quinta-feira, 10 de setembro de 2020

FILIPE MAGALHÃES, O “PROFESSOR ”, DO SKATE AO ROCK … E UM CANAL NO YOUTUBE !!!


Filipe Magalhães, Professor, vive em Olhão e nasceu em Fafe, a 24 de Abril de 1977. “Cresci na Ponte do Ranha, ouvi o primeiro disco de vinil - o dos Ramones, que ainda tenho - quando ainda andava na escola primária P3. Aos 14 anos aprendi a tocar guitarra e integrei os Protótipos, que posteriormente se transformaram em S'K. Deixei a banda quando tive compromissos académicos para poder acabar o curso de professor de EVT. Depois de trabalhar 4 anos nos Açores e 1 em Lisboa - sempre na minha área -, fiquei desempregado um ano inteiro. No ano seguinte mudei de área de ensino - para o 1.º ciclo -, rumei ao Algarve e fiquei sempre por Faro e Olhão, até hoje. Entretanto casei e tive um filho. Nos últimos anos tenho lecionado Expressão Musical no 1.º ciclo e mantenho um canal no Youtube chamado «Expressão Musical João da Rosa». Toco guitarra todos os dias.”


MAGALHÃES, EM PRIMEIRO LUGAR, QUERO AGRADECER A TUA DISPONIBILIDADE E AMABILIDADE ACEDENDO PARTICIPAR NESTA ENTREVISTA/CONVERSA. DO SKATE QUE FOSTE E ÉS UM APAIXONADO, AO ROCK, AGORA PROFESSOR A DAR AULAS EM OLHÃO. FOSTE VOCALISTA DOS PROTÓTIPOS E VOCALISTA, COMPOSITOR E FUNDADOR DOS S`K, VERDADE?
Com todo o prazer. Entrei para os Protótipos como guitarrista mas, após a saída do Miguel, que remédio tive senão cantar, atividade a que me dediquei com mais afinco nos S’K. Antes disso, a minha vida era ouvir música e andar de skate na Ponte do Ranha.
FAFE, OLHÃO, LISBOA OU PONTA DELGADA? QUAL MAIS TE IDENTIFICAS? PORQUÊ?
Fafe, sem dúvida nenhuma, por ter aí as minhas raízes, a minha família e os meus amigos. As pessoas conhecem-me e sinto-me muito bem com isso. Ponta Delgada representa a minha emancipação. Em quatro anos que lá vivi fiz muitos amigos, convivi com grandes músicos. Em Lisboa vivi um ano muito louco e conheci a Lúcia, minha esposa e mãe do meu filho. Olhão é a terra onde vivo há já uma dúzia de anos, por razões profissionais. Não a escolhi propriamente, mas sem dúvida que se vive bem aqui. Não tem o stress de Lisboa nem o frio e a chuva de Fafe.
QUAIS AS TUAS PRINCIPAIS REFERÊNCIAS MUSICAIS?
A minha referência é o rock puro e duro, como os Ramones ou os Censurados, culpa do meu irmão Augusto. Ouço muitas outras coisas, umas mais pesadas e outras mais melódicas e tecnicistas, mas o que mexe mesmo comigo é o punk-rock.
QUAIS OS MÚSICOS QUE MAIS TE INFLUENCIARAM?
Por terem sido muitos é difícil nomeá-los, mas talvez o Joe Strummer, o Billy Duffy, o João Ribas, o João Sampayo e, nos últimos anos, o Vítor Torpedo, o guitarrista português que mais admiro.
QUAL A TUA OPINIÃO DA MÚSICA QUE SE FAZ NA ACTUALIDADE?
Há uma oferta muito maior, mas nem por isso mais diversificada. Gosto muito dos Idles. Se comparar uma playlist atual com o que se ouvia há 20 ou 30 anos, uma coisa é certa: as letras têm vindo a piorar.

  

FOSTE FUNDADOR DOS S`K, COMPOSITOR, GRANDE COMPANHEIRO E AMIGO. RECORDO-ME QUE UM DOS PIORES MOMENTOS DA MINHA PASSAGEM NOS S`K, E QUANTO A MIM UM DOS PIORES MOMENTOS DA BANDA, FOI O DIA QUE DECIDISTE NÃO SEGUIR PARA UM PROGRAMA TELEVISIVO “PRAÇA DA ALEGRIA – RTP”, PARA PODERES SEGUIR OS TEUS CAMINHOS PROFISSIONAIS, E DAÍ RESULTOU O TEU ABANDONAR DA BANDA, ESSA DECISÃO FOI NA NOITE ANTERIOR AO PROGRAMA QUE ERA LÍDER DE AUDIÊNCIAS NA ALTURA. CERTO É QUE NEM EU NEM NENHUM DOS ELEMENTOS PRESENTES, NUNCA RECONHECEMOS ESSA SAÍDA, ESTAVAS SEMPRE LÁ … É ENGRAÇADO, AINDA HOJE, NA RUA, NO CAFÉ, NAS REDES SOCIAIS, APERCEBO-ME DE MUITA GENTE A PERGUNTAR-TE PELA BANDA, PELAS TUAS MÚSICAS, QUANDO O REGRESSO DOS S´K AOS PALCOS, COMO QUE NUNCA TIVESSES SAÍDO, COMO EXPLICAS ISSO?
Na realidade também nunca senti que saí, até porque o nosso conceito sempre foi «família S’K» e da família não se pode sair. Na altura senti que «emprestei» o microfone ao Slash, o que até correu bem porque ele cantava melhor do que eu. Penso que, quando as pessoas me perguntam pela banda, se estarão a referir aos Protótipos ou, no máximo, ao início dos S’K, quando éramos só três e ainda cantávamos em português. É dessa altura que têm mais saudades. E eu também.
SONHAR?
Sem limites.
“DESTINOS”?
Não controlamos.
ASA DE PORCO?
É a loucura total.
JÁ ENCONTRASTE TODAS AS PEÇAS, DO “PUZZLE” DA TUA VIDA?
Sem dúvida nenhuma. Há muitos anos. Às vezes mudo é a moldura.
AMANHÃ É OUTRO DIA?
Sempre a metamorfosear.


CORONA VIRUS É?
A prova de que as coisas podem sempre descambar quando menos se espera.
COMO TENS PASSADO ESTES MESES EM CONFINAMENTO?
Tentando controlar todos os momentos da melhor forma que sei e posso. Sinto-me um privilegiado porque não sofri nenhum corte salarial. O mesmo não se pode dizer da maior parte dos nossos colegas que vivem da música. Da música e não só. Como sociedade, penso que podíamos ser mais solidários com quem perdeu rendimentos por causa do confinamento.
A POSSIBILIDADE DE SERES INFECTADO ASSUSTA-TE? ATÉ QUE PONTO?Claro. Assusta-me tanto a possibilidade de ser infetado como a possibilidade de ser assintomático e infetar inadvertidamente outras pessoas. Tento sempre tomar medidas preventivas, na medida do possível.
PROTÓTIPOS?
Nostalgia.
S´K?
Uma tentativa de subir a parada. Também aumentámos a «família» e isso foi muito positivo. Pisámos palcos inesquecíveis.
O PALCO TRAZ FELICIDADE? O QUE PODE ESTRAGAR A FELICIDADE EM PALCO?
O que traz a felicidade é o processo completo. A composição é muito íntima. Os ensaios são pessoais, introspetivos. As viagens são sempre divertidas. O palco traz felicidade, claro, principalmente quando partilhado com as pessoas certas. Poucas coisas podem estragar a felicidade em palco. Já acabei um concerto com quatro cordas partidas – no polivalente da secundária de Fafe - e adorei. O rock é uma questão de atitude, não de drama.
UMA HISTÓRIA DE BACKSTAGE, QUE TE RECORDAS ASSIM À PRIMEIRA… E QUE NOS QUEIRAS CONTAR?
O Chico, só para me picar, gosta sempre de me recordar o dia em que, por estarmos chateados, não viajei com a banda para um concerto na vila de Tábua e cheguei lá de boleia num camião, depois de apanhar um autocarro em Fafe e dois comboios até Santa Comba Dão. Na altura não havia telemóveis, pelo que ninguém sabia se o concerto iria acontecer. Nem eu. Mas aconteceu e correu muito bem. Com muita raiva, como se quer o rock. Depois fizemos as pazes e fomos todos para cima.


QUAL FOI O ÚLTIMO CONCERTO A QUE ASSISTISTE, ANTES DO CONFINAMENTO?
Foi no Cineteatro Louletano, a banda do filme «Variações» que, basicamente, são os Balla com o ator Sérgio Praia a cantar. Muito bom, emocionante.
A PRIMEIRA AULA?
Não percebia o que os meus alunos me diziam, que lá em S. Miguel a pronúncia é complicada.
A ÚLTIMA AULA?
Antes do confinamento? Foi numa escola muito bonita, em Marim, Olhão, com vista para a Ria Formosa.
ADORAS?
A paz.
DETESTAS?
A hipocrisia.
APAIXONADO VAIS ATÉ ONDE?
Onde for preciso.
GOSTAS DE FUTEBOL? QUAL O TEU CLUBE?
Gosto de desporto em geral. Para mim o futebol é apenas mais uma modalidade. Desde a escola primária que apoio o FCPorto e a ADFafe, mas a equipa que me põe fora de mim é a seleção. Fico selvático, irreconhecível. Hoje em dia apoio o Clube Oriental de Pechão, mas é no atletismo.
ACREDITAS EM DEUS?
Sou desinteressado na matéria.
SKATE?
Debaixo dos pés, sempre que possível.
UMA VIAGEM DE SKATE?
Ao pseudo-skatepark de Fafe é que não!
FAFE É?
Uma terra com mais de cinco séculos de história onde, de vez em quando, acontecem coisas extraordinárias.
AOS TEUS AMIGOS DIZES, VISITA FAFE PORQUE?
Porque temos muita história, a melhor vitela assada, a mais bonita praia fluvial e muito, muito monte, muita natureza intacta.
MUITO OBRIGADO PELO TEMPO E CARINHO DEDICADO AOS NOSSOS LEITORES, UMA MENSAGEM PARA ELES?
Protejam-se do bicho e apoiem o comércio local, que bem precisa.


VIDEO: 

S´K | SEMANA ACADÉMICA | FAFE 

 

Paulo Matos

Fotos de: 
Filipe Magalhães| AlienRecords 
Jornal de Fafe | 10/09/2020


 

2 comentários:

  1. Parabéns Jornal de Fafe, Filipe Magalhães e Paulo Matos.
    Gostei.

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  2. Adorei conhecer o teu percurso...boas memórias de início de carreira em Ponta Delgada...na E.B.2 Roberto Ivens. Saudades do tempo em que se trabalhava assim.

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