A ponte de Paços, como estrutura de cantaria (pedra grande esquadriada), já existia no século XVIII. Em 1758, nas Inquirições Paroquiais, é referida uma travessia sobre o Rio Vizela na freguesia de S. Vicente de Paços.
«… Tem mais a ponte chamada de Passos que hé de padieiras de pedra…»
Relatou o vigário Jozé de Freitas Villas Boas em 14 de Maio
de 1758, respondendo ao inquérito mencionado.
Em um outro Inquérito Paroquial datado de 1842, o abade
António Luiz da Cunha Vieira, relativamente ao rio em S. Vicente de Paços,
escreveu: «Há um rio que terá de largura 20 varas (22 metros) chamado Vizela e
de profundidade, em partes, 3 varas (3, 30 metros) tem duas pontes chamadas de
Passos, feitas em padieira…».
Pela imprensa local dos finais do século XIX, sabemos que a
estrada entre Fafe e Póvoa de Lanhoso já estava aberta até ao lugar de
Requeixo, Travassós, em 1893.
Só em 1905 a estrada ficaria transitável até à Póvoa de
Lanhoso. Dois anos depois, em 1907, seria terminado o “empedramento” (pavimento
em macadame).
Desconhecemos, até à data, qualquer referência à construção da
ponte de Paços. Com certeza, sabemos que em meados do século XVIII já ali existia
uma passagem em cantaria sobre o rio Vizela.
Acreditamos, porém, que a referida passagem tem uma origem
mais recuada; admitimos a hipótese de ali ter existido um pontão ou poldra
medieval, dada a importância e densidade populacional daquela parcela de
território, desde, pelo menos, o século XIII.
Também é possível, que em determinado momento tenha sido ali
construída uma passagem em madeira.
Os elementos disponíveis são muito escassos e, de facto, não
é possível conhecer com exactidão a origem daquela importante passagem sobre o
rio Vizela.
Como acontece na grande maioria das pontes históricas, também
a ponte de Paços sofreu ao longo do tempo algumas alterações, chegando aos
nossos dias com uma arquitectura que nos parece poder ser enquadrável no
momento da abertura da estrada em direcção à Póvoa de Lanhoso, na primeira
metade do século XIX.
Naquela época, a ponte foi certamente alvo de obras de
beneficiação que teriam alterado a estrutura do século XVIII, aproveitando,
porém, em boa parte, elementos preexistentes.
Estamos portanto perante uma ponte histórica herdeira de uma
passagem ancestral sobre o rio Vizela, reconstruída há mais de uma centúria e
meia.
A famigerada ponte de Paços é portanto património que deveria
ser conservado como um testemunho histórico oitocentista com reminiscência
ancestral.
Inconformada com a perda, a Junta de Freguesia de Paços
providenciou a guarda de elementos da ponte, que serviram para a construção de
um memorial que abordaremos proximamente.
Jesus Martinho
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