segunda-feira, 21 de setembro de 2020

O MITO DOM FAFE


Prosseguindo em terrenos pantanosos, na peugada da verdadeira origem do étimo “Fafe”, depois de contradita a sua origem ornitológica, vamos abordar uma outra questão, por ventura, mal entendida para muitas pessoas.

Frequentemente, perguntam-me: “quem foi Dom Fafe”?

Invariavelmente respondo: ninguém… e passo a explicar.

A designação “Dom Fafe” é erradamente associada a um abastado fidalgo que teria fundado a terra de Fafe, chamado D. Fafes Luz (séc. XII), rico-homem, alferes-mor do Conde D. Henrique, pai do primeiro rei de Portugal.

Após uma pesquisa, chegámos à conclusão que a designação “Dom Fafe” tem, apenas, a sua origem na pequena ave “Pyrrhula pyrrhula”, vulgarmente conhecida por “Dom-Fafe” a partir de 1862, data impensável para o aparecimento do topónimo “Fafe”!

Ao que pudemos apurar, depois de excluída a origem do nome em foco no dito passeriforme, chegámos, sem demoras, à Praça Dr. Oliveira Salazar dos anos 60 do século passado. Aí existiu o extinto Café/snack-bar “Dom Fafe”, cujos promotores batizaram, cientes que não estavam a invocar qualquer nobre de antanho, mas sim o famigerado pisco-chilreiro.

A cidade conserva, por “herança” a designação “Dom Fafe” na “taberna” da rua Dr. António Marques Mendes.

Provado o mito “Dom Fafe”, damos mais um pequeno passo para desvendar o étimo “Fafe” e desmontar ideias feitas.

Vamos agora avançar para o estudo do mencionado Fafes Luz que, para alguns investigadores, está na origem da fundação e do topónimo “Fafe”.

Levantamos uma pequena ponta do véu, deixando aqui uma ideia para reflexão: terá sido o topónimo “Fafe” que originou o antropónimo “Fafes”, e não o contrário…

Até breve.

Jesus Martinho

 


 

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