A casa do Santo Velho, localizada na Avenida das Forças Armadas, em pleno centro da cidade, é a mais antiga da cidade. A sua construção remonta ao século XVII.
Até 1698 a casa pertencia a Manuel Rodrigues
dos Santos e sua mulher Rosa dos Santos de Sampaio e Melo. Nesse mesmo ano, em
20 de Abril, uma renovação de prazo feita pelo Mosteiro da Costa em Guimarães,
reconheceu João dos Santos como legitimo herdeiro da Casa do Santo.
Este interessante conjunto
arquitectónico de características solarengas, foi sede de um conjunto de
quintas que ocupavam uma vasta área que, aos poucos, durante o século XX, a
expansão da urbe foi ocupando com a abertura de novas artérias onde se
construíram prédios, casas e estabelecimentos de ensino preparatório e
secundário.
A casa do Santo Velho, assim
designada após a construção da casa do Santo Novo (actual Casa Municipal de
Cultura) em 1869, foi propriedade de um dos mais abastados homens do concelho
de Fafe no século XIX, José Leite Pinto de Saldanha e Castro.
O conjunto arquitectónico do Santo
Velho desenvolveu-se pelo corpo central em “L” com dois pisos: o inferior,
outrora ligado à produção agrícola, com cozinha dotada de uma imponente chaminé
de tradição minhota e o piso nobre para habitação.
Segundo o investigador Luís Gonzaga
Ribeiro Pereira da Silva, estas armas têm origem na Casa de S. Nicolau de
Basto: “De um antepassado que teve Carta de Brasão, na qual constavam estes
apelidos”.
Em finais do século XIX, encostada ao
lado exterior da fachada principal, prolongada por um muro ameado, foi
construída uma pequena capela, pertencente à casa, dedicada a Nossa Senhora do
Carmo, de linhas simples. A fachada tem porta e janela de arcos plenos que são
encimadas por um frontão triangular com um pequeno brasão religioso no meio do
tímpano.
A casa do santo Velho foi
classificada como Imóvel de Interesse Público em 1986.
NOTÍCIA GENEALÓGICA
A casa do Santo Velho é indissociável da sua homónima Nova.
Desde a segunda metade do século XIX
ambas estiveram intrinsecamente ligadas à história de várias gerações de uma
numerosa e nobre família que, em muitos momentos influenciou a própria história
local de Fafe.
Deixamos aqui a transcrição integral
da “Notícia Genealógica” publicada no 1º número dos Cadernos Culturais da
Câmara Municipal de Fafe em 1986.
“A casa
antiga brasonada do Santo, hoje denominada do Santo Velho, remonta aos finais
do século XVII, sendo a sua origem conhecida já em 20 de Abril de 1698 quando o
Mosteiro da Costa em Guimarães renovou um prazo do Santo, em Fafe, a João dos
santos, solteiro, que herdara de Manuel Rodrigues dos Santos e mulher Rosa dos
Santos de Sampaio e Melo. Uma filha deste casal, D. Rosa dos Santos de Sampaio
e Melo, casou com Francisco Ventura de Abreu Bacelar Sousa, o qual era oriundo
da Casa Nobre da Fonte da Breia, em S. Nicolau, Cabeceiras de Basto. Na
descendência destes conta-se D. Maria Barbara de Abreu Bacelar, que em 1797
casou com Jerónimo Tomás de Castro Abreu e Magalhães, da Casa do Casal em S.
Nicolau, Cabeceiras de Basto.
Deste
matrimónio nasceu em 1800 uma filha, Leonor de Castro Abreu e Magalhães, a qual
casou com António Leite Pinto Saldanha de Miranda, viúvo, da Casa de Ambrões,
freguesia de S. Jorge da Várzea, em Felgueiras. Em 1827, deste matrimónio
nasceu José Leite Pinto Saldanha de Castro, que casou com sua prima direita D.
Maria dos prazeres de Castro Abreu e Figueiredo. Deste enlace nasceram nada
menos de 19 filhos. O fidalgo José Leite, vendo aumentar a família e que a casa
do Santo Velho era pequena, resolveu construir a majestosa Casa do Santo Novo
que ficou concluída em 1869.
O 1º filho
que ali nasceu foi o Dr. José Leite Saldanha de Castro que em 1907 casou com D.
Maria das Dores de Meireles Teixeira Coelho, da Casa do Campo, em Molares,
Celorico de Basto.
E por ele
haver tocado em partilhas metade da Casa do Casal da Breia, em S. Nicolau de
Basto, foi para ali residir, onde faleceu a 10 de Junho de 1940. Deixou 8
filhos vivos: 3 tinham morrido em criança.
A filha mais
velha de José Leite Pinto Saldanha de Castro e de D. Maria dos Prazeres foi a
D. Lucrécia Júlia Leite de Castro que casou, no oratório da Casa do Santo Novo
em 1977, com António Ferreira da Silva Brito, 1º Visconde da Ermida.
As casas do
Santo, quintais e quintas anexas ficaram em herança ao filho Padre António e
filhas solteiras de José Leite Pinto Saldanha de Castro e esposa, dos quais em
1923 apenas sobreviviam 0 Dr. José Leite, Fernando de Castro Abreu e Leite, D.
Maria dos Prazeres Leite de Castro e D. Emília Augusta Leite de Castro.
Mais tarde,
a Casa do Santo Velho e boa parte da do Santo Novo ficaram a pertencer à irmã
mais nova, D. Emília Augusta Leite de Castro, que casou em 1926 com o Dr. Carlos
Morais de Miranda.
Em
testamento, D. Emília Augusta Leite de Castro, falecida em 1954, deixou o
usufruto da Casa do Santo Velho a sua sobrinha D. Lucrécia Ferreira da Silva
Brito e a raiz a suas segundas sobrinhas D. Maria José, D. Maria Fernanda e D.
Maria Helena Pinto da Fonseca Ferreira da Silva Brito, filhas do eng.º António
Ferreira da Silva Brito, 2º Visconde da Ermida. Em 1980, faleceu a filha mais
nova, D. Maria Helena, tendo ficado portanto desde aí a Casa do Santo Velho a
pertencer às outras duas irmãs, D. Maria José e D. Maria Fernanda Pinto da
Fonseca Ferreira de Brito. Só esta última casou e teve 3 filhos.
A Casa do
Santo Novo e os quintais anexos, com cerca de 20.000m2, após a morte de D.
Emília Augusta Leite de Castro ocorrida em 1954 na mesma casa, foram vendidos à
Câmara Municipal de Fafe, para aí ser construída a Escola Técnica.
A compra foi
efectuada em 1958 pelo então presidente da Câmara, prof. Manuel Cardoso.
A Casa do
Santo Velho tem um importante portão encimado pelo brasão com as armas de
Ribeiros – Queirós e Vasconcelos.
Tinha estes
apelidos D. Joana Cândida, 1ª esposa do citado António Leite Pinto Saldanha de
Miranda.
É curioso
referir que, para efectuar uma grande reparação na Casa do Santo Velho, José
Leite Pinto Saldanha de Castro recebeu um conto e duzentos mil réis de seu tio
e tio de sua mulher, Fernando de Castro Abreu e Magalhães, o qual declarou em
1856 lhe perdoaria a divida logo que ficasse concluída a Casa do Santo Novo,
localizada no “sítio da Quebrada”.
Dos dois
casamentos deste Fernando de Castro há numerosos descendentes: da Casa de
Cabeça de Porca, em Felgueiras; e de bastantes ramos brasileiros”.
Jesus
Martinho
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