JORNALdeFAFE: EL SEÑOR – TOUR EUROPEIA “ANULADA” PELO CORONA VIRUS

EL SEÑOR

... "encontrámos um sítio, chamado “o bar”, com luzes vermelhas e música alta ... batemos à porta e deixaram-nos entrar ... era uma casa de alterne." ...

EL SEÑOR

FOMOS CONHECER MELHOR O “MUNDO” DOS EL SEÑOR … COM POUCO MAIS DE 4 ANOS DE EXISTÊNCIA, ESTA BANDA FAFENSE, FOI RECENTEMENTE OBRIGADA A CANCELAR A PRIMEIRA TOUR EUROPEIA DEVIDO AO CORONA VIRUS, ASSIM COMO TODA A PROMOÇÃO AO SEU NOVO TRABALHO. GUILHERME PINTO DOS SANTOS, FUNDADOR, GUITARRISTA E VOCALISTA DOS EL SEÑOR, AJUDOU-NOS A PERCEBER QUASE TUDO … GUILHERME QUERO AGRADECER A TUA DISPONIBILIDADE E AMABILIDADE ACEDENDO PARTICIPAR NESTA ENTREVISTA/CONVERSA. QUEM SÃO OS EL SEÑOR?

De nada, Paulo. É um prazer. Os El Señor sou eu, o Vitor e o Duarte. Somos de Fafe.

FORMARAM-SE EM 2016, EM 2017 JÁ ESTAVAM NA COLECTÂNEA NOVOS TALENTOS FNAC 2017, VERDADE? COMO REAGIRAM A ESSA SELECÇÃO?

Verdade. Ficamos contentes. Para uma banda que tinha acabado de nascer acabou por ser um meio de divulgação do nosso trabalho para um público mais abrangente.

COMO DEFINES OS EL SEÑOR?

Um power-trio de amigos do rock.

O "VOSSO SOM" QUANTO A MIM, É UM ROCK SIMPLES, DIRECTO, MUITO FACIL DE OUVIR E DE SE GOSTAR... NOTO QUE COM O TEMPO A BANDA AMADURECEU BASTANTE… QUAIS AS DIFERENÇAS DOS EL SEÑOR DE 2016 PARA OS EL SEÑOR DE 2020?

Tivemos bastantes concertos com o primeiro trabalho e já havia uma vontade de fazer a coisa soar um pouco diferente. Entretanto, entrou para a banda um baixista novo, o Duarte, e o disco novo acabou por já ser composto e gravado com ele. Apesar de mantermos uma certa identidade, a sonoridade mudou.

SEI QUE JÁ PERCORRERAM O NOSSO PORTUGAL, PODES CONTAR-NOS OS LOCAIS (QUE TE LEMBRAS, CLARO!!!!) POR ONDE JÁ PASSARAM? QUAL O QUE MAIS GOSTASTE ?

Passámos por muitos. Só não passámos a fronteira do Algarve. Há muitos locais especiais, é difícil escolher um. No geral somos muito bem tratados.

MARCARAM PRESENÇA EM VARIOS FESTIVAIS, SEI QUE PARTICIPARAM NO VODAFONE MEXEFEST, ENTRE OUTROS PELO PAÍS, COMO CLASSIFICAS ESSES FESTIVAIS?

Festivais dessa dimensão acabam sempre por ser importantes para as bandas, pela força e o espaço de antena que têm. A questão passa, dentro desses festivais, por adoptarem um equilíbrio na selecção da programação, falando do espaço que se dá a bandas portuguesas e internacionais.

ÉS O VERDADEIRO LIDER?

Só somos três, não há líder. Entendemo-nos todos bem. Falamos a mesma língua, a do rock.

QUAIS OS MÚSICOS QUE MAIS TE INFLUENCIARAM?

Beatles.

QUAL A TUA OPINIÃO DA MUSICA QUE SE FAZ NA ACTUALIDADE?

Falando de Portugal, para diminuir a questão, acho que se faz música muito boa.

ALVORADA BEAT?

A nossa primeira sala de ensaios era numa casa que o Vitor tem na zona da Alvorada. Surgiu daí o nome para o nosso EP de estreia.

DRAGGING SMILES?

É sobre uma personagem que eu inventei que arrastava sorrisos forçados. Estou a tentar lembrar-me mas já não sei muito bem o que aquilo quer dizer.

THIS CITY?

Sobre lidar com uma mescla de sentimentos em Fafe.

CORONA VIRUS É ?

Está a ser chato.

COMO TENS PASSADO ESTES MESES EM CONFINAMENTO?

A passear, em casa, ou a trabalhar.

A POSSIBILIDADE DE SERES INFECTADO ASSUSTA-TE? ATÉ QUE PONTO?

Sim, não gosto de ficar doente.

OS EL SEÑOR FORAM SELECCIONADOS PARA A FINAL DO VODAFONE BAND SCOUTING, CONTA-NOS UM POUCO DESSA AVENTURA?

Concorremos com uma música chamada “Another Time”, com um vídeo feito à pressa na sala de ensaios. Acabámos por ser seleccionados para a final, com outras 5 bandas. A final foi na estação de metro da Alameda. Estava muito nervoso, foi o segundo concerto que dei na vida. Na altura até tínhamos teclista, o Zé Pedro, baterista dos Jepards. Foi engraçado. Não ganhámos, mas foi importante para nós pela publicidade e visibilidade que aquilo deu à banda. Foi graças ao Band Scouting que o pessoal da Pointlist, por quem somos agenciados, reparou em nós.

UMA HISTORIA DE BACKSTAGE, QUE TE RECORDAS ASSIM Á PRIMEIRA … E QUE NOS QUEIRAS CONTAR ?

Tivemos um concerto e saímos tarde da sala. Depois fomos beber um copo mas os bares fecharam pouco depois. A caminho do quarto encontrámos um sítio, chamado “O Bar”, com luzes vermelhas e música alta. Batemos à porta e deixaram-nos entrar. Era uma casa de alterne.

ADORAS?

Os meus amigos.

DETESTAS ?

Os meus amigos.

O PALCO TRAZ FELICIDADE ? O QUE PODE ESTRAGAR A FELICIDADE EM PALCO?

Não sei, acho que nunca me chateei em palco.

GOSTAS DE FUTEBOL? QUAL O TEU CLUBE?

Gosto de futebol mas não me chateio com isso. Sou do Futebol Clube do Porto.

ACREDITAS EM DEUS?

Não tenho esse hábito.

FAFE É?

Hollywood.

SE FOSSES UMA “ACTOR” POLITICO EM FAFE, O QUE FARIAS EM PRIMEIRO LUGAR? E EM SEGUNDO LUGAR?

Lutava por nomear uma direcção artística para o Teatro Cinema de Fafe. Em segundo lugar, lutava por nomear uma direcção artística para o Teatro Cinema de Fafe. Uma equipa independente que criasse uma linha, um plano, e uma programação que conferisse ao Teatro um sentido, por si só, mas também pela maneira como ele se iria relacionar com a comunidade, a cidade e o Minho. Não há um hábito cultural sério, em Fafe, e não o há talvez porque a cultura e a divulgação artística nunca foram tratadas de forma séria. Nunca foram muito pensadas, concluo. É fácil pagar e encher o Cine-Teatro com um nome conhecido. Não é fácil construir um caminho identitário ao nível da programação cultural, dentro das várias expressões artísticas. Para mim é impensável que, tantos anos depois do restauro do teatro, não seja uma prioridade dar uma direcção a um espaço e a um edifício com aquelas condições. É um desperdício de uma infra-estrutura incrível e histórica.

AOS TEUS AMIGOS DIZES, VISITA FAFE PORQUE?

Normalmente digo aos meus amigos para virem a Fafe quando há eventos da Malfeito. É uma promotora cultural da cidade da qual orgulhosamente faço parte e que, modéstia à parte, já fez muito pela agitação artística da cidade.

MUITO OBRIGADO PELO TEMPO E CARINHO DEDICADO AOS NOSSOS LEITORES, UMA MENSAGEM PARA ELES?

Protejam-se e apoiem os artistas independentes. Comprem discos, por exemplo. Ou t-shirts. Quando isto acabar, apareçam em concertos, teatros e em salas de cinema sem pipocas.

El Señor

Os El Señor formaram-se, em Fafe, no Verão de 2016. Num formato power trio, Guilherme Pinto dos Santos (guitarra e voz), Vitor Silva (bateria) e Michel Oliveira (baixo) juntaram-se para fazer música com uma atitude descomprometida e despreocupada. O interesse, na época, era o de fugir às rotinas de uma pequena cidade do interior do Minho. Rapidamente se notou uma sintonia entre os elementos e concluíram um punhado de canções num curto espaço de tempo. Atacando as ideias com uma simplicidade que acabaria por estabelecer a sonoridade da banda para o trabalho vindouro, deram o salto para o palco um mês após a formação. Umas semanas depois, concorrem ao Vodafone Band Scouting, um programa de apoio a bandas emergentes, entretanto extinto. São seleccionados para a final, o que lhes conferiu uma visibilidade considerável entre agentes culturais, editoras e promotoras do meio. Veem também o tema Dragging Smiles integrar a colectânea Novos Talentos FNAC 2017. Em 2017, estrearam-se com Alvorada Beat, um EP directo e eficaz de “rock n’ roll despretensioso” e despenteado. Havia ócio e cheiro a mar, mas também inquietações e gritos ao aborrecimento e ao desprazer, ao tédio dos lugares em que se demoram e dos quais querem sair. Percorreram o país e marcaram presença em festivais como Vodafone Mexefest, Party Sleep Repeat, Mucho Flow, Black Bass ou Gliding Barnacles. Após uma pausa, que terminou com a entrada de Duarte Oliveira para o baixo, a banda sofreu uma notável mudança de direcção, evoluindo para um som mais maduro e pensado. Editou, no final de 2019, o álbum de estreia Suburbs of Joy, marcado por uma sonoridade mais crua e intensa. A pandemia pelo novo coronavírus acabou por afectar directamente os El Señor, apanhando a maior época de promoção do novo trabalho. A banda viu-lhe serem cancelados todos os concertos de verão e uma tour europeia, em Setembro. Esta última, iria constituir a estreia dos El Señor na Europa.