segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A CARRANCA MEDIEVAL DE QUINCHÃES


 

É sabido que Fafe tem, ao longo do tempo, perdido valências para outras terras, nomeadamente para a vizinha Guimarães e, no que toca a Património móvel, este fado, também não é excepção.

Desde meados do século XIX, Fafe assiste à saída de espólio arqueológico e histórico para outras paragens; para museus ou colecções particulares.

Fafe já perdeu imenso Património; um identificado e outro que, certamente, continua encoberto pela apertada malha da ganância e da falta de sensibilidade…

Os testemunhos materiais da História de uma terra devem permanecer no seu território… deviam ser inalienáveis!



Recorte do jornal "A Voz de Fafe", 13 Março 1937


Por outro lado, constata-se a incontornável realidade de Fafe nunca ter criado espaços museológicos que permitissem conservar os testemunhos da sua História ancestral. Foi sempre consensual, entre nós, uma inexplicável tendência para a alienação de Património local...


A CARRANCA DE QUINCHÃES


Foto original de Gonçalo Cruz

Este modilhão ou «cachorro» figurando uma Carranca, de feição Românica, provavelmente do século XII ou XIII, foi encontrada em 1937 “num monte das proximidades”, alegadamente dentro dos limites da freguesia de Quinchães, pelo arcipreste de Fafe e pároco da referida freguesia, José Novais Rebelo.

A escultura, rara em território fafense, foi oferecida pelo mencionado sacerdote ao Museu da Sociedade Martins Sarmento, em Março de 1937 e lá se mantém exposta na secção de Escultura e Epigrafia, com o número de referência nº 202.

É provável que esta peça esculpida em granito integrasse a cornija de um templo medieval que não chegou aos nossos dias.

 

Glossário:

CARRANCA – Cabeça, máscara ou mascarão do imaginário fantástico, esculpida em pedra, madeira ou metal, colocada como motivo decorativo em cimalhas, frisos, fontes, chafarizes, lavabos, etc. 

CORNIJA – Moldura saliente que remata superiormente um muro.

  

 


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