domingo, 11 de outubro de 2020

“UM OUTRO OLHAR” – LUÍS FERREIRA, UM PROFESSOR DE DESPORTO QUE SE TORNOU EMPRESÁRIO MULTIFACETADO



BOM DIA CARO LUÍS, AGRADEÇO – TE POR TERES DISPONIBILIDADE EM PARTICIPAR NESTA ENTREVISTA. JÁ NOS CONHECEMOS A ALGUNS ANOS E PARA MIM, SERÁS SEMPRE O PROFESSOR DE DESPORTO SEMPRE DISPONÍVEL, COMPETENTE E A ESCUTA DOS SEUS ALUNOS, ENTRRE OUTRAS A MINHA FILHA; MAS NOS ÚLTIMOS ANOS ABRAÇASTES A CARREIRA EMPRESARIAL COM SUCESSO. A MINHA PRIMEIRA PERGUNTA É DA PRAXE E GOSTAVA QUE ME PARTILHASSES AS TUAS ORIGENS, O TEU PERCURSO ESCOLAR E FORMATIVO. ERAS BOM ALUNO? GOSTAVAS DE ESTUDAR? TENS ALGUÉM COMO MODELO EMPREENDEDOR?

Olá Filipe! Muito obrigado pelo convite.

Sou natural de Fafe, fiz todo o meu percurso escolar e académico em Fafe, tal como toda a minha caminhada desportiva. Custa-me muito despedir-me de algo, e o trajeto que tive no Andebol Clube, fez com que me identificasse muito com Fafe e a defender sempre as nossas cores.

Podia ter estudado em Vila Real, Porto, Braga, mas o amor que tinha ao Clube, amigos e família (o meu suporte para tudo) foi sempre maior, tive oportunidade de ser professor na Madeira e continuar a prática de andebol na ilha, mas pelos mesmos motivos, nunca pensei abandonar concretamente a nossa terrinha. É aqui que eu sou feliz.

Como aluno não era exemplar, nunca mal comportado mas exageradamente malandro… o mais importante é que fui sempre feliz e não me arrependo de nada.

Como modelo, tive sempre os meus pais, talvez não sejam visto como empreendedores, mas abriram a primeira discoteca na zona norte (1001). A dedicação, disponibilidade, empenho e sobretudo a sua honra, eram notados dia após dia em tudo o que faziam. O valor que davam à família e saber que trabalhavam apenas para o nosso melhor, fizeram com que sejam para sempre os meus modelos (nem será preciso mencionar o valor que têm como pais).


Como surgiu a ideia de ser empreendedor/empresário?

Talvez todos nós temos algo de empreendedor ou vontade de criar algo, mas o medo por vezes é maior do que tudo. Nasci e cresci em cafés e sempre disse que não iria ter a vida dos meus pais, prisioneiros do trabalho, mas por coincidência caí no mesmo erro.



Criastes a tua empresa em 2015, com o nome comercial de “Café com Letras”, conte-nos mais sobre a trajetória da empresa até à data de hoje, partilhando-nos as suas atividades e os seus produtos e serviços

Quando abrimos o Café com Letras em  2015, mais concretamente dia 8 de julho, o conceito idealizado pouco é parecido com o que temos hoje.

Eram duas partes distintas, divididas de igual forma entre café e livraria. Com o desnível de faturação entre livraria e café, fui ampliando a área do café e diminuído a parte da livraria.

Para compensar, esta diminuição de clientes na parte da livraria que integra também papelaria e tabacaria, encetei contactos com o chefe de loja CTT em Fafe para uma pequena parceria, a qual foi imediamente negada. Como faz parte de mim não desistir, contactei o diretor da zona Norte que me disse que ia pensar no assunto. Um ano depois, assinei contrato como posto CTT. Neste momento, ser posto CTT é uma mais valia para o nosso espaço.

O café também crescendo lentamente, passando de 48 lugares sentados para 140.

Num espaço só temos: Cafetaria, Restaurante, gelataria, papelaria, livraria, tabacaria e posto CTT, que se desdobram por “mil e um serviços”.


Quais são as dificuldades que encontras na gestão do dia a dia do teu negócio que cresceu e que se tornou familiar ao longo dos anos?

A maior dificuldade são sempre as relações pessoais e a “mistura” entre pessoal e profissional. Trabalhar com família e amigos dá uma sensação de segurança enorme, em que na maior parte das vezes podes sair sossegado, mas em certas situações a mensagem não passa ou não é dada conforme devia ser devido às relações existentes.

 


Quais são as maiores satisfações e desilusões que tivestes desde 2015 com tua empresa?

A maior satisfação é trabalhar ainda com quase todos que me ajudaram a abrir o espaço.

A maior desilusão foram estes meses recentes de pandemia, que abanaram e muito com a estabilidade que a empresa evidenciava.

 

Quais são os próximos desafios para a tua empresa?

O desafio é sempre adaptarmo-nos ao dia a dia e dar qualidade à variedade de serviços que oferecemos.

O desafio a que me propus desde que abri, é ser mediador de Jogos Sociais do Estado.



Como te vês como pessoa? Como lidas com o fracasso e o sucesso?

Sou determinado, teimoso, homem de palavra, não vivo obcecado com a perfeição mas procuro sempre ser melhor dia após dia, tal como quero sempre o melhor para mim e para os meus.

Não consigo viver com o erro e não durmo enquanto não “consertar” tudo.

O fracasso e o sucesso fazem parte das nossas vidas, não dramatizo se algo fracassou nem me ilumino com o sucesso. Retiro sempre aspetos positivos de todas as aprendizagens.


Consegues conciliar, no teu dia a dia, a vida profissional e pessoal?

Trabalhar 13 a 14 horas por dia, arruína a tua vida familiar. Tenho a certeza que terei esta vida por muitos anos, quero estar com a minha família mais do que duas hora por dia. Até agora a minha família tem-me apoiado muito, mas há dias que a minha mulher e as minhas filhas me querem em casa, porque têm saudades. Partem-me o coração. Daí, eu anteriormente ter referido que não ia cometer o erro dos meus pais, ISTO É UMA PRISÃO.



Se tivesses um conselho a dar a um jovem empreendedor perante o estado atual da Economia, qual seria?

O mesmo que a minha mãe me deu: “és muito novo, tens tudo para dar certo. Se correr mal, tens `muito tempo pela frente para dar a volta à situação”.

São nestas alturas de crise que aprecem as melhores oportunidades, se tens um projeto bem delineado e achas que darás a consistência necessária, só tens que avançar.

Filipe, por vezes criar não é problema, difícil é arranjarmos parceiros estratégicos tal como as grandes empresas fazem.

 

A crise atual associada à Pandemia COVID-19, afetou-te na tua forma de trabalhar? na competitividade da empresa, nas relações com os clientes? De forma negativa ou positiva?

Julgo que a pandemia só nos trouxe aspetos negativos. Além de perdas enormes que impossibilitam o crescimento da empresa, a relação com os clientes é mais distante, é tudo muito mais frio, com muito receio.  Quem vem à nossa casa sabe bem que não sai , ou melhor saía daqui sem uns minutinhos de conversa.

 


Vamos passar para uma parte mais pessoal da entrevista, tenho as seguintes perguntas e peço-te uma palavra ou frase de resposta para cada uma delas:

Hobbies?

Neste momento nenhum

Local de Férias preferido?

Qualquer lugar, desde que com a minha família

Adoras?

Viajar

Detestas?

Mentira

Prato preferido?

Qualquer prato de bacalhau

Restaurante preferido?

Janta Comigo

Desporto preferido? Qual é o teu clube?

Futebol. Sport Lisboa e Benfica

Se não fosses empresário, eras neste momento?

Professor

O que representa Fafe para ti?

O centro do universo

Se tivesses a oportunidade de mudar algo no teu percurso profissional, seria o quê?

Nada, ainda estou a começar e o melhor está para vir

Se amanhã, fosses um eleito politico local, que medidas no setor económico ou outro, implementavas?

Por vezes não é necessário implementar medidas, mas sim criar condições ou atrair investimento.

Certamente criava um gabinete de apoio ao empresário.

Qual é a tua regra de Ouro?

Palavra dada, palavra honrada.

Há algo mais que gostarias de dizer, que não foi abordado?

As saudades que tenho do meu pai, que sempre me ajudou até ao seu último dia. Este projeto é também dele…tudo o que sou devo-o a ele e à minha querida mãe.

Tudo é mais fácil quando estão a teu lado.

Obrigado pela oportunidade Filipe.

Muito sucesso para ti.




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