CAMINHO DE FERRO “AMERICANO” PODIA TER CHEGADO A FAFE NO
SÉCULO XIX
A origem do troço ferroviário Trofa a Fafe prende-se a uma
concessão feita ao italiano Simão Gattai. Em 11 de Julho de 1871, visando a construção
de um caminho-de-ferro “americano”, sobre estrada, ligando o Porto a Braga, com
passagem por Santo Tirso e Guimarães.
Em 28 de Dezembro de 1872, o governo alterou as condições da
concessão, obrigando ligar o caminho férreo proposto à linha do Minho, por
Vizela e Fafe.
«Tendo o governo concedido licença a Simão Gattai, por
decreto de 11 de Julho de 1871, para estabelecer um caminho de ferro americano
(rail road) entre o Porto e Braga, por Santo Thyrso e Guimarães, sobre as
estradas reais nºs 32 e 27;
Pedindo o mesmo Simão Gattai auctorização para empregar
locomotivas na exploração do dito caminho; e não podendo esta autorização ser
concedida sem que o emprezario se obrigasse a construir o caminho em leito
próprio, alterado o traçado e modificadas as clausulas e condições da primitiva
licença;
Vista a acceitação de Simão Gattai: Hei por bem modificar e
alterar as disposições do decreto de 11 de Julho de 1871, nos termos dos
artigos seguintes:
I O concessionario Simão Gattai efectuará á sua custa:
1º Os estudos e a construção de um caminho de ferro de via
reduzida com todas as suas dependencias entre um ponto do caminho de ferro do
Minho, proximo ao rio Ave e as Taipas, com um ramal de Fafe por Vizella, a
entroncar na linha principal entre Santo Thyrso e Guimarães. » (…)
O ministro e secretário d’estado dos negocios das obras
publicas commercio e industria assim o tenha entendido e faça executar.
Paço, em 28 de Dezembro de 1872. = Rei. = António Cardoso
Avelino.
Diário do Governo nº 4, de 7 de Janeiro de 1873
In: http://legislacaoregia.parlamento.pt/Info/about.aspx
Em 1874, por falência de Simão Gattai, a concessão foi
trespassada à companhia inglesa “Minho District Railway Company, Limited” e,
por despacho de 18 de Fevereiro do referido ano, foi dispensada a construção do
ramal de Fafe.
Desta forma, foi gorada a intenção de fazer chegar, à vila de
Fafe, um caminho-de-ferro, por tracção animal, transporte este que viria a ficar
obsoleto em inícios do século XX.
A “Sala de Visitas do Minho” ficou mais de três décadas à
espera do seu caminho-de-ferro; do tão ambicionado melhoramento, que só
chegaria em 1907.
Manteve-se o transporte a cavalo e os “trens” de tracção
animal, fora de trilhos de ferro, por caminhos tortuosos de pouca “realeza”…
O “americano”, afinal, não chegou a Fafe…
O saber não ocupa lugar!
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