que encontram na gestão do dia a dia da vossa empresa?

Ter uma Empresa, seja ela qual for, comporta sempre dificuldades. O dia a dia é reinventar-se, resolver problemas e ultrapassar dificuldades.
 


Quais são as maiores satisfações e desilusões que tiveram, até agora, com a vossa empresa?

Victor: A maior desilusão foi conhecer verdadeiramente uma pessoa que nos parecia tão próxima e que na verdade só nos quis derrubar. A maior satisfação foi o traçar de objetivos e conseguir ultrapassa-los.
 
 
Paulo: A maior satisfação é ver o cliente voltar, sentir que o nosso trabalho está a surtir um efeito positivo nas pessoas e ver um grupo de funcionários a trabalhar com gosto no que faz. Quanto a desilusões, poderemos falar de pessoas invejosas, sem palavra, as quais fizemos tudo por elas, que pensávamos que seriam amigos para a vida e foram os primeiros a apunhalar-nos pelas costas. Mas vira a página e segue em frente.

 


Quais são os próximos desafios para a vossa empresa?
 
Victor: Neste momento o maior desafio é não deixar afundar o barco e levá-lo a bom porto.
 
Paulo: Bem, neste momento o grande desafio é ultrapassar esta terrível pandemia. Não está a ser fácil. Embora estejamos a trabalhar em serviço de Takeaway, as receitas não chegam para as despesas, temos um grupo bastante grande de funcionários e está a ser um esforço enorme para controlar as contas. 

Durante a última paragem de Março a Maio. fizemos obras, remodelámos o nosso espaço, que a critica diz que ficou muito bonito e funcional. Para o futuro queremos continuar a prestar um serviço de excelência e continuar atualizados no que diz respeito ao setor e ao nosso negócio.
 
Como se vê cada um como pessoa? Como lidam com o fracasso e o sucesso?

Victor: Com o fracasso é difícil de responder, porque, felizmente nunca o tivemos. Já com o sucesso é muito difícil porque à mínima falha, toda a gente nos aponta o dedo.
 
Paulo: No fracasso, assimilo, corrijo e sigo em frente. No sucesso não entro em euforias, pois pode levar-me a desleixo, falta de concentração e o fracasso já está a espreita.
 
 


Conseguem conciliar cada um, no vosso dia-a-dia, a vida profissional e pessoal?

Victor: Nem sempre é possível.
 
Paulo: Não é muito fácil, primeiro porque o trabalho no restaurante acontece quando toda a gente está num momento calmo de descontração e onde nós também gostaríamos de estar. Depois porque as tarefas com as outras empresas tira-me muito tempo. Mesmo assim vamos alternando, umas vezes eu, outras vezes o Victor, mas como diz o Tony Carreira “Foi a vida que eu escolhi”. Mesmo assim consigo ter uma vida familiar estável, muito graças à minha Orlanda que muitas vezes faz de Pai e Mãe para os nossos filhos.



 
Se tivessem um conselho a dar a um jovem empreendedor perante o estado atual da Economia, qual seria?

Victor: Muito sinceramente na área da restauração ainda vai levar algum tempo a normalizar, por isso eu diria, neste momento para não arriscar em nada.
 
Paulo: Diria o mesmo que um senhor que esteve muitos anos no Brasil e fez sucesso me disse quando passei a criar empresas. “Nunca desistas, sê sério com os outros mas, essencialmente, contigo mesmo. Se prometeres que fazes, faz. Se prometeres que pagas, paga. Não te preocupes com o sucesso, pois se seguires estas regras ele aparece sem contares.”
 

Finalmente, transitando a nossa entrevista para uma parte mais pessoal, pretendia saber qual é vossa opinião, sobre a gastronomia fafense, as suas fragilidades e suas potencialidades?

Victor: Na minha opinião, Fafe tem grande potencialidade em ser um dos destinos gastronómicos mais procurados da região do Alto Minho. Temos que continuar a fazer bem e cada vez melhor. Fafe precisa de  apostar mais na qualidade e em melhores restaurantes.
  
Paulo: A gastronomia em Fafe poderia e deveria ser muito melhor. Deveríamos ter mais restaurantes de qualidade mais elevada. Quanto melhores restaurantes tivermos, mais gente teremos a visitar-nos, acaba por ser bom para toda a economia local. Quando saio ao fim de semana para almoçar fora com a família, procuro sempre um local que tenha mais que um restaurante bom. Se não tiver mesa num, certamente terei em outros. 
Pessoalmente não sou muito de frequentar restaurantes, especialmente em Fafe. Muita da minha atividade com as outras empresas é fora de Fafe e almoço algumas vezes fora do concelho. Sempre que posso, prefiro fazer as refeições em casa. A minha opinião é que se Fafe tivesse uma promoção mais forte a nível de turismo, certamente teríamos outra visibilidade em termos gastronómicos e enquanto cidade e concelho.
 
 


Finalmente, tenho as seguintes perguntas e peço, a ambos, uma palavra ou frase de resposta para cada uma delas:
Hobbies?

Victor: Colecionar automóveis clássicos e desportivos.
 
Paulo: BNI.
 

Local de Férias preferido?

Victor: Manta Rota Algarve
 
Paulo: Madeira

 
Adoras?

Victor: Família, Amigos, Automóveis
 
Paulo: Faz parte das minha tarefas, Pagar tudo a tempo e horas
 

Detestas?

Victor: Ingratidão
 
Paulo: O alerta de “saldo insuficiente” (riso..)
 

Descreva o teu dia perfeito quando não estás a trabalhar

Victor: Último domingo do mês, passeio/almoço, com amigos e família, transportados nos nossos clássicos.
 
Paulo: Convívio com família e amigos.


Qual é tua música preferida?

Victor: Não tenho musica preferida.
 
Paulo: No more I Love you`s de Annie Lennox.
 

qual foi o filme que te marcou?

Victor: A memoria que tenho, não é um filme mas uma série “ Verão azul”.
 
Paulo: TITANIC


 
Prato preferido?

Victor: Cozido à Portuguesa.
 
Paulo: Arroz de Frango.

 
sobremesa preferida?

Victor: Pudim, mas só a receita do meu Pai.
 
Paulo: Delicia de café.
 

PODES ME PARTILHAR 3 coisas que estão na tua lista de desejos?

Victor: A formação das minhas filhas, fim da pandemia e uma reforma com saúde para mim e para a minha esposa, para usufruirmos dos nossos netos, coisa que não foi possível com as nossas filhas.
 
Paulo: Curar o Mundo desta maldita pandemia, que os meus filhos sigam e façam crescer as empresas, tal como eu fiz com o meu pai e envelhecer com qualidade de vida.

 
Desporto preferido?

Victor: Desportos Motorizados
 
Paulo: F1


Qual é o teu clube?

Victor: Futebol Clube do Porto
 
Paulo:  F.C.P.
 

Se não fosses empresário, eras?

Victor: Arquiteto
 
Paulo:  Qualquer coisa que me fizesse sentir bem comigo mesmo, possivelmente camionista.
 


Se tivesses a oportunidade de mudar algo no teu percurso profissional, seria o quê?

Victor: Gestão de tempo com a Família.
 
Paulo: Certamente e depois de saber algumas coisas faria algo diferente, mas não vale a pena chorar pelo leite derramado, as más opções fazem parte do nosso percurso e só assim aprendemos. As dificuldades são o sal que tempera a vida.
 

O que representa Fafe para ti?

Victor: Fafe foi a Cidade que me acolheu, vim para cá em 2005, onde cresci como pessoa, empresário e onde fiz muitos amigos.
 
Paulo: Fafe é o meu canto, a minha cidade. Ao longo da minha vida tenho percorrido alguns lugares pelo Mundo, visto muita miséria mas também muitas coisas magnificas. No regresso vejo que um dos lugares mais bonitos do Mundo acaba por ser o Bairro da Cumieira, representa os últimos 300 metros para chegar a casa.
 

Se amanhã, fosses um eleito político local, que medidas no setor económico ou noutro implementarias?

Victor: Na área do turismo precisava de mais 2 ou 3 bons hotéis; na área do desporto precisava de mais apoio ás modalidades, para provocarmos mais visitas das pessoas de fora; por fim, em relação à hotelaria, precisávamos de criar mais eventos/fins de semana gastronómicos e não só a Feira da Vitela, que só se realiza uma vez por ano.
 
Paulo: Faria o que muitas cidades deste país, especialmente as do interior estão a fazer, criaria zonas industriais com valores de baixo custo para que as empresas se pudessem instalar e com isto desenvolver a região e criar riqueza. Fafe tem há já alguns anos excelentes vias de comunicação. Estamos ligados ao Mundo, só nos falta vontade política de alterar algumas zonas mortas, com pouco dinheiro se fazia muita coisa.
 
Qual é a tua regra de Ouro?

Victor: Profissionalismo e humildade acima de tudo.
 
Paulo: Não falhar com a palavra, palavra dada é uma escritura.




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