Bom dia pedro e MARLENE,
desde já, agradeço – vos pela disponibilidade em participar nesta entrevista.
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confesso que o vosso
perfil de casAL QUE Trabalha junto há cerca de 15 anos na dinamização do vosso
comércio “super talho alvorada”, sensibilizou-me a serem os próximos a convidar
para a nossa entrevista.
Gostava que cada um DOS
DOIS partilhasse comigo as vossas origens, o vosso percurso escolar e
formativo. Gostavam de estudar ou eram mais virados para o trabalho? Têm alguém
na vossa família ou amigos como modelo empreendedor?
Pedro: Bom
dia caro Filipe, antes demais quero agradecer pelo convite, o qual aceitamos
com todo o gosto. Sou de Golães, cresci mesmo ao lado do rio Vizela, sou filho
de um casal que tem um negócio na área na qual trabalho, o que me influenciou
bastante para o meu futuro. Andei na escola primária de Golães, fiz o segundo
ciclo no “ciclo velho”, onde hoje são as instalações da GNR e, depois, segui
para a Escola Secundária.
Confesso que, desde pequeno sempre preferi o trabalho
ao estudo. O “bichinho” de cortar carne estava em mim desde pequeno. Sempre que
tinha folga da escola, ia com o meu pai para o talho na rua D. Manuel I,
conhecida por “Cisterna”, que ainda hoje está a trabalhar. Obviamente, os meus
pais foram os principais responsáveis por eu estar a trabalhar nesta área.
Marlene:
Sou nascida e criada em Pardelhas, frequentei a escola primária de Pardelhas,
segui para a Escola Carlos Teixeira e depois a Secundária. Durante esse período
escolar já ajudava os meus pais no comércio.
Terminado o 9º ano, comecei a
trabalhar e fiz o 12º no ensino recorrente. Gostava bastante de estudar, mas
também gostava de ajudar os meus pais no café, que tinham em Pardelhas. Servir
os outros é uma arte que aprendi a gostar desde muito cedo.
Como surgiu este
negócio?
Pedro: Este
negócio foi uma oportunidade impulsionada pelo meu pai que logo cedo, aos meus
vinte e um anos, me desafiou a estabelecer, oportunidade essa que eu agarrei
com “unhas e dentes” como se costuma dizer, claro que não foi nada fácil, mas
com a coragem aliada ao gosto pela arte
de cortar carnes e toda a envolvência que esta profissão exige, proporcionou um
crescimento ao longo dos anos que nos consolidaram no mercado, sem nunca
esquecer que é preciso continuar com a oportunidade bem agarrada para que seja
possível alcançar o máximo de objetivos que traçamos.
Marlene:
Quando conheci o Pedro, estava no meu primeiro emprego na área de pastelaria,
neste caso ao lado do talho, entretanto o Pedro assumiu a gerência do talho e,
como ia tomar o café à pastelaria onde eu trabalhava , como devem estar a imaginar,
fomo-nos conhecendo e começámos a namorar.
Nas horas vagas, comecei a ajudar o
Pedro até que, quando o negócio começou a prosperar, houve necessidade de
contratar alguém e o Pedro propôs trabalhar-mos junto, proposta que eu analisei
com cautela pois ainda éramos namorados e não me estava a imaginar a trabalhar
com ele. Mas no entanto aceitei e até hoje o resultado é engrandecedor.
o comércio a retalho de
carne que dirigem os dois atualmente é sinónimo, em fafe, do que tenho
conheciimento, de qualidade e sabor único. contem-me mais sobre a trajetória ascendente
da vossa empresa até à data de hoje, partilhando as suas atividades, os seus produtos
e o seu mercado de clientes nacionais e internacionais.
O nosso comércio de carne a retalho obedece a
regras bem determinadas, no que toca á seleção dos nossos produtos, desde as
carnes frescas, aos produtos transformados e fumeiro. É determinante um
comércio de proximidade acima de tudo com os nossos produtores locais, que nos garantem
um produto autêntico, como por exemplo a famosa vitela de Fafe.
Digamos que a
nossa primazia é o comércio de proximidade. Temos um vasto conhecimento dos
produtores locais, e procuramos sempre aqueles que têm a qualidade a que fomos
habituando os nossos clientes. No nosso talho, a qualidade dos produtos que
oferecemos reflete-se na resposta que damos ao que os clientes nos vão
solicitando. Tem sido um desafio bastante engrandecedor e o resultado tem sido
bastante positivo.
Como deve imaginar, o nível de exigência dos nossos clientes
foi aumentando e nós fomos correspondendo de forma a satisfazer os seus
pedidos. Obviamente, isto exige da nossa parte um espírito inovador para dar a
resposta desejada aos nossos clientes.
Não somos um talho tradicional, mas um
talho inovador na tradição. Somos conhecidos pela carne de qualidade, mas
também temos por referência o fumeiro e os derivados de carne. A nível
internacional existem condições muito favoráveis para explorar hoje em dia, derivado á
facilidade de divulgação e expedição dos nossos produtos, principalmente onde
existe um aglomerado de emigrantes portugueses, que são os primeiros a abrir as
portas aos nosso produtos. Deixo um grande bem haja para todos eles.
Quais são as
dificuldades que encontram na gestão do dia-a-dia do vosso comércio?
Hoje em
dia, a maior dificuldade que encontramos será alguma concorrência desleal que,
servindo-me de uma expressão bastante popular, vendem “gato por lebre”. É
urgente certificar os produtos. Procurar carne do nível de qualidade a que os
nossos clientes estão habituados exige um grande esforço e investimento da
nossa parte. Este factor, reduz a nossa margem de lucro, mas aumenta a
satisfação do nosso cliente.
O nicho dos nossos clientes tem parâmetros de
qualidade que exigem de nós uma constante procura junto dos produtores que
cumprem aqueles parâmetros de criação que para nós são determinantes.
Quais são as maiores
satisfações e desilusões que tiveram, até agora, com a vossa empresa?
A maior satisfação que podemos ter o reconhecimento dos nossos produtos e a fidelização dos nossos clientes. O barómetro da nossa satisfação é a satisfação dos nossos clientes. Como nada é perfeito, às vezes, o objectivo a que nos propomos não é totalmente atingido, ou aquele produto que idealizamos e não corresponde ao que nos tínhamos proposto, daí aproveitar para melhorar sempre para minimizar os riscos de desilusão.
Quais são os próximos
desafios para a vossa empresa?
Todos os dias nos aparecem desafios diferentes, no entanto as nossas ideias é que nos criam desafios, uma vez que temos o progresso sempre em mente. O crescimento é sempre um desafio constante, mas no entanto é necessário criar condições para implementar novas ideias, por forma a ser um processo sustentável. É algo em que estamos a trabalhar...
Conseguem conciliar
cada um, como casal, no vosso dia-a-dia, a vida profissional no talho e a pessoal?
Pedro: Já
antes de sermos um casal, já éramos uma boa equipa e tínhamos capacidade para
gerir o nosso dia-a-dia. A partir do momento que nos tornámos um casal, foi
mais fácil gerir as nossas ideias. Dentro e fora de casa. Dentro e fora do
talho.
Marlene: O
que nos ajuda muito é que nos apoiamos bastante um ao outro. Temos objetivos
comuns, trocamos ideias, discutimos pormenores da nossa vida, quer seja pessoal
ou profissional, temos conseguido superar os obstáculos que nos aparecem. Somos
uma boa equipa. A nível pessoal, como qualquer família, focamo-nos no futuro
das nossas filhas, das nossas vidas e aproveitamos todos os momentos para
melhorar.
Se tivessem um conselho
a dar a um jovem empreendedor perante o estado atual da Economia, qual seria?
Delinear uma boa estratégia para o seu negócio, tendo sempre presente a inovação, e, acima de tudo, calcular bem os riscos, definir os seus objetivos e focar-se no seu projeto.
Finalmente, transitando
a nossa entrevista para uma parte mais pessoal, pretendia saber qual é vossa
opinião, o estado atual do setor agropecuário fafense, as suas fragilidades e
suas potencialidades?
Derivado às
políticas implementadas nos últimos anos, o nosso concelho teve um declínio
muito acentuado. Sendo um setor predominantemente de subsistência por parte de
muitos produtores, as exigências tornaram-se quase insuportáveis, levando a que
muitos abandonassem o sector agropecuário.
Este factor abriu portas a um sector
de mercado que não é aquele a que habituámos os nossos clientes. Apesar do
comércio de venda de carne não ter diminuído, a qualidade, essa, é
indiscutível. Fafe tem de dinamizar medidas ambiciosas que possam atrair os
nossos jovens para promover a produção agropecuária e aproveitar os recursos do
nosso concelho.
Finalmente, tenho as
seguintes perguntas e peço, a ambos, uma palavra ou frase de resposta para cada
uma delas:
Adora?
Pedro: Conviver
Marlene: Estar
com a família
Detesta?
Pedro:
Malfeitorias
Marlene:
Falsidade
Descreva o seu dia
perfeito quando não está a trabalhar
Pedro:
Relaxar, um bom passeio pela natureza vem mesmo a calhar
Marlene: Passear
Hobbies?
Pedro:
Jogar futsal entre amigos
Marlene: Caminhar
um destino de férias?
Pedro:
Açores
Marlene:
Repetir uma fugidinha á Disney Paris
Qual é sua música
preferida?
Pedro: Um
bom Fado…
Marlene: Jerusalema
qual foi o filme que marcou?
Pedro: A
série “Presion Break”
Marlene: Coyote
Bar
um livro?
Pedro: Não
sou muito dado a leituras
Marlene: Cinco
dias em Paris (Daniel Steel)
um restaurante preferido?
Pedro:
Vários, principalmente nos nossos clientes.
Marlene: Oxalá Ovar
Prato preferido?
Pedro: Sem
dúvida um bom cozido
Marlene: Feijão
preto com bifinho made in Talho Alvorada.
sobremesa preferida?
Pedro:
Pudim da sogra delicioso
Marlene: Tudo
que for doce
Desporto preferido?
Pedro:
Futebol
Marlene: Caminhadas
Qual é o seu clube?
Pedro: Benfica
Marlene: Sporting
PODE ME PARTILHAR 3
coisas que estão na sua lista de desejos?
Pedro:
Prosperidade, saúde e longevidade
Marlene:
Que acabe o covid, proporcionar um bom futuro para as minhas filhas e saúde
O que representa Fafe para
si?
Pedro: Fafe
representa o meu berço, uma terra de tradições e oportunidades.
Marlene:
Fafe á minha Terra Natal, é o meu lar, e representa uma grande parte da minha
vida, tanto pessoal como profissional.
Se amanhã, fosse um
eleito político concelhio, que medidas no setor económico ou noutro
implementaria em fafe?
Pedro: Não
me revejo de todo na política, mas no entanto acho muito importante apoiar
novos projetos quer a nível social ou empresarial que atraiam investimentos ao
nosso concelho.
Considero muito importante a proximidade das políticas de forma
a perceber o que realmente a nossa sociedade necessita.
Combater ao máximo as
desigualdades sociais e apoiar fortemente qualquer setor dinamizador,
nomeadamente agricultura, indústria, turismo que são na minha opinião bases
para qualquer sociedade se desenvolver e consolidar.
Marlene:
Não aprecio política.
Qual é a sua regra de
Ouro?
Pedro:
Honrar os compromissos
Marlene: Ser
genuína
Há algo mais que gostarias
de dizer, que não foi abordado?
Queremos
realçar que estamos de espírito cheio, pois esta entrevista veio não só abordar
a nossa situação atual, como alertar
para para pensar no futuro e acima de tudo, permitiu reviver o passado e a
forma quanto ele foi enriquecedor para aquilo que fazemos hoje.
De louvar esta
grande iniciativa caro Filipe.