terça-feira, 13 de outubro de 2020

UM ALTRUÍSMO MUITO PROFISSIONAL

Em Fafe sempre houve uma forma de abordar o desporto e a cultura muito altruísta! São centenas de pessoas envolvidas em eventos, organizações, campeonato e afins que dão o seu tempo de forma despretensiosa, voluntariosa e muitas vezes com investimento e sacrifício nas suas vidas pessoais. É assim também por esse país fora e ainda bem, porque um cidadão que não se dispõe em prol da sua sociedade, não vive claramente a sua essência.

Mas este trabalho de afinco e amor à camisola tem gerado cada vez mais profissionalismo nos resultados. Há rigor, qualidade e muito eficiência. O risco que isto acarreta é o de ver um produto muito bem produzido e embalado, a custos reduzidos, comparativamente com outros que são contratualizados a preços elevados e assim nos permitirmos a desinvestir aqui, para poder sobrar para acolá.

Isto a propósito do Open de Patinagem deste fim de semana em Fafe, mais uma vez organizado com rasgados elogios pelas entidades nacionais da modalidade, ainda que muitos outros exemplos existam em várias áreas. Não resisto a pôr no prato da balança, as rodas e as rodinhas! Não comparando o que não é comparável, vi o Rally em Fafe com um forte investimento público, algum retorno, mas ainda desconfiando do impacto real na vida dos fafenses e do envolvimento da nossa população no evento. E vejo por outro lado, um evento gerido por famílias de Fafe, associações locais e que envolveu 150 atletas, triplicando para pais e mães, mais staffs e equipas diretivas e técnicas. Em ambos os casos não houve público, pelas razões óbvias, mas se ponderarmos o fator-casa, a minha balança pesa claramente para as famílias altruístas que montam um evento desta natureza com fortes resultados, sem laivos de amadorismo, um real impacto local e pouco investimento público. Não quero com isto dizer que não se deve apostar no rally ou eventos altamente profissionais ou que tudo deve ser feito por amor à causa! Mas a verdade é que estamos numa época de fortes restrições financeiras, é preciso olhar mais localmente que globalmente, para fazer crescer os nossos e por isso, tudo deve ser medido e gerido com os olhos postos no nosso território. Todo este altruísmo profissional deve valer muito mais que uns parabéns e uns aplausos de ocasião e se todos devemos ter orgulho pelos que se dedicam à nossa terra de corpo e alma, outros devem fazer o balanço entre investir aqui e apostar no crescimento dos seus ou investir ali e esperar pelo retorno de outros. 

Clara Paredes Castro



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