segunda-feira, 19 de outubro de 2020

UMA PIA BATISMAL DO SÉCULO XVI


Uma visitação datada de 1571 refere que, nessa altura, a Igreja de santa Eulália de Fafe estava em obras de beneficiação, na nave e na capela-mor.

Nessa visitação, feita por D. João de Sousa, da Colegiada de Guimarães, foi dada ordem ao pároco que mandasse fazer uma pia batismal nova.

E assim aconteceu. A pia foi talhada em granito fino da região, para ser colocada no batistério, junto à entrada principal do templo.

Durante 442 anos a pia batismal foi mantida no local. Nem a profunda remodelação da igreja realizada no século XVIII terá mexido com ela.

Mais de dois séculos depois, em 2013, os responsáveis pelo último restauro da Igreja Matriz local, resolveram retirar a antiga pia do batistério, encostando-a a uma das paredes das Capelas Mortuárias, à intempérie, sujeita a agressões…

No local do antigo “monumento”, da segunda metade do séc. XVI, foi colocada uma esguia e moderna pia que outrora serviu para conter agua benta.

Partindo do princípio de que somos todos, (também perante a Lei), responsáveis pelo Património Histórico, esta foi uma prática, no mínimo, questionável.

As igrejas são lugares de culto e são também Património Religioso que devemos preservar, o mais possível, no seu estado original.

Os milhares de pessoas que receberam o sacramento do batismo naquela “velha” pia, certamente gostavam de a ver em local mais digno… eu, particularmente, também…











EFEMÉRIDE

18 de Outubro de 1360

A propósito do 660º aniversário  da doação da igreja de Santa Eulália Antiga ao Mosteiro de Santa Marinha da Costa de Guimarães, deixamos aqui uma breve nota.

O Rei de Portugal e Algarve, D. Pedro I, herdeiro da igreja paroquial de Santa Eulália Antiga, através de uma carta régia emitida na cidade do Porto em 18 de Outubro de 1360, fez a doação  do padroado da referida igreja ao Mosteiro de Santa Marinha da Costa, à época, nas mãos dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, que, assim, ficaram com todos os privilégios da referida igreja, incluindo todas as suas propriedades urbanas e rurais.

Em contra partida à doação, D. Pedro I exigiu que,  na Igreja do Mosteiro de Santa Marinha da Costa, fossem cantadas duas missas em cada dia, uma pelo Rei e outra por alma de D. Inês de Castro, sua mulher.

Sabe-se que no século XVIII, os Monges de São Jerónimo, detentores do Mosteiro da Costa desde 1528, vinham a Fafe cuidar das suas terras, hospedando-se em um «imponente» edifício que existiu nas proximidades da Igreja Matriz. Seria no local onde existe a Casa da Paróquia de Santa Eulália?

Com a expulsão das Ordens Religiosas em Portugal, no ano de 1834, o Padroado da igreja de Fafe passou para as mãos do Arcebispado de Braga, onde se mantém.

Jesus Martinho

 


 

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