terça-feira, 10 de novembro de 2020

FRONTEIRAS OU HORIZONTES

Às vezes não temos forma de ver, senão olhando. Às vezes não temos forma de crescer, senão passando os nossos limites. Às vezes só temos forma de evoluir, explorando além da nossa fronteira. E há tanto por descobrir, quando temos o arrojo e a coragem para dar o primeiro passo. Fafe tem 6 concelhos vizinhos! Meia dúzia de locais cheios de oportunidades e prontos para gerar valor. Senão vejamos. Guimarães, património mundial com cerca de 80.000 turistas/ano, no tribunal ou ao hospital grande parte dos recursos humanos são de Fafe, excelentes vias de circulação, mercado têxtil. Projetos em comum? Rodamos o mapa em direção ao sul, Felgueiras, polo industrial do calçado, zona privilegiada para aproveitamento de sinergias… o que se tem feito além do projeto extenso, burocrático e protelado do Parque Industrial de Regadas? Circulamos na rosa dos ventos e a Oeste, Cabeceiras e Celorico de Basto dão-nos a porta de acesso ao interior do país, com a sua peculiar ruralidade, tradição, aventura e natureza. A norte, Vieira do Minho, um sem mundo de possibilidades, com a nossa montanha a ter entrada direta para o único Parque Natural do país. Ao lado, Póvoa de Lanhoso, um município que tem sabido trabalhar bem o empreendedorismo e o desenvolvimento económico. E o que fazemos nós com as fronteiras que nos desenham? Que traços nos unem, que projetos nos podem potenciar como região? Se estamos à espera das comunidades intermunicipais ou das estruturas burocráticas e pesadas, desenhadas num papel da capital e que não se evidenciam no terreno, não poderemos nunca aproveitar o que está além da nossa vista. É preciso sair da caixa literalmente e seja sentado no baloiço de Freitas, na margem do rio Vizela, no largo da igreja de Arões, no alto do moinho de Aboim ou a pescar trutas em Seidões, é preciso largar os gabinetes e sentarmo-nos ao lado dos autarcas vizinhos, para perceber como apagar as linhas que nos dividem e traçar as linhas que nos promovem. Com visão! Porque onde muitos ainda vêm fronteiras, outros já vislumbram horizontes.

Clara Paredes Castro





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