A propósito de um artigo, que falava do bom aproveitamento de antigos edifícios do ensino primário por esse país fora, olhei para a realidade de Fafe e percebi que estamos com a lição mal estudada. Das muitas escolas do concelho que foram encerradas, poucas foram aproveitadas para estar ao serviço da comunidade, da cultura, da economia ou do turismo. Edifícios fantásticos, carregados de história que podiam ser veículos de informação importante sobre as vivências e tradições, servir o turismo local ou alojar associações e instituições que trabalham em prol da cultura e da sociedade.
Estrategicamente não se vê nenhum caminho traçado a régua e
esquadro que nos faça perceber como este património está a ser ponderado e isso
parece-me um erro de palmatória. Há exceções… e boas! A Escola Deolinda Leite,
em Silvares S. Martinho que foi transformada num Museu da Educação, com o
objetivo de constituir uma memória da evolução do ensino em Fafe sobretudo ao
longo dos séculos XIX e XX. Desconheço o número de visitantes e se os
fafenses têm conhecimento deste local que devia, aliás, ser objeto de visitas
dos alunos do concelho. Em Golães, o “Centro de Etnotecnologia e Design” dedicado
ao artesanato de palha e em Aboim, o Centro Interpretativo - Aldeia Pedagógica
da Montanha e do Centeio, instalado na antiga escola primária. Todos eles a
precisarem de um toque de campainha que faça entrar gente!
Ainda que estes exemplos sejam inspiradores, muitos outros edifícios
estão fechados à espera das novas oportunidades, fazendo-nos questionar sobre o
que é que aprendemos com todo este percurso. É mais prático investir dinheiro público
e depois ter os espaços recuperados e com pouca utilização? É melhor dar à
sociedade civil a capacidade de os explorar e gerar valor? É distribuir pelas
necessidades reais do concelho, para instituições que precisam de uma sede, bandas
a precisar de um espaço ou coletividades que apenas precisam de um teto para
crescer? Seja o que for é preciso que se saiba qual a estratégia, como se quer
atuar e se há justiça na forma como esta distribuição é feita, sob pena de
parecer que estamos no recreio em pleno jogo do galo, onde uns edifícios levam
o círculo e outros ficam com a cruz.
Clara Paredes Castro
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