Numa época em que estamos em casa e com mais tempo livre, lamento que não se implemente nada a nível cultural, como por exemplo, um incentivo à leitura. A biblioteca municipal está fechada, mas quando se fecha uma porta deve pensar-se em abrir uma janela e esta é uma oportunidade única para se implementar na biblioteca, a entrega ao domicílio. Quando em maio do ano passado foram um exemplo na adoção e implementação das alterações na utilização dos equipamentos e serviços das bibliotecas, em período COVID-19, deveriam desde logo, ponderar a preparação para as vagas seguintes da pandemia.
O catálogo está disponível, já é possível fazer requisições por telefone e por e-mail... era só torná-la "itinerante". Estabelecer um dia para entregas, fazer um circuito de distribuição obedecendo a normas de segurança, usar invólucros possíveis de descartar. O leitor poderia aceder ao catálogo online a partir de casa, escolher o que pretendia requisitar, enviar um correio eletrónico com as referências e agendar a entrega. Podia estabelecer-se o limite máximo de livros, os dias de recolha, as regras e cuidados nas entregas. Há vários exemplos por esse país fora: Maia, Póvoa de Varzim, Alcácer do Sal, Santo Triso, Lousa, Mealhada, Felgueiras… Não é assim tão difícil! Porque não usar-se a Polícia Municipal para ajudar nas entregas, criar uma rede de voluntários ou, melhor ainda, apoiar ao mesmo tempo os taxistas de Fafe e pagar-lhes este serviço. Um duplo incentivo, cultural e económico!
Mais! Porque não convidar as boas gentes do teatro local, artistas, poetas e escritores a declamarem poesia, a dizerem textos em pequenos vídeos, a gravarem reflexões sobre leituras interessantes para várias idades e colocá-las nas redes sociais do município ou disponibilizarem-nas através dos e-mailes institucionais dos alunos, em articulação com os agrupamentos.
Mais ainda... nesta altura que toda a gente faz arrumações nas gavetas e estantes lá de casa, porque não fazer um espaço de doações, onde a mesma equipa que entrega as encomendas, também recolhe livros usados. A Biblioteca Municipal criaria um espaço, junto com as equipas de ação social, onde se fizesse a seleção do que se podia oferecer a famílias, a associações culturais, bairros, juntas de freguesia, etc. Cultura, solidariedade, educação, consciência ambiental, flexibilidade, partilha! Tão bom falar de cultura em movimento... tão simples falar de liberdade em confinamento. Basta tornar o livro livre, soltá-lo das estantes, desviarem-nos os olhos dos ecrãs, fazerem-no chegar até nós, onde estamos agora, ou pelo menos onde devemos estar... em casa mas com um bom livro por companhia.
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