segunda-feira, 15 de março de 2021

História ferroviária fafense começou há 150 anos

 



CAMINHO DE FERRO “AMERICANO” PODIA TER CHEGADO A FAFE NO SÉCULO XIX


A origem do troço ferroviário Trofa a Fafe prende-se a uma concessão feita ao italiano Simão Gattai. Em 11 de Julho de 1871, visando a construção de um caminho-de-ferro “americano”, sobre estrada, ligando o Porto a Braga, com passagem por Santo Tirso e Guimarães.

Em 28 de Dezembro de 1872, o governo alterou as condições da concessão, obrigando ligar o caminho férreo proposto à linha do Minho, por Vizela e Fafe.

«Tendo o governo concedido licença a Simão Gattai, por decreto de 11 de Julho de 1871, para estabelecer um caminho de ferro americano (rail road) entre o Porto e Braga, por Santo Thyrso e Guimarães, sobre as estradas reais nºs 32 e 27;

Pedindo o mesmo Simão Gattai auctorização para empregar locomotivas na exploração do dito caminho; e não podendo esta autorização ser concedida sem que o emprezario se obrigasse a construir o caminho em leito próprio, alterado o traçado e modificadas as clausulas e condições da primitiva licença;

Vista a acceitação de Simão Gattai: Hei por bem modificar e alterar as disposições do decreto de 11 de Julho de 1871, nos termos dos artigos seguintes:

I O concessionario Simão Gattai efectuará á sua custa:

1º Os estudos e a construção de um caminho de ferro de via reduzida com todas as suas dependencias entre um ponto do caminho de ferro do Minho, proximo ao rio Ave e as Taipas, com um ramal de Fafe por Vizella, a entroncar na linha principal entre Santo Thyrso e Guimarães. » (…)

O ministro e secretário d’estado dos negocios das obras publicas commercio e industria assim o tenha entendido e faça executar.

Paço, em 28 de Dezembro de 1872. = Rei. = António Cardoso Avelino.

Diário do Governo nº 4, de 7 de Janeiro de 1873

In: http://legislacaoregia.parlamento.pt/Info/about.aspx



"Americano" na cidade do Porto, cerca de 1880

 

Em 1874, por falência de Simão Gattai, a concessão foi trespassada à companhia inglesa “Minho District Railway Company, Limited” e, por despacho de 18 de Fevereiro do referido ano, foi dispensada a construção do ramal de Fafe.

Desta forma, foi gorada a intenção de fazer chegar, à vila de Fafe, um caminho-de-ferro, por tracção animal, transporte este que viria a ficar obsoleto em inícios do século XX.

A “Sala de Visitas do Minho” ficou mais de três décadas à espera do seu caminho-de-ferro; do tão ambicionado melhoramento, que só chegaria em 1907.

Manteve-se o transporte a cavalo e os “trens” de tracção animal, fora de trilhos de ferro, por caminhos tortuosos de pouca “realeza”…

O “americano”, afinal, não chegou a Fafe…



"Americano" na Póvoa de Varzim, Cerca de 1880


 


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