Uma visitação datada de 1571 refere que, nessa altura, a Igreja de santa Eulália de Fafe estava em obras de beneficiação, na nave e na capela-mor.
Nessa visitação, feita por D. João de Sousa, da Colegiada de
Guimarães, foi dada ordem ao pároco que mandasse fazer uma pia batismal nova.
E assim aconteceu. A pia foi talhada em granito fino da
região, para ser colocada no batistério, junto à entrada principal do templo.
Durante 442 anos a pia batismal foi mantida no local. Nem a
profunda remodelação da igreja realizada no século XVIII terá mexido com ela.
Mais de dois séculos depois, em 2013, os responsáveis pelo
último restauro da Igreja Matriz local, resolveram retirar a antiga pia do
batistério, encostando-a a uma das paredes das Capelas Mortuárias, à
intempérie, sujeita a agressões…
No local do antigo “monumento”, da segunda metade do séc.
XVI, foi colocada uma esguia e moderna pia que outrora serviu para conter agua
benta.
Partindo do princípio de que somos todos, (também perante a
Lei), responsáveis pelo Património Histórico, esta foi uma prática, no mínimo,
questionável.
As igrejas são lugares de culto e são também Património
Religioso que devemos preservar, o mais possível, no seu estado original.
Os milhares de pessoas
que receberam o sacramento do batismo naquela “velha” pia, certamente gostavam
de a ver em local mais digno… eu, particularmente, também…
18 de Outubro de 1360
A propósito do 660º aniversário da doação da igreja de Santa Eulália Antiga
ao Mosteiro de Santa Marinha da Costa de Guimarães, deixamos aqui uma breve
nota.
O Rei de Portugal e Algarve, D. Pedro I, herdeiro da igreja
paroquial de Santa Eulália Antiga, através de uma carta régia emitida na cidade
do Porto em 18 de Outubro de 1360, fez a doação do padroado da referida igreja ao Mosteiro de
Santa Marinha da Costa, à época, nas mãos dos Cónegos Regrantes de Santo
Agostinho, que, assim, ficaram com todos os privilégios da referida igreja,
incluindo todas as suas propriedades urbanas e rurais.
Em contra partida à doação, D. Pedro I exigiu que, na Igreja do Mosteiro de Santa Marinha da
Costa, fossem cantadas duas missas em
cada dia, uma pelo Rei e outra por alma de D. Inês de Castro, sua mulher.
Sabe-se que no século XVIII, os Monges de São Jerónimo,
detentores do Mosteiro da Costa desde 1528, vinham a Fafe cuidar das suas
terras, hospedando-se em um «imponente»
edifício que existiu nas proximidades da Igreja Matriz. Seria no local onde
existe a Casa da Paróquia de Santa Eulália?
Com a expulsão das Ordens Religiosas em Portugal, no ano de
1834, o Padroado da igreja de Fafe passou para as mãos do Arcebispado de Braga,
onde se mantém.
Jesus Martinho
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