BOM DIA MANUEL, AGRADEÇO – TE POR TERES DISPONIBILIDADE EM PARTICIPAR NESTA ENTREVISTA. EU JÁ TE CONHEÇO A MAIS DE 20 ANOS, E TENHO VINDO A ACOMPANHAR O TEU PERCURSO PROFISSIONAL, COM ORGULHO E AMIZADE, NO ENTANTO, A MINHA PRIMEIRA PERGUNTA É DA PRAXE E É MAIS PESSOAL, E GOSTAVA QUE ME PARTILHASSES AS TUAS ORIGENS, O TEU PERCURSO ESCOLAR E FORMATIVO. ERAS BOM ALUNO? GOSTAVAS DE ESTUDAR? TENS ALGUÉM NA TUA FAMÍLIA OU AMIGOS COMO MODELO EMPREENDEDOR?
Bom dia Filipe, começo por te agradecer o
convite. Nasci em França e 6 anos depois os meus pais emigrados em França
regressam a Portugal e lá vim com eles. A minha infância prossegue em
Quinchães, onde frequentei a escolaridade e depois prossegui os estudos em
Fafe.
Como na altura era “vadio” ou seja, gostava pouco de escola, recebi um ultimato do meu pai, a informar que os “créditos” estavam acabar, então aos 14 anos decido abandonar a escola e ingressar no mercado do trabalho iniciei o meu percurso profissional. A partir daí, foi sempre a trabalhar em diversos sectores, até que em 1991 com 19 anos, criei a minha primeira empresa no ramo do mobiliário de escritório chamada MMP – Equipamentos de Escritório, contudo faço uma pausa à minha veia empreendedora, após ser convidado para Gestor de Clientes na Minolta Portugal, na Filial de Braga, e em 1993 criei a Cadeinor e cá continuamos hoje.
Entretanto durante o meu percurso profissional
frequentei várias formações na área de gestão empresarial, recursos humanos,
gestão financeira entre outros, e em 2017 frequentei um MBA de gestão na
Universidade Fernando Pessoa, no Porto.
Uma parte do meu empreendedorismo herdei do
meu Pai, porque foi um exemplo de determinação, resiliência e superação, sem
dúvida estou-lhe muito grato pelos ensinamentos que me passou, acima de tudo
pelos valores morais, algo que infelizmente muita gente tem perdido.
Como surgiu a ideia de ser empreendedor?
Recordo-me de ler um texto na escola primária, julgo que na 3ª classe, que retratava a história de 3 amigos que construíram uma fábrica, e recorda-me na altura pensar para mim: um dia também vou ter uma fábrica, só não sabia de quê. Portanto aí foi a primeira “vacina” empreendera que apanhei. Claro que com o passar dos anos essa vontade for crescendo, e o facto de pensar sempre fora da caixa, de não me dar bem com a zona de conforto e ambicionar liderar algo, foram os ingredientes para me tornar um empreendedor.
A empresa que diriges
atualmente com um dos teus irmãos, foi criada em 1996, conta-nos mais sobre a
trajetória da vossa empresa até à data de hoje, partilhando-nos as suas
atividades, os seus produtos e serviços e sua dimensão em termos de mercado e
humano.
Exato, foi criada em 1996. A ideia surge a partir de uma visita a uma feira do sector em Madrid, e durante a mesma, encontro um possível parceiro que demonstrou interesse em criar uma filial em Portugal e pensei: Cá esta a oportunidade de criar a fabrica. Na altura avanço com os meus familiares e sem a participação da empresa espanhola, portanto arrancamos sós. Iniciamos num espaço de 50 m2, na garagem de uma casa que os meus pais possuíam onde funcionava a produção e os quartos eram o escritório e showroom. Em 1998 construímos nova fábrica na zona industrial e cá continuamos.
A partir dai fomos evoluindo e construindo o
nosso trajeto. Iniciamos pelo Norte e fomos abrindo distribuidores ao longo do
país. Em 2016 iniciamos a nossa internacionalização na nossa vizinha Espanha.
No entanto queria mais, percebi que para estarmos lá fora, não nos basta fazer
bem, era fundamental perceber como as empresas se organizavam nos seus espaços
de trabalho e quais as tendências. Percebemos então que os espaços de trabalho
pediam ambientes corporativos e que o escritório deixou de ser meramente uma
secretária e uma cadeira, e é nessa altura criamos o nosso departamento de
design a “Inovations develpment Centre”;
conscientes do risco em inovar comportava, mas com a determinação de criarmos
produtos adequados às novas tendências. A partir dai fomos crescendo pela
Europa, e neste momento estamos em pais como a Irlanda, França, Alemanha,
Espanha, Marrocos, Espanha e nos Países Lusófonos.
Estamos certificados segundo a NP EN
ISO9001-2015 (Gestão da Qualidade) desde 2006 e a NP EN 14001-2015 (Gestão
Ambiental) desde de 2016. Também somos PME líder desde 2008 até a data PME
Excelência há 3 anos consecutivos.
Quais são as
dificuldades que encontras na gestão do dia a dia do vosso negócio?
No dia a
dia, as dificuldades são mais do foro estatal. Sem dúvida que o nosso país está
a léguas de distância no que concerne a esta questão, comparando com outros
países da Europa. Excesso de legislação e a todo o momento são alteradas. Não
há uma visão estratégica clara do se pretende a vamos remendando e ajustado as
coisas, sempre que há uma alteração de governo.
Quais são as maiores
satisfações e desilusões que tivestes, até agora, com vossa empresa?
A desilusão e os fracassos, olho-os sempre pelo lado positivo, uma vez que nos ajuda a melhorar e a enriquecer o nosso know-how. Satisfações, sem dúvida as conquistas no mercado externo. Sabes Filipe, estamos numa área de negócio que não temos qualquer cultura no nosso pais, pelo que, cada conquista no mercado externo é uma batalha. É por isso, que cada pequena conquista é vivida com uma enorme satisfação, funcionando também como combustível para continuarmos o trajeto delineado.
Na véspera dos 25 anos
da empresa, quais são os próximos desafios que prevês para a vossa empresa?
Transformar os espaços é também transformar a dinâmica das relações
dentro do ambiente de trabalho, a globalização alterou o mundo corporativo,
nesse sentido é necessário projetar de acordo com as exigências de um contexto
empresarial cada vez mais fluido. Para tal, a Cadeinor investe numa constante
inovação para poder acompanhar as tendências de uma forma sensata. Apostamos em
relações baseadas numa ética informal, antecipando sempre as necessidades dos
clientes. Mantemo-nos construtivamente insatisfeitos, adotando uma estrutura
horizontal como principal fonte de energia, o que nos garante uma constante
inovação. Ambicionamos romper com a rotina diária do ser humano.
Manter a esta trajetória, ou seja, continuar a
nossa afirmação de referência no sector e entrar em novos mercados. Neste
momento a exportação representa 27% da faturação, sendo o objetivo a 3 anos
crescer até aos 50%. Já são mais de duas décadas e
existência, mas queremos continuar a crescer de forma sustentada, investindo
numa inovação constante, para que possamos acompanhar as tendências no sector. Continuar
a apostar em relações baseadas numa ética informal, antecipando sempre as
necessidades dos clientes O foco constante na materialização de produtos
atuais, juntamente com a aposta no desenvolvimento próprio, manter-se-ão os
elementos-chave na definição da nossa identidade e crescimento.
Quais são as
características pessoais mais importantes para a CADEINOR? Isto é, que
importância dás às relações internas e externa na empresa? E para ti como empresário, quais são os
contactos mais importantes? Fornecedores, clientes, pessoas de influência?
O sucesso está na interpretação correta da
palavra pareceria, e neste sentido todos os agentes desde clientes,
fornecedores e os recursos humanos são importantes para a organização.
Como te vês como
pessoa? Como lidas com o fracasso e o sucesso?
Sou uma
pessoa determinada e que não relaxa. Tenho que ter sempre algo para me motivar.
Com o sucesso naturalmente que me faz bem, muitas das vezes serve como alimento
para continuar. Com o fracasso, como disse anteriormente, olho sempre para o
lado positivo, encaro como aprendizagem.
Consegues conciliar, no
teu dia a dia, a vida profissional e pessoal?
Tem dias.
No teu percurso de
empresário, queres partilhar um momento único positivo ou negativo ou até
anedótico que te marcou?
Talvez aquela viagem a Madrid, que me fez
avançar para aquilo que sou hoje enquanto empreendedor.
Se tivesses um conselho
a dar a um jovem empreendedor perante o estado atual da Economia, qual seria?
Se acreditam, força. Determinação e resiliências, dos fatores chave para
o sucesso. No entanto, como
disse um amigo, é preciso saber e sobretudo ter a humildade de aprender.
A crise atual associada
à Pandemia COVID-19, afetou-vos na vossa forma de trabalhar? na competitividade
da empresa, nas relações com os clientes? De forma negativa ou positiva?
Como é obvio afetou tal como a muitos outros. Como
trabalhamos na área de office ainda mais devido a esta nova realidade do
teletrabalho, acaba por afetar-nos, no entanto, infelizmente há outros sectores
que prejudicou muito mais. Resumindo, não nos podemos queixar.
Vamos passar para uma
parte mais pessoal da entrevista, tenho as seguintes perguntas e peço-te uma
palavra ou frase de resposta para cada uma delas:
Hobbies?
Rallyes e Futebol
Local de Férias
preferido?
O meu País
Adoras?
Viver
Detestas?
Hipocrisia
Prato preferido?
Sou um bom garfo.
Restaurante preferido?
Nenhum em concreto.
Desporto preferido?
Todo que envolva motores e futebol
Qual é o teu clube?
FC. Porto
Se não fosses
empresário, eras?
Pois não sei, mas talvez ligado a algo na formação
de crianças.
Se tivesses a
oportunidade de mudar algo no teu percurso profissional, seria o quê?
Não
mudava nada.
O que representa Fafe
para ti?
A cidade onde cresci, onde invisto e claro
onde gosto de viver. e claro um orgulho enorme. Participo em muitas ações muito
em prol desta terra, ajudo muitas instituições porque quero uma cidade com
dinâmica e forte.
Se amanhã, fosses um
eleito político local, que medidas no setor económico ou outro, implementavas?
Talvez uma maior atenção para os agentes
económicos do concelho, e sobretudo um olhar diferente para os jovens
empreendedores e perceber as dificuldades destes. Sem dúvida que a burocracia
deste país é por vezes redutora. Criaria também uma incubadora de empresas.
Qual é a tua regra de
Ouro?
Honestidade
Há algo mais que gostarias
de dizer, que não foi abordado?
Nada mais acrescentar, somente renovar-te o
agradecimento do convite e terminar com duas citações que me motivam:
“Tudo parece impossível até que seja feito”
Nelson Mandela
“O destino é o destino. O resto é comigo”
Miguel Torga
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