domingo, 21 de março de 2021

“UM OUTRO OLHAR” – PEDRO E MARLENE, UM CASAL QUE DINAMIZA UM TALHO COM SABOR E TRADIÇÃO


Bom dia pedro e MARLENE, desde já, agradeço – vos pela disponibilidade em participar nesta entrevista.
.
confesso que o vosso perfil de casAL QUE Trabalha junto há cerca de 15 anos na dinamização do vosso comércio “super talho alvorada”, sensibilizou-me a serem os próximos a convidar para a nossa entrevista.

Gostava que cada um DOS DOIS partilhasse comigo as vossas origens, o vosso percurso escolar e formativo. Gostavam de estudar ou eram mais virados para o trabalho? Têm alguém na vossa família ou amigos como modelo empreendedor?

Pedro: Bom dia caro Filipe, antes demais quero agradecer pelo convite, o qual aceitamos com todo o gosto. Sou de Golães, cresci mesmo ao lado do rio Vizela, sou filho de um casal que tem um negócio na área na qual trabalho, o que me influenciou bastante para o meu futuro. Andei na escola primária de Golães, fiz o segundo ciclo no “ciclo velho”, onde hoje são as instalações da GNR e, depois, segui para a Escola Secundária.

Confesso que, desde pequeno sempre preferi o trabalho ao estudo. O “bichinho” de cortar carne estava em mim desde pequeno. Sempre que tinha folga da escola, ia com o meu pai para o talho na rua D. Manuel I, conhecida por “Cisterna”, que ainda hoje está a trabalhar. Obviamente, os meus pais foram os principais responsáveis por eu estar a trabalhar nesta área.
 
Marlene: Sou nascida e criada em Pardelhas, frequentei a escola primária de Pardelhas, segui para a Escola Carlos Teixeira e depois a Secundária. Durante esse período escolar já ajudava os meus pais no comércio.

Terminado o 9º ano, comecei a trabalhar e fiz o 12º no ensino recorrente. Gostava bastante de estudar, mas também gostava de ajudar os meus pais no café, que tinham em Pardelhas. Servir os outros é uma arte que aprendi a gostar desde muito cedo.
 

Como surgiu este negócio?

Pedro: Este negócio foi uma oportunidade impulsionada pelo meu pai que logo cedo, aos meus vinte e um anos, me desafiou a estabelecer, oportunidade essa que eu agarrei com “unhas e dentes” como se costuma dizer, claro que não foi nada fácil, mas com a coragem aliada ao gosto  pela arte de cortar carnes e toda a envolvência que esta profissão exige, proporcionou um crescimento ao longo dos anos que nos consolidaram no mercado, sem nunca esquecer que é preciso continuar com a oportunidade bem agarrada para que seja possível alcançar o máximo de objetivos que traçamos.

Marlene: Quando conheci o Pedro, estava no meu primeiro emprego na área de pastelaria, neste caso ao lado do talho, entretanto o Pedro assumiu a gerência do talho e, como ia tomar o café à pastelaria onde eu trabalhava , como devem estar a imaginar, fomo-nos conhecendo e começámos a namorar. 
Nas horas vagas, comecei a ajudar o Pedro até que, quando o negócio começou a prosperar, houve necessidade de contratar alguém e o Pedro propôs trabalhar-mos junto, proposta que eu analisei com cautela pois ainda éramos namorados e não me estava a imaginar a trabalhar com ele. Mas no entanto aceitei e até hoje o resultado é engrandecedor.



 
o comércio a retalho de carne que dirigem os dois atualmente é sinónimo, em fafe, do que tenho conheciimento, de qualidade e sabor único. contem-me mais sobre a trajetória ascendente da vossa empresa até à data de hoje, partilhando as suas atividades, os seus produtos e o seu mercado de clientes nacionais e internacionais.

O nosso comércio de carne a retalho obedece a regras bem determinadas, no que toca á seleção dos nossos produtos, desde as carnes frescas, aos produtos transformados e fumeiro. É determinante um comércio de proximidade acima de tudo com os nossos produtores locais, que nos garantem um produto autêntico, como por exemplo a famosa vitela de Fafe. 
Digamos que a nossa primazia é o comércio de proximidade. Temos um vasto conhecimento dos produtores locais, e procuramos sempre aqueles que têm a qualidade a que fomos habituando os nossos clientes. No nosso talho, a qualidade dos produtos que oferecemos reflete-se na resposta que damos ao que os clientes nos vão solicitando. Tem sido um desafio bastante engrandecedor e o resultado tem sido bastante positivo. 

Como deve imaginar, o nível de exigência dos nossos clientes foi aumentando e nós fomos correspondendo de forma a satisfazer os seus pedidos. Obviamente, isto exige da nossa parte um espírito inovador para dar a resposta desejada aos nossos clientes. 
Não somos um talho tradicional, mas um talho inovador na tradição. Somos conhecidos pela carne de qualidade, mas também temos por referência o fumeiro e os derivados de carne. A nível internacional existem condições muito favoráveis  para explorar hoje em dia, derivado á facilidade de divulgação e expedição dos nossos produtos, principalmente onde existe um aglomerado de emigrantes portugueses, que são os primeiros a abrir as portas aos nosso produtos. Deixo um grande bem haja para todos eles.
 


 
Quais são as dificuldades que encontram na gestão do dia-a-dia do vosso comércio?

Hoje em dia, a maior dificuldade que encontramos será alguma concorrência desleal que, servindo-me de uma expressão bastante popular, vendem “gato por lebre”. É urgente certificar os produtos. Procurar carne do nível de qualidade a que os nossos clientes estão habituados exige um grande esforço e investimento da nossa parte. Este factor, reduz a nossa margem de lucro, mas aumenta a satisfação do nosso cliente. 
O nicho dos nossos clientes tem parâmetros de qualidade que exigem de nós uma constante procura junto dos produtores que cumprem aqueles parâmetros de criação que para nós são determinantes.

 
Quais são as maiores satisfações e desilusões que tiveram, até agora, com a vossa empresa?

A maior satisfação que podemos ter o reconhecimento dos nossos produtos e a fidelização dos nossos clientes. O barómetro da nossa satisfação é a satisfação dos nossos clientes. Como nada é perfeito, às vezes, o objectivo a que nos propomos não é totalmente atingido, ou aquele produto que idealizamos e não corresponde ao que nos tínhamos proposto, daí aproveitar para melhorar sempre para minimizar os riscos de desilusão.




Quais são os próximos desafios para a vossa empresa?

Todos os dias nos aparecem desafios diferentes, no entanto as nossas ideias é que nos criam desafios, uma vez que temos o progresso sempre em mente. O crescimento é sempre um desafio constante, mas no entanto é necessário criar condições para implementar novas ideias, por forma a ser um processo sustentável. É algo em que estamos a trabalhar...
 

Conseguem conciliar cada um, como casal, no vosso dia-a-dia, a vida profissional no talho e a pessoal?

Pedro: Já antes de sermos um casal, já éramos uma boa equipa e tínhamos capacidade para gerir o nosso dia-a-dia. A partir do momento que nos tornámos um casal, foi mais fácil gerir as nossas ideias. Dentro e fora de casa. Dentro e fora do talho.
 
Marlene: O que nos ajuda muito é que nos apoiamos bastante um ao outro. Temos objetivos comuns, trocamos ideias, discutimos pormenores da nossa vida, quer seja pessoal ou profissional, temos conseguido superar os obstáculos que nos aparecem. Somos uma boa equipa. A nível pessoal, como qualquer família, focamo-nos no futuro das nossas filhas, das nossas vidas e aproveitamos todos os momentos para melhorar. 
 
 


Se tivessem um conselho a dar a um jovem empreendedor perante o estado atual da Economia, qual seria?

Delinear uma boa estratégia para o seu negócio, tendo sempre presente a inovação, e, acima de tudo, calcular bem os riscos, definir os seus objetivos e focar-se no seu projeto. 

 
Finalmente, transitando a nossa entrevista para uma parte mais pessoal, pretendia saber qual é vossa opinião, o estado atual do setor agropecuário fafense, as suas fragilidades e suas potencialidades?

Derivado às políticas implementadas nos últimos anos, o nosso concelho teve um declínio muito acentuado. Sendo um setor predominantemente de subsistência por parte de muitos produtores, as exigências tornaram-se quase insuportáveis, levando a que muitos abandonassem o sector agropecuário. 

Este factor abriu portas a um sector de mercado que não é aquele a que habituámos os nossos clientes. Apesar do comércio de venda de carne não ter diminuído, a qualidade, essa, é indiscutível. Fafe tem de dinamizar medidas ambiciosas que possam atrair os nossos jovens para promover a produção agropecuária e aproveitar os recursos do nosso concelho.
 

Finalmente, tenho as seguintes perguntas e peço, a ambos, uma palavra ou frase de resposta para cada uma delas:

Adora?
 
Pedro: Conviver
 
Marlene: Estar com a família
 
Detesta?

Pedro: Malfeitorias
 
Marlene: Falsidade
 
Descreva o seu dia perfeito quando não está a trabalhar

Pedro: Relaxar, um bom passeio pela natureza vem mesmo a calhar
 
Marlene: Passear
 
Hobbies?

Pedro: Jogar futsal entre amigos
 
Marlene: Caminhar
 
um destino de férias?

Pedro: Açores
 
Marlene: Repetir uma fugidinha á Disney Paris
 
Qual é sua música preferida?

Pedro: Um bom Fado…
 
Marlene: Jerusalema



qual foi o filme que marcou?

Pedro: A série “Presion Break”
 
Marlene: Coyote Bar
 
um livro?

Pedro: Não sou muito dado a leituras
 
Marlene: Cinco dias em Paris (Daniel Steel)
 
um restaurante preferido?

Pedro: Vários, principalmente nos nossos clientes.
 
Marlene: Oxalá  Ovar
 
Prato preferido?

Pedro: Sem dúvida um bom cozido
 
Marlene: Feijão preto com bifinho made in Talho Alvorada.
 
sobremesa preferida?

Pedro: Pudim da sogra delicioso
 
Marlene: Tudo que for doce
 
Desporto preferido?

Pedro: Futebol
 
Marlene: Caminhadas
 
Qual é o seu clube?

Pedro: Benfica
 
Marlene: Sporting
 
PODE ME PARTILHAR 3 coisas que estão na sua lista de desejos?

Pedro: Prosperidade, saúde  e longevidade
 
Marlene: Que acabe o covid, proporcionar um bom futuro para as minhas filhas e saúde
 
O que representa Fafe para si?

Pedro: Fafe representa o meu berço, uma terra de tradições e oportunidades.
 
Marlene: Fafe á minha Terra Natal, é o meu lar, e representa uma grande parte da minha vida, tanto pessoal como profissional.
 
Se amanhã, fosse um eleito político concelhio, que medidas no setor económico ou noutro implementaria em fafe?

Pedro: Não me revejo de todo na política, mas no entanto acho muito importante apoiar novos projetos quer a nível social ou empresarial que atraiam investimentos ao nosso concelho. 
Considero muito importante a proximidade das políticas de forma a perceber o que realmente a nossa sociedade necessita. 
Combater ao máximo as desigualdades sociais e apoiar fortemente qualquer setor dinamizador, nomeadamente agricultura, indústria, turismo que são na minha opinião bases para qualquer sociedade se desenvolver e consolidar.
 
Marlene: Não aprecio política.
 
Qual é a sua regra de Ouro?

Pedro: Honrar os compromissos
 
Marlene: Ser genuína

Há algo mais que gostarias de dizer, que não foi abordado?

Queremos realçar que estamos de espírito cheio, pois esta entrevista veio não só abordar a nossa situação  atual, como alertar para para pensar no futuro e acima de tudo, permitiu reviver o passado e a forma quanto ele foi enriquecedor para aquilo que fazemos hoje. 

De louvar esta grande iniciativa caro Filipe.



Sem comentários:

Enviar um comentário